O Arsenal parece destinado a deixar pelo caminho o multicampeão Real Madrid, na quarta-feira, e a prosseguir para as meias-finais da Liga dos Campeões de futebol, em que FC Barcelona e Paris Saint-Germain já colocaram ‘pé e meio’.

O triunfo caseiro dos londrinos na primeira mão dos quartos de final, por assertivos 3-0, só não desfaz qualquer dúvida quanto ao vencedor da eliminatória porque do outro lado está o recordista de troféus (15) e detentor da ‘orelhuda’, que tem uma relação quase fraterna com a principal prova europeia de clubes.

Salvo qualquer imprevisto, FC Barcelona e Paris Saint-Germain vão confirmar o favoritismo e qualificação nas partidas da segunda mão, na terça-feira, após as vitórias em casa sobre Borussia Dortmund (4-0) e Aston Villa (3-1), respetivamente, sendo que Inter Milão e Bayern Munique protagonizam, no dia seguinte, o único duelo ainda verdadeiramente em aberto, face à vantagem tangencial dos italianos (2-1).

Os focos estarão apontados para o Estádio Santiago Bernabéu, em Madrid, onde a formação de Carlo Ancelotti terá uma tarefa hercúlea para evitar ficar fora das meias-finais pela primeira vez nos últimos cinco anos, tendo de inverter uma desvantagem construída em Londres por dois ‘golaços’ de Declan Rice e um tento de Mikel Merino.

Se o Arsenal está perto de atingir as ‘meias’ apenas pela terceira vez na sua história – foi finalista em 2005/06 e semifinalista em 2008/09 -, os ‘merengues’ qualificaram-se para aquela fase da competição em 12 das 14 épocas anteriores, período durante o qual ergueram a ‘orelhuda’ em seis ocasiões.

Contudo, o historial não é favorável ao Real Madrid, já que das quatro vezes em que partiu para a segunda mão de uma eliminatória com uma desvantagem de três ou mais golos, só em 1975/76 conseguiu dar a volta, diante dos também ingleses do Derby County, então na segunda ronda da Taça dos Clubes Campeões Europeus (derrota por 4-1 em Inglaterra e triunfo por 5-1 em Madrid).

O mesmo não sucedeu com Benfica (1964/65), Bayern Munique (1986/87) e, mais recentemente, já na Liga dos Campeões, com o Borussia Dortmund (2012/13), diante do qual perdeu por 4-1 na Alemanha e acabou eliminado nas meias-finais mesmo vencendo a segunda mão por 2-0.

Arsenal ou Real Madrid vão encontrar na próxima fase Paris Saint-Germain ou Aston Villa, mas a formação de Nuno Mendes, João Neves, Vitinha e Gonçalo Ramos está na frente da eliminatória, face ao triunfo por 3-1 em Paris. A equipa de Birmingham, claramente a maior surpresa da presente edição, ainda se adiantou, por Rogers, só que Doué, Kvaratskhelia e o lateral esquerdo luso asseguraram a vantagem gaulesa.

Ainda sem ter alcançado um dos grandes desígnios do milionário Nasser Al-Khelaifi (a conquista da ‘Champions’), o PSG procura a sua segunda meia-final consecutiva, perante um emblema inglês que, ao contrário dos parisienses, tem um título europeu no seu palmarés (1981/82).

Já o FC Barcelona, que eliminou o Benfica nos ‘oitavos’, praticamente pode preparar as ‘malas’ para a viagem a Munique ou Milão na próxima ronda, sendo preciso uma ‘hecatombe’ para o Borussia Dortmund, mesmo jogando em casa, conseguir dar a volta à goleada construída por Lewandowski (duas vezes), Raphinha e Yamal na Catalunha.

Os catalães, cinco vezes campeões europeus, a última em 2015, estão próximos de voltar a uma meia-final seis anos depois e deixar pelo caminho o vencedor de 1997 e finalista vencido da edição anterior, que, embora tenha eliminado o Sporting no play-off, está fora do top-5 da Bundesliga e já foi derrotado pelos ‘blaugrana’ em casa esta época, na fase de liga (2-3).

Bem posicionado para recuperar o título germânico que lhe escapou pela primeira vez em 12 anos, o Bayern Munique poderia ir a Itália com a eliminatória com o Inter empatada, não fosse Davide Frattesi ter dado, aos 89 minutos, a vitória aos ‘nerazzurri’ na Allianz Arena (onde se disputará a final), depois de Thomas Müller ter ‘anulado’ o tento inicial de Lautaro Martínez.

O conjunto em que alinham Raphaël Guerreiro e João Palhinha ambiciona a segunda meia-final consecutiva, em que até poderá defrontar o treinador que lhe deu o último título europeu (2019/20), Hansi Flick, atualmente ao comando do FC Barcelona.

A reedição da final da ‘Champions’ de 2009/10, vencida pelos transalpinos liderados por José Mourinho, será uma espécie de tira-teimas em eliminatórias a duas mãos: na Taça UEFA de 1988/89, os bávaros perderam por 2-0 em casa, mas qualificaram-se para a terceira ronda com um triunfo por 3-1 em Milão, enquanto nos ‘oitavos’ da Liga dos Campeões de 2010/11, os milaneses foram derrotados por 1-0 em casa e, na segunda mão, impuseram-se por 3-2 na Alemanha.

A final da Liga dos Campeões 2024/25 está agendada para 31 de maio, na Allianz Arena, em Munique.