A derrota do Benfica em casa diante do CSKA Moscovo no arranque da Liga dos Campeões veio acentuar o mau momento da equipa de Rui Vitória depois de uma triunfo complicado diante do Portimonense e de um empate em Vila do Conde com o Rio Ave.

Em entrevista ao SAPO Desporto, o antigo guarda-redes do Benfica, António Fidalgo, analisou o atual momento do clube da Luz, e desvalorizou as saídas no sector defensivo da equipa de Rui Vitória para a derrota com o CSKA de Moscovo, apontando, no entanto, à falta de alternativas a Fejsa no meio-campo encarnado para o baixo rendimento de Pizzi.

"Na Luz foi um jogo esquisito. O Benfica esteve longe de jogar bem, não jogou o suficiente para ultrapassar as dificuldades que o clube russo lhe impôs. De qualquer das formas, não podemos fugir àquilo que vimos em que houve situações de jogo em que o árbitro analisando mal prejudicou muito o Benfica, mas isso não chega para justificar [a derrota por 2-1]", começou por dizer António Fidalgo na sua análise à derrota com o CSKA de Moscovo.

"O Benfica, obrigatoriamente, terá de fazer muito mais, porque se continuar a jogar desta forma, e não falamos só da Liga dos Campeões, mas também naquilo que tem demonstrado cá dentro, o Benfica é uma equipa esquisita quanto a mim, uma equipa que mantém sempre o mesmo ritmo de jogo, que não faz alterações, ou tem dificuldade em fazer alterações do ritmo de jogo, é um jogo de certa forma já muito estruturado é certo mas, que os adversários também conhecem, é um jogo previsível e o que me impressiona é que o Benfica não o consegue alterar. Joga da mesma forma de princípio ao fim, esteja a ganhar ou esteja em desvantagem, a única coisa que o Benfica faz quando está em desvantagem é colocar mais avançados, e isso muitas vezes não é a solução", acrescentou ainda o antigo guardião do Benfica sobre as dificuldades demonstradas pela equipa de Rui Vitória neste início de época.

Questionado sobre as ausências no plantel do Benfica em relação à equipa do ano passado, o antigo jogador desvalorizou as saídas no sector defensivo de três titulares e considerou que o atual problema da equipa de Rui Vitória está no centro do meio-campo.

"Fala-se muito na defesa do Benfica, claramente que um guarda-redes como Ederson não é só extremamente difícil de substituir pois eu diria mesmo que é quase impossível neste momento, dada a capacidade do Ederson e dada a disponibilidade de outros guarda-redes dificilmente o Benfica encontraria um substituto. Mas não é pelo Bruno Varela que o Benfica não tem jogado bem, nem me parece que é seja pela defesa. Parece-me que é mais na zona do meio-campo, na zona interior é que as coisas não estão bem. Falta Fejsa. Felipe Augusto não é um 6, adapta-se. Samaris não é um 6, também se pode adaptar, embora para mim não é um seis. E depois há um jogador muito importante que é Pizzi. E Pizzi está muito longe daquele Pizzi da época passada. Nesta fase está muito, muito longe, e o Benfica ressente-se disso porque aquela imprevisibilidade tática que Pizzi confere ao jogo em certas situações não consegue fazer neste momento, e portanto o Benfica ressente-se da falta de Pizzi, ressente-se da falta de Fejsa e não me parece que tenha substitutos à altura", disse António Fidalgo, para depois defender os elementos do sector defensivo.

"Na defesa, André Almeida tem cumprido, o Grimaldo e o Eliseu têm cumprido, no eixo central nem sempre Jardel e Lisandro têm estado muito, muito bem, mas não me parece que seja por aí. Claro que nós como guarda-redes gostamos de, mais do que uma defesa consistente, gostamos de ter uma defesa confiante. Eu pelo menos, quando jogava era isso. Mais do que mostrar consistência, eu gostava de sentir a confiança que os jogadores tinham, e essa confiança era alargada a todos os elementos inclusive a mim", frisou o antigo guarda-redes.

"Claramente que havendo um clima de grande confiança entre a estrutura defensiva as coisas resultam melhor. Nós também temos o hábito de quando falamos nos processos ofensivos, ou quando analisamos os aspectos defensivos limitarmo-nos a esse aspecto e à linha mais atrasada, mas no futebol a equipa defende como um todo, e à pouco falei, se o Pizzi não estiver bem na recuperação de bola, na pressão que faz sobre o adversário, se não houver uma posição 6 nesta estrutura do Benfica que combata todas as saídas e que cubra todos os espaços, e que para além disso seja um construtor, se não houver esse jogador, as coisas ficam muito difíceis. E no Benfica, na verdade, Pizzi não está bem. O aspecto mais significativo para mim em termos de conjunto é a incapacidade do Benfica para alterar o ritmo de jogo, para aumentar a velocidade de jogo, para aumentar a velocidade de circulação de bola, para tornar o jogo muito menos previsível do que aquilo que está a ser. O Benfica não tem demonstrado essa capacidade", sentenciou António Fidalgo sobre o atual momento do Benfica.