“Confesso, não me custa dizê-lo e ainda que possa parecer imodesto, que ter sido nomeado pela UEFA para uma das meias-finais da Liga dos Campeões é um motivo de grande orgulho pessoal, que estendo à minha equipa. É um mérito da arbitragem portuguesa, que tantas vezes é tão mal dita e tão criticada – umas vezes mais justamente e muitas delas injustamente”, afirmou o árbitro, em declarações à Agência Lusa.

Em Santarém, à margem de um “workshop” dedicado às “Qualidades e Competências” dos árbitros, o juiz leiriense dividiu os “louros” com os restantes elementos do quadro de árbitros nacional.

“É o reconhecimento que as instâncias europeias têm para a categoria dos árbitros portugueses. Calhou-me a mim, como, seguramente, poderia calhar a meia dúzia de árbitros portugueses que tinham capacidade e qualidade para desempenhar funções num jogo desta natureza”, sublinhou.

Questionado sobre se esta nomeação significaria estar entre os cinco principais árbitros da UEFA, Olegário Benquerença recusou esta leitura.

“Há critérios a que é necessário obedecer, como o geográfico, se há uma equipa espanhola, uma italiana, uma alemã e uma francesa, e nenhum árbitro destes países pode arbitrar estes jogos. Logo aí estão quatro países quase fora deste processo, sem que isso tenha alguma coisa que ver com a real valia dos seus árbitros”, explicou.

Para o árbitro leiriense “é fácil definir objectivos”, mas é “difícil concretizá-los quando dependem de factores conjunturais que são alheios”, exemplificando: “Eu posso ter como objectivo arbitrar uma final de um campeonato do Mundo, mas, se a selecção portuguesa, que corre paralelamente a mim nesse mesmo campeonato, conseguir atingir a final, por muito bom desempenho que tenha, estou automaticamente excluído”.

“Aquilo que procuro fazer sempre é pensar o que é racionalmente possível, época a época, e procurar dar mais um passo ao que consegui. Eu na época passada fiz uma meia final da Taça UEFA e tinha, no meu íntimo, como objectivo para esta época conseguir chegar às meias finais da Liga dos Campeões. Felizmente, se tudo correr bem, dentro de uma semana esse objectivo será concretizado”, frisou.

Olegário Benquerença admitiu que nas “competições internacionais, por princípio, a tarefa de arbitrar está facilitada em relação às competições nacionais, porque, contrariamente à contestação interna, que não é exclusiva de Portugal, basta ver em Espanha, essa contestação esbate-se”.

“Eu procuro arbitrar da mesma forma, agora não é fácil ter um modelo de arbitragem, nem as equipas que têm um modelo de jogo o conseguem aplicar da mesma forma, porque têm um adversário. Nós não temos adversários, mas temos jogos que são sempre diferentes, eu procuro implementar sempre o mesmo padrão de arbitrar, nem sempre os jogadores permitem e temos de dançar conforme a música”, concluiu.

A UEFA nomeou hoje Olegário Benquerença para dirigir um dos jogos da primeira mão das meias-finais da Liga dos Campeões de futebol, que se realizam a 20 ou 21 de Abril, sem que tenha sido revelado qual dos desafios vai dirigir, sendo que se vão defrontar Inter de Milão e Barcelona numa das "meias" e Bayern de Munique e Lyon na outra.

Olegário Benquerença, que foi um dos 30 árbitros convocados para o Mundial2010, vai ser auxiliado por José Cardinal e Bertino Miranda, bem como pelo quarto árbitro Artur Soares Dias.

Na "champions", Olegário Benquerença já dirigiu este ano os encontros Juventus-Macabi Haifa, Manchester United-CSKA Moscovo, Fiorentina-Lyon, AC Milan-Manchester United e Bordéus-Olympiacos.