De calculadora na mão e para fazer o que ainda não foi feito. O empate do Benfica em casa frente ao Ajax, na 4.ª ronda da Liga dos Campeões, deixou os 'encarnados' ainda 'ligados a máquina' já que, matematicamente, ainda é possível o apuramento. Para tal, o Benfica tem de vencer pela primeira vez o Bayern Munique na Alemanha por dois golos de diferença ou então ganhar, marcando três golos ou mais. Ou então vencer os dois jogos que restam e esperar que o Ajax apenas faça um ponto frente a Bayern Munique AEK. Frente aos holandeses, Jonas mostrou que a equipa está de pé mas Tadic voltou a 'tombar' a 'águia'. No último minuto, Onana fez questão de não deixar o Benfica levantar-se.

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O jogo: Para lá dos pormenores

Minuto 92 na Holanda. Uma má abordagem de Conti deixou Ziyech fugir e cruzar, André Almeida afastou mal a bola que sobrou para Mazraoui estoirar para o 1-0. O esférico desviou em em Grimaldo e enganou Odysseas. Minuto 95 na Luz: canto para o Benfica, confusão na área, Gabriel encheu o pé e rematou, Onana defendeu com os pés e evitou o 2-1 para o Benfica.

Na conferência de imprensa de análise à partida, Rui Vitória defendeu que foram dos pormenores a decidirem os dois jogos frente ao Ajax. Dois pormenores, todos eles a caírem para o lado do Ajax, como poderiam ter caído para o lado do Benfica. O técnico não deixa de ter uma certa razão, mas nem só de pormenores se viveu estes dois jogos. O desta quarta-feira mostrou um Benfica melhor em relação à derrota da passada sexta-feira frente ao Moreirense mas, mesmo assim, longe do que se exige para um jogo de Champions frente ao segundo colocado da Liga Holandesa em 2017/2018.

Tal como na Holanda, o Benfica sentiu inúmeras dificuldades para travar a construção de jogo do Ajax na zona intermédia. Com os extremos do Ajax bem abertos e com médios de grande qualidade técnica e tática e muito fortes na pressão, o Benfica mostrou-se receoso na pressão alta ao adversário, sob pena de ser surpreendido nas costas da defesa. A linha defensiva bem alta tinha como objetivo ter o máximo de jogadores na zona do meio-campo, tentando travar aí as investidas da formação de Erik Ten Hag. No primeiro tempo tal foi conseguido porque o Ajax quase nunca conseguiu romper a defensiva 'encarnada', apesar de ter mais bola e de conseguir sair com qualidade quando o Benfica tentava pressionar o portador da bola.

Por outro lado, a eficácia que não se tinha verificado nos jogos anteriores apareceu aos 29, no golo de Jonas, após 'oferta' de Onana (viria a redimir-se). Ao terceiro remate enquadrado, o Benfica marcava. O mais difícil estava feito, bastava segurar o resultado e tentar amplia-la na segunda parte, ganhando assim confiança aos poucos.

Mas Erik Ten Hag tinha um trunfo: no segundo tempo puxou Ziyech para o centro, colocando o mágico marroquino como armador de jogo. Dos seus pés saíram o passe para Tadic empatar, aproveitando o muito espaço nas costas da defensiva 'encarnada'. O empate servia ao Ajax e nada ao Benfica que foi à procura da vitória. Quase sempre aos repelões, é certo, mas sempre a tentar algo diferente. Faltou uma melhor decisão na hora de definir o último passe. E quando surgiu a oportunidade, o pormenor voltou a sorrir ao Ajax.

O Benfica continua sem conseguir vencer o AJax em casa (dois empates e uma derrota) e não vence na Luz para a Champions há cinco jogos. É o pior registo de uma equipa portuguesa na prova.

Contas do apuramento: O Benfica precisa de vencer os dois jogos que faltam (e vencer o Bayern por dois golos de diferença ou marcar três ou mais golos) e esperar o Bayern Munique perca com o Ajax. Ou então vencer os dois jogos que restam e esperar que o Ajax apenas faça um ponto frente a Bayern Munique AEK.

Momento do jogo: Onana redime-se e deixa Rui Vitória em situação complicada

No último dos cinco minutos de compensação, Gabriel teve a vitória nos pés mas Onana, que tinha falhado no golo de Jonas, fez uma defesa monstruosa com os pés e manteve o empate.

Os melhores: Zyech e De Ligt brilharam, ataque do Benfica durou enquanto houve... Jonas

Zyech: um dos melhores em campo. O passe para Tadic empatar a partida é sublime. Melhorou muito a jogar como armador.

De Ligt: está feito um 'senhor central'. 'Varreu' tudo o que lhe apareceu pela frente, inclusive Jonas no primeiro tempo, num lance onde se chegou a temer o pior para o brasileiro.

Jonas: marcou na Champions, dois anos e meio depois, num golo pleno de oportunismo. Tentou segurar a bola, ganhar faltas e puxar a equipa para a frente. O ataque do Benfica ressentiu-se muito com a sua saída.

Os piores: Adeptos do Ajax queriam estragar a festa

Adeptos do Ajax em confrontos com a polícia. Uma cena que já não se via há muito e que acabou por manchar a noite.

Jardel colecionou alguns erros durante o jogo e não esteve nos seus melhores dias. Aos 70 minutos levou a bola desde o seu meio-campo até perto da área do Ajax, não passou-a a ninguém e acabou por perde-la para um adversário. Fez uma falta escusada, viu amarelo que o afasta do jogo de Munique.

Reações: Rui Vitória fala em pormenores, Grimaldo manda recados aos adeptos

Rui Vitória: "O último lance do jogo reflete a fase em que estamos"

Adeptos do Benfica estão com a equipa e não com Rui Vitória? A resposta do técnico

Jonas: "Há sempre ansiedade quando os resultados não acontecem"

Cervi: "Enquanto houver possibilidades vamos pensar sempre na qualificação"

Grimaldo: "Agora que estamos a sofrer e precisamos deles, os adeptos não estão connosco"

Ten Hag: "Merecemos o empate"