O FC Porto estreou-se ontem da pior maneira na edição 2017/2018 da Liga dos Campeões em futebol, ao perder em casa por 3-1 na receção ao Besiktas, em encontro da primeira jornada do grupo G.

A formação ‘azul e branca' viu-se a perder logo aos 13 minutos, graças a um golo do ex-benfiquista Talisca, ainda igualou aos 21' minutos, ao beneficiar de um golo na própria baliza de Tosic, mas a equipa turca chegou ao intervalo novamente em vantagem, depois do tento de Tosun, aos 28' minutos, fechando o marcador aos 86' minutos, através de Babel.

Em entrevista ao SAPO Desporto, António Fidalgo, antigo guarda-redes de Benfica e Sporting, analisou a primeira derrota da época do FC Porto de Sérgio Conceição, elogiou a leitura do técnico portista para o segundo tempo, mas destacou o segundo golo do Besiktas como o 'momento do jogo' em que Iker Casillas 'esteve mal' na abordagem do lance.

"O FC Porto era a equipa que estava a praticar o melhor futebol em Portugal, é quase algo que é comum a todos nós que analisamos e comentamos. Era uma equipa que recuperava muito bem a bola. Pressionava muito bem o adversário, e que tinha uma boa dinâmica ofensiva, com muitas movimentações. Só que isso era no campeonato interno, pois no campeonato externo encontrando tubarões, e o Besiktas está longe de ser um tubarão, pelo menos daqueles muito agressivos que mordem muito, a verdade é que já morde um bocadinho e ontem provou isso mesmo", começou por dizer António Fidalgo.

"Fiquei muito surpreendido pela capacidade colectiva do Besiktas. Eu sabia que eles tinham uma grande capacidade individual, uma vez que os seus jogadores são de reconhecida grande qualidade, principalmente da linha do meio-campo para a frente onde aquilo é incrível, e no um contra um causam enormes desequilíbros, só que no aspecto individual surpreendeu-me pela positiva, surpreendeu-me muito mais do que aquilo que eu esperaria. E o FC Porto teve muita, muita dificuldade", acrescentou o antigo jogador.

"Desde que o Sérgio Conceição chegou, adoptou uma estrutura de um 4x4x2 em que só contempla dois jogadores do meio-campo de forma constante com Danilo e Óliver, embora saiba que tem Corona e Brahimi, que também procuram muito jogo interior, mas nos processos ofensivos, não nos processos defensivos. Portanto, houve sempre uma grande superioridade não só em termos numéricos, mas também em termos qualitativos, da equipa do Besiktas sobre o FC Porto, principalmente na primeira parte", frisou António Fidalgo sobre o primeiro tempo no Dragão.

"E por isso, Sérgio Conceição leu muito bem o jogo e alterou para uma estrutura que contemplasse um novo elemento que foi Otávio, e mais do que isso, colocou André André em campo para dar mais liberdade aos laterais para subirem, porque o FC Porto não conseguia ter jogo exterior. Será que esta estrutura do FC Porto contemplando dois avançados puros funciona na Liga dos Campeões? Eu tenho algumas dúvidas, a estrutura é muito permeável a nível do controlo do jogo, e notou-se ontem claramente que contra o Besiktas a derrota do FC Porto começou no meio-campo e depois também, na incapacidade na primeira parte para explorar em termos ofensivos os corredores laterais", disse António Fidalgo.

Questionado sobre o lance do segundo golo do Besiktas, o antigo guarda-redes apontou algumas responsabilidades a Iker Casillas, considerando que o guardião do Dragão não 'esteve bem' na abordagem ao remate de Tosun.

"[Se Casillas esteve bem?] Não. Não vou dizer que esteve bem porque não esteve. Naquele segundo golo o Iker Casillas normalmente parava aquela bola. Talvez alguma desconcentração momentânea, porque foi um remate imprevisível, é certo, com bastante força, mas a bola entra quase pelo meio da baliza, isto é um exagero claro está, mas o Casillas faz muito, muito mais, do que aquilo que fez, e esteve mal. Há que dize-lo. Não esteve bem naquele segundo golo e mais, com a agravante, e isso não pode ser uma responsabilidade imputada só a ele, mas eu estou em crer que foi o momento do jogo. Esse segundo golo foi o momento do jogo porque o FC Porto tinha empatado, o FC Porto estava a procurar chegar-se mais à frente, a tentar equilibrar mais o jogo, estava a ter mais aproximações à baliza contrária e de repente é aquele balde de água fria que acabou praticamente com o FC Porto. A partir daí, apesar da segunda parte do jogo ter sido completamente diferente, acho que o momento do jogo foi nesse segundo golo, embora me custe um bocadinho dizer, porque gosto do Casillas e tenho uma grande admiração por ele, a verdade é que poderia e deveria ter feito mais", sentenciou sobre o lance.