O surto do novo coronavírus já se fazia sentir na Europa quando a UEFA decidiu suspender as suas competições, já depois de alguns encontros da Liga dos Campeões e da Liga Europa terem sido disputados quando muitos recomendavam o contrário.

Uma dessas partidas foi a visita do Atlético de Madrid a Anfield Road, para defrontar o Liverpool na segunda mão dos oitavos de final da Liga dos Campeões, partida que, recorde-se, terminou com o triunfo da turma madrilena e com o afastamento do campeão europeu em título.

Joe Anderson, presidente da Câmara de Liverpool, que já na altura tinha tentado impedir a viagem de adeptos 'colchoneros' até à sua cidade, veio a público apontar o dedo às entidades que permitiram que o encontro se realizasse.

Com o número de infetados em Liverpool a praticamente duplicar de dia para dia, o autarca afirma não ter dúvidas de que um dos motivos para o alastrar da epidemia foi precisamente a presença em massa de adeptos vindos de Espanha no dia do jogo.

"O Governo não tomou medidas firmes na altura devida. Preocupou-se mais com questões económicas...Foi pouco inteligente deixar que se jogasse e permitir que a cidade fosse invadida por adeptos espanhóis, que se misturaram com a população local. A culpa não foi dos adeptos do Atlético, mas esse jogo não se devia ter disputado", sublinhou Joe Anderson.

Outra voz a criticar o facto de o encontro se ter acabado por realizar, ainda para mais com a presença dos adeptos visitantes, numa altura em que em Espanha já se jogava 'à porta fechada', foi a do ex-diretor da saúde pública da cidade, o dr. John Ashton. "Foi uma decisão vergonhosa deixar os adeptos espanhóis viajarem até Liverpool. A cidade está agora a sentir as consequências dessa decisão", afirmou.

Outro dos encontros disputados por essa altura, o embate entre Atalanta e Valência, foi apontado pela própria Organização Mundial de Saúde como "um acelerador de propagação de Covid-19".