José Mourinho defendeu esta segunda-feira que o melhor que qualquer equipa dos campeonatos italiano, alemão, inglês ou holandês podia aspirar na Liga espanhola de futebol «era o terceiro lugar, atrás do Real Madrid e do FC Barcelona».
«A rivalidade entre o Real Madrid é verdadeira e histórica e decorre do poder futebolístico que ambos têm», respondeu, em entrevista à SIC, o treinador português, quando questionado sobre se essa rivalidade era real ou produto de marketing.
Para técnico do Real Madrid, essa rivalidade «obriga os dois clubes a serem melhores» e que a mesma «só se atenua quando um deles está mais fraco do que o outro», situação que não acontece neste tempo, no qual ambos vivem «um período de grande fulgor, lutando pelas posições mais importantes do futebol mundial».
Questionado sobre a designação de “special one” com que é conhecido no mundo do futebol, Mourinho remeteu-a para os tempos em que treinou no futebol inglês, onde alcançou o sucesso.
«As coisas correram-me bem em Inglaterra, continuam a correr bem, o que me faz sentir especial e que os outros também achem que o sou. Ganhei as três Ligas mais importantes da Europa e, digam mal ou bem, fui o único a consegui-lo», lembrou.
De resto, Mourinho confessou ser hoje, do ponto de vista profissional, uma pessoa «menos egoísta e egocêntrica», que «usufrui muito mais do que um jogador pode alcançar em determinadas situações ou do que um clube pode atingir em termos de objetivos».
«Como já ganhei tudo a nível individual, sou muito mais virado para os outros», referiu Mourinho, que confidenciou «nunca» lhe ter passado pela cabeça que a sua carreira no futebol «viesse a ter a dimensão que hoje tem», apesar de sentir que «tinha capacidade para chegar longe».
Seja como for, relembra que a sua carreira «não foi um salto do zero para o oitenta», que as etapas se «foram sucedendo» e que cada uma delas o «preparou para a etapa seguinte», dando o exemplo da conquista da Liga dos Campeões pelo FC Porto, que lhe deu acesso «a experiências e culturas diferentes» que fazem dele hoje, à beira dos 50 anos, «um treinador mais rico».
José Mourinho revelou ainda que era «bom aluno de matemática» e que um treinador, sendo «a soma de muitas qualidades, é, essencialmente, um gestor de recursos humanos», e que a história dele ser considerado o melhor treinador do mundo «é relativa».
«É algo que não me preocupa ou absorve. Ganhar ou não a Bola de Ouro não me faz pensar de maneira diferente. Se não ganhar o troféu em 2012 não mudará o que penso de mim próprio», observou Mourinho, numa fase da sua carreira em que confessa sentir «mais necessidade de fazer coisas pelos outros» para pagar o que lhe «foi dado – e que foi muito».
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