Bayern Munique e PSG disputam, este domingo, a final da 65.ª edição da Liga dos Campeões. A prova mais importante de clubes a nível mundial vai ter no derradeiro jogo da época o estreante Paris Saint Germain, frente a um Bayern que procura o sexto título.
Em 65 anos de história, a prova já mudou de formato e de nome. Dantes era jogado exclusivamente em sistema de eliminatórias mas na década de 1990 ganhou a fase de grupos. Durante anos, só os campeões das respetivas ligas tinham entrada garantida mas agora os quatro primeiros das quatro principais ligas europeias entram diretamente na fase de grupos. Emblemas de ligas periféricas passaram a ter mais dificuldades em estar com os maiores do Mundo, já que tem de passar por várias eliminatórias antes de entrar na fase de grupos.
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Nos seus 65 anos de história, foram várias as finais memoráveis, com resultados inesperados e jogos épicos. Nesta lista, apresentamos 10 finais épicas, sem ordem entre elas. São jogos que ficaram na memória dos adeptos e nos anais da prova mais importante do futebol mundial a nível de clubes. Nesses 65 anos, muitas outras finais podiam estar na lista. Mas só dez podiam entrar.
Real Madrid 4-3 Stade Reims, Paris, 13 de junho de 1956
Foi a primeira edição da prova e correspondeu as expetativas. 16 equipas disputaram a prova, cuja criação foi incentivada por Gabriel Hanot, na altura editor do jornal francês 'L´Equipe'. A final, no Parque dos Príncipes em Paris, foi ganha pelo Real Madrid, mas os merengues tiveram de suar e muito.
A equipa liderada por Alfredo Di Stéfano esteve a perder por 2-0 (golos de Leblond e Templin) com o Reims de Raymond Kopa e Michel Hidalgo, mas conseguiu empatar ainda na primeira (Di Stéfano e Rial) parte e teve de correr e muito para dar a volta ao jogo na segunda parte, depois de o Reims voltar a marcar por Hidalgo no início do segundo tempo. Marquitos e Rial marcaram os restantes golos merengues na primeira final da prova.
Real Madrid 7-3 Eintracht Frankfurt: Glasgow, 18 de maio de 1960
As cinco primeiras edições da prova foram ganhas pelo Real Madrid. Nesses cinco triunfos consecutivos, o último, na época 1959/60 aconteceu frente aos alemães do Eintracht Frankfurt. Era o fim de uma era para os merengues, que dominavam o futebol mundial.
A dupla Alfredo di Stéfano e Puskás espalhavam magia nos relvados e faziam parte de quinteto fantástico que contava ainda com Canário, Del Sol e Gento. No Hampden Park em Glasgow, 127 621 espectadores viram os 'blancos' destroçarem os alemães, num festival de golos da dupla Di Stéfano-Puskás. O Real entrou a perder mas três golos de Alfredo di Stéfano e quatro de Ferenc Puskás resolveram a questão. Richard Kress e Stein (2) fizeram os tentos do Frankfurt. Di Stéfano terminou a prova com oito golos, Puskás marcou 12.
Benfica 5-3 Real Madrid: Amesterdão, 02 de maio de 1962
O Benfica tinha-se tornado no segundo vencedor da prova maior de clubes da UEFA, interrompendo o reinado de cinco épocas do Real Madrid. Os madrilenos tinham finalmente a oportunidade de voltar ao trono do futebol europeu, com a sua sexta final em sete edições mas pela frente depararam-se com uma equipa aguerrida, bem montada por Béla Guttmann, com estrelas como Coluna, José Augusto, José Águas e Eusébio.
O Real estava mesmo determinado e aos 23 minutos já vencia por 2-0, com dois golos de Puskás, autor de um hat-trick na primeira parte, mas José Águas e Cavém reduziram primeiro tempo, no Estádio Olímpico de Amesterdão. Na segunda parte emergiu Eusébio, o 'Pantera Negra', a fazer dois golos, depois de Cavém empatar o encontro. O Benfica somava o segundo título da sua história, o Real Madrid perdia a sua primeira final. Béla Guttmann, o técnico brasileiro que guiou os 'encarnados' nos dois títulos, pediu um aumento pouco tempo depois, foi-lhe negado e lançou uma 'maldição': "O Benfica sem mim jamais ganhará a Taça dos Campeões Europeus nos próximos 100 anos". Os 'encarnados' perderam as cinco finais disputadas desde essa altura na prova, e ainda três finais na Taça/Liga Europa.
Celtic 2-1 Inter Milão: Lisboa, 25 de maio de 1967
Os jogadores daquela equipa do Celtic que venceram a prova em 1967 ficaram conhecidos na história como os 'leões' de Lisboa. O Celtic chegou à final pela primeira vez com uma equipa formada por jogadores da casa. Do lado contrário estava o favorito Inter Milão, de Helenio Herrera, que contava com Mazzola, uma das estrelas da equipa.
Jock Stein, o lendário treinador do Celtic Glasgow avisou antes da final: vinha para Lisboa para ganhar: "O Celtic será o primeiro emblema britânico a trazer a Taça dos Campeões Europeus para o Reino Unido. E vamos atacar o Inter como nunca atacantes antes". Promessa feita, promessa cumprida.
No Estádio Nacional do Jamor, arredores de Lisboa, reinava a confiança no lado escocês, apesar do favoritismo dos italianos. Mazzola deu vantagem aos milaneses logo aos seis minutos, de grande penalidade. Mas no segundo tempo, os homens de Stein foram subindo de produção até empatar aos 63 minutos por Tommy Gemmell. O golo do primeiro e único triunfo escocês na Taça/Liga dos Campeões chegou aos 84 minutos por Stevie Chalmers. A Grã-Bretanha conseguia finalmente a sua primeira conquista na Taça dos Campeões por... uma equipa escocesa.
AC Milan 4-0 Barcelona: Atenas, 18 de maio de 1994
Antes desta final, o favorito estava do lado do Barcelona, com o seu 'Dream Team' montado por Johan Cruyff, que contava nas suas fileiras com estrelas como Romário, Stoichkov, Guardiola, Koeman. O AC Milan, orientado por Fabio Capello, tinha nomes como Maldini, Baresi, Boban, Desailly e Van Basten.
Na final jogada no Estádio Olímpico de Atenas, o Milan não contou com os castigados Baresi e Costacurta e com o lesionado Van Basten e Capello não pode usar estrangeiros como Papin e Bryan Laudrup, devido as restrições da altura impostas pela UEFA. Mas isso não impediu a equipa de Capello de humilhar o Barcelona com uns impensáveis 4-0, com golos de Daniele Massaro (2), Dejan Savicevic e Marcel Desailly. Foi o resultado mais desequilibrado em finais de Taça/Liga dos Campeões, a par do Real Madrid 7-3 Eintracht Frankfurt.
FC Porto 2-1 Bayern Munique: Viena, 26 de maio de 1987
A primeira grande conquista internacional do FC Porto apenas chegou em 1987 mas veio de forma estrondosa. A equipa orientada por Artur Jorge superou todas as expetativas e apurou-se para a final da prova, afastando o poderoso Dinamo Kiev nas meias finais. O Bayern Munique de Udo Lattek era o grande favorito a vencer a prova, principalmente depois de eliminar o Real Madrid.
No Ernst-Happel-Stadion, os alemães, com Matthaus, Brehme, Rummenigge e Hoeness, tomaram a dianteira do marcador por Kogl, aos 25 minutos, num golpe de cabeça. O FC Porto foi crescendo no encontro e em dois minutos no segundo tempo deu a volta ao texto. Primeiro, pelo argelino Rabah Madjer a marcar de calcanhar, aos 78 minutos. E dois minutos, o próprio Madjer a trocar as voltas a defensiva alemã e a cruzar para o segundo poste onde apareceu o brasileiro Juary (entrou no lugar de Quim) a desviar para o 2-1. Depois foi aguentar os 'panzers' alemães até ao final. O FC Porto surpreendia a Europa e o Mundo e sagrava-se campeão europeu pela primeira vez.
Manchester United 2-1 Bayern Munique: Barcelona, 26 de maio de 1999
Impossível falar de Liga dos Campeões sem lembrar a final de 1999, ganha pelo Manchester United. Os 'red devils' estavam há 31 anos sem vencer o troféu, mas confiavam numa equipa jovem, com muitos valores da casa, como David Beckham e Nicky Butt, no duo de atacantes formado por York e Cole e no irreverente Ryan Giggs. Pela frente o Bayern de Ottmar Hitzfeld acabado de ser tricampeão alemão, com Matthaus, Efenberg, Basler, Kahn, Kuffour, Hasan Salihamidsic e Carsten Jancker.
Em Camp Nou, o Bayern abriu o ativo por logo aos seis minutos, num livre de Basler. Os bávaros criaram as melhores oportunidades mas na baliza inglesa estava o gigante Peter Schmeichel, que ia mantendo a sua equipa na discussão do resultado.
Desesperado, Alex Ferguson foi ao banco e lançou os avançados Ole Gunnar Solskjaer, atual treinador da equipa, e Teddy Sheringham. Uma aposta acertada já que no primeiro minuto de descontos, Sheringham empatou o encontro após canto e, dois minutos depois, Solskjaer fez o 2-1, também após canto, para alegria dos ingleses e tristeza estampada no rosto dos alemães. A imagem do ganês Samuel Kuffour aos socos no relvado do Camp Nou, inconsolável, a chorar, é uma das grandes memórias desta final inesquecível.
Liverpool 3-3 AC Milan (3-2 nas grandes penalidades): Istambul, 25 maio de 2005
É uma das grandes recuperações em finais de Liga dos Campeões. No estádio Ataturk, na Turquia, o AC Milan de Carlo Ancelotti tinha nomes como Rui Costa, Shevchenko, Kaka, Pirlo e Seedorf. Já o Liverpool, de Rafa Benitez, contava com estrelas como Steven Gerrard e Xabi Alonso.
O AC Milan estava bem encaminhado para levantar o troféu, quando foi para o intervalo a vencer por 3-0, golos de Maldini e Crespo (2). A reação do Liverpool chegou no segundo tempo, com Gerrard, Smicer e Xabi Alonso a fazerem os golos que atirou o jogo para prolongamento.
No tempo extra, com o Milan por cima, Shevchenko teve uma soberana oportunidade para a dar a vitória aos italianos mas o guarda-redes Dudek fez duas defesas milagrosas: na primeira negou o tento ao ucraniano e, na recarga, atirou às mãos para o que desse e viesse, na recarga do avançado. A bola acertou-lhe na luva e saiu para fora, para desespero de Shevchenko. Nos penaltis, o polaco defendeu os remates de Pirlo e Shevchenko e Serginho atirou para fora. O Liverpool operava um milagre, num jogo onde estava condenado a ser goleado.
Barcelona 3-1 Manchester United: Londres, 28 de maio de 2011
O jogo que coroou o domínio e a marca de Pep Guardiola no futebol. A Espanha tinha-se sagrado campeão mundial pela primeira vez na sua história, um ano antes, na África do Sul, usando a base do Barcelona: o onze espanhol contava com sete jogadores dos catalães.
No renovado Estádio de Wembley, que recebia assim a sua primeira grande final europeia depois das obras, o Barcelona de de Pep Guardiola aplicou um 'banho tático' no Manchester United de Alex Ferguson. Os culés dominavam como queriam, Messi brilhava no terreno e os ingleses resignavam-se, conscientes que a vitória não ficaria em Inglaterra. Pedro abriu o ativo, Rooney empatou ainda no primeiro tempo. Messi e David Villa resolveram a questão no segundo tempo, num ano em que o Barcelona de Pep Guardiola conquistou cinco dos seis títulos que disputou. Perdeu a Taça do Rei para o Real Madrid.
Real Madrid 4-1 Atlético Madrid (após prolongamento): Lisboa, 24 de maio de 2014
Quem olha para o resultado final, pensa que o Real Madrid esmagou o seu rival e vizinho Atlético. Pura ilusão. Na final disputada no Estádio da Luz, o Atlético Madrid de Diego Simeone chegava com o sonho de agarrar na 'orelhuda', depois de se sagrar campeão espanhol frente aos colossos Real Madrid de Cristiano Ronaldo e Barcelona de Messi. Um título que chegou 18 anos depois do último.
No Estádio da Luz, Godín abriu o ativo para os colchoneros aos 36 minutos. O Atlético foi aguentando as investidas do rival e vizinho e quando já tinha uma mão na Taça, Sergio Ramos empatou a partida, aos 93 minutos, num golpe de cabeça.
Um golo que abalou por completo todo o trabalho do Atlético, equipa que já se sentia campeã europeia nos derradeiros instantes do jogo. No prolongamento, não houve pernas e o Real Madrid fez mais três golos, por Marcelo, Bale e Cristiano Ronaldo, sendo que os últimos dois golos foram apontados nos últimos dois minutos. O Real Madrid conquistava a sua décima Liga dos Campeões, a primeira dos quatro que venceu em cinco anos.
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