Quando, em 2000, o presidente Florentino Perez “roubou” Figo ao “Barça”, em troca de 10 mil milhões de pesetas (então 12 milhões de contos - agora 60 milhões de euros), o português entrou para a lenda deste lendário duelo.
Foi, então, a mais avultada transferência do futebol (ainda está, mais de uma década depois, no quinto lugar do “ranking”), mas as suas implicações foram muito além do dinheiro, mexeram com os sentimentos, na Catalunha, onde Figo continua como “persona non grata”.
O jogador português, que havia sido contratado por uma pechincha pelo “Barça” ao Sporting (cerca de 2,5 milhões de euros), no verão de 1995, era amado, adorado, um herói no clube catalão e envergava mesmo a braçadeira de capitão, algo do qual poucos estrangeiros se podem orgulhar.
Figo já era um símbolo do FC Barcelona e, por isso, a saída para o rival Real Madrid foi encarada como uma enorme ofensa, uma imperdoável traição, algo que transcendia muito o futebol. O jogador luso veio a senti-lo na pele.
A 13 de Outubro de 1999, voltou ao Nou Camp, pela primeira vez com o 10 “merengue”, e foi injuriado, insultado e pressionado provavelmente como nenhum outro jogador na história do futebol – “a bronca do século”.
Mais de 100 000 pessoas juntaram-se no “inferno” de Nou Camp para lhe chamar de tudo, de “Judas” a “pesetero” (então a moeda espanhola), e clamar “10 mil milhões de razões” para o odiar. Valeu tudo, num ambiente ensurdecedor, até atirar-lhe uma cabeça de porco.
O internacional luso não conseguiu “brilhar”, mas foi um “herói” ao aguentar-se em campo os 90 minutos, talvez os mais longos da sua carreira, num embate que terminou com o triunfo do “Barça” por 2-0, finalizo por Simão.
Antes desse encontro, Figo tinha disputado 13 clássicos do outro lado da barricada, com enormes exibições e um balanço positivo de seis vitórias, quatro empates, três derrotas e três golos apontados, em 1119 minutos.
Pelo Real Madrid, o português não foi tão feliz, mas apresenta, ainda assim, um registo equilibrado, com três vitórias, quatro empates, três derrotas e apenas um golo marcado, em 776 minutos.
No Nou Camp, onde não perdera qualquer clássico ao serviço do “Barça” (cinco vitórias e um empate), voltou mais três vezes de “branco” e até ganhou uma vez (2-1 em 2003/2004), sob o comando de Carlos Queiroz.
Comentários