O final dos filmes pode ser assim tão diferente? Em fevereiro de 2022, o Man. City fez igualmente uma primeira parte avassaladora, teve oportunidades, e acabou a golear o Sporting. Em novo confronto em Alvalade, a história foi também diferente: Menor eficácia dos cityzens, e mérito para a entrada do Sporting no segundo tempo. Rúben Amorim reconheceu-o, com a habitual modéstia, que a diferença esteve no facto do Sporting ter tido mais sorte. Não foi claramente esse o fator decisivo na noite época dos leões. Houve sim um upgrade nos processos, na maturação de uma equipa que está mais tarimbada, e que conta com maior qualidade individual.

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O City apresentava-se em Alvalade com vontade de dar um pontapé na 'mini crise', após duas derrotas frente ao Bournemouth e Tottenham. Ainda assim, o conjunto de Guardiola era terceiro na fase de Liga da Champions, e segundo no campeonato, a dois pontos do líder. O Sporting, com o triunfo, ascendeu à segunda posição na Champions, depois de três vitórias e um empate, e mantém-se para já invencível, depois da derrota na Supertaça frente ao FC Porto (4-3).

O relato de uma noite épica! A crónica do Sporting-Manchester City

O arranque dos ingleses foi demolidor, e traduziu-se numa vantagem madrugadora, logo à passagem do minuto quatro. Perda de bola de Morita e Foden disparou para o primeiro. O tento motivou o City, que pressionou os verdes e brancos logo no momento da construção. O 4-1-4-1 da equipa de Guardiola, com dinâmicas e movimentações constantes, frustrava a equipa leonina, que não conseguia sair, acumulava perdas de bola e era incapaz de vencer os duelos frente aos jogadores adversários. Reconheça-se que o Sporting até poderia ter averbado dois a três golos nesse período, valendo a inspiração de Franco Israel, que travou um duelo interessante com Haaland.

O Sporting, com o tempo, foi saindo da zona de pressão, e começou a ter mais bola. Logo a seguir ao golo, Viktor Gyokeres poderia ter empatado a partida, mas tentou adornar demasiado o lance frente a Ederson. Temia-se que a qualidade do sueco se pudesse esfumar frente ao colosso, mas foi puro engano. Já próximo do final do primeiro tempo, Quenda descobriu o sueco, Gyokeres arrancou para a baliza para bater o guardião brasileiro. No final dos primeiros 45 minutos, os verdes e brancos sobreviviam ao rolo compressor do City, num empate que era lisonjeiro para os de Alvalade no final da primeira parte.

Ao intervalo, afinações táticas, um discurso inspirado, ou simplesmente Amorim, tiveram um efeito tremendo na equipa. Os verdes e brancos entraram com tudo, e marcaram dois golos de rajada. Primeiro por Maxi Araújo, e depois numa grande penalidade convertida por Gyokeres (falta de Gvardiol sobre Trincão) com os verdes e brancos a assumirem-se na frente do marcador com uma vantagem importante (3-1). Numa segunda parte mais atípica, embora com o City, com mais posse como é seu apanágio, os leões foram letais nas transições. O conjunto orientado por Pep Guardiola ainda dispôs de uma grande penalidade, só que na conversão, Haaland atirou ao ferro, momento que resumiu a noite 'não' do norueguês. Estava escrita que seria assim a despedida de Rúben Amorim de Alvalade, coroada a ouro, numa das melhores vitórias do Sporting na Europa do futebol. O marcador haveria de ser fechado, numa nova grande penalidade convertida pelo sueco - falta de Matheus Nunes sobre Geny Catamo - que chegou ao hat-trick.

Momento: aquele golo de Maxi Araújo, numa jogada que merece ser estudada e revista. Construção deste trás, com a bola a passar por Morita, Diomande e Hjulmand. Pedro Gonçalves depois abre o livro, passa por um adversário, descobre o colega de equipa que finalizar na zona do penalti.

Melhores

Gyokeres

Ele mais uma vez. Teve a oportunidade para empatar, logo após o golo do City, mas falhou no cara a cara contra Ederson. Não se desconcentrou, e partiu para nova grande exibição. Fantástico na corrida, depois de um passe endossado por Quenda, a que se seguiu uma grande finalização. Não tremeu nas grandes penalidades, ao contrário de Haaland...

Franco Israel

Manteve o Sporting no jogo no primeiro tempo, ao ser essencial ao travar vários remates perigosos dos cytizens.

Destaques do City

Kovacic - Que diferença em relação a Rodri! Na primeira parte teve tempo para construir, mas na segunda parte, Rúben Amorim leu os posicionamentos dos jogadores do City, e pressionou o médio com a ação de Trincão. Passou a ter menos bola, e foi um dos antídotos para a resposta dos verdes e brancos no segundo tempo.

Reações

Amorim: "Se tivéssemos perdido não seria tão bonito"

Gyokeres admite que a equipa vai ter saudades de Amorim, Quenda fala em momento indiscritível

Guardiola: "Hoje jogamos bem, mas eles mereceram"

Bernardo Silva após três derrotas seguidas: "É um buraco negro, um momento difícil"