Não se pode, numa meia-final da Champions, ter as falhas de marcação e de concentração que a equipa do AC Milan revelou na fase inicial do jogo, com erros que lhe custaram dois golos no primeiro quarto de hora, o primeiro por Džeko, aos oito minutos, e o segundo apenas três minutos depois, por Mkhitaryan.

Os dois tentos valeram ao Inter uma vantagem preciosa e gerível de acordo com os seus interesses para o jogo da segunda mão, a disputar na próxima terça-feira, dia 16, no mesmo palco, mas agora com os interistas como anfitriões.

O primeiro golo surgiu na execução de um pontapé de canto pelo turco Hakan Çalhanoglu, com o médio Sandro Tonali a permitir que o ponta de lança bósnio Edin Džeko, a quem fazia marcação cerrada, metesse o pé à bola e a fizesse entrar na baliza.

Três minutos depois surge novo erro crasso, com o AC Milan, a despeito de ter um duplo pivot à frente da defesa (Tonali e Krunic), a permitir que o internacional arménio Mkhitaryan fosse servido e rompesse pelo corredor central, ficando na cara do guarda-redes Mike Maignan e ampliando a vantagem.

Um ‘buraco’ que se abriu algumas vezes no corredor central do AC Milan, como se repetiu aos 15 minutos, desta vez com Çalhanoglu a rematar ao poste, naquele que poderia ter sido o 3-0, que deixaria os ‘rossoneri’ à beira da eliminação no espaço de um quarto de hora.

Como se não bastasse, o técnico Stefano Piolli ainda se confrontou com a lesão do médio argelino Ismael Bennacer, substituído aos 18 minutos pelo brasileiro Júnior Messias, com o Inter, seguro e confiante, a controlar o jogo e o seu rival, abalado pelo ‘soco no estômago’, incapaz de assentar jogo e de esticar até à área adversária.

Sintomático da perturbação dos ‘rossoneri’, que não fizeram um remate enquadrado à baliza até ao intervalo, um lance aos 31 minutos, na sequência de um lançamento lateral, em que os dois centrais foram batidos pelo avançado argentino Lautaro Martinez, tendo o árbitro ainda assinalado penálti, decisão revertida depois de rever a jogada no monitor. ´

A segunda parte revelou outra história sobre o jogo. O AC Milan entrou muito bem, podia ter reduzido aos 50 minutos, por Júnior Messias, que finalizou mal. Stefano Piolli lançou o avançado belga Divock Origi, aos 59, e, quatro minutos depois, Tonali rematou com estrondo ao poste, naquele que poderia ter sido um ponto de viragem na partida.

No entanto, o técnico ‘nerazzuri’, Simone Inzaghi, percebeu o perigo e não tardou a lançar o médio croata Marcelo Brozovic, cuja entrada, aos 62 minutos, foi absolutamente decisiva para o Inter voltar a ter o controlo do jogo e, à boa maneira italiana, gerir os dois golos de vantagem até final.

Além do início catastrófico, o AC Milan não pôde contar com o concurso de Rafael Leão, por lesão, e por essa razão faltou-lhe sempre profundidade e a capacidade de desequilíbrio pelo flanco esquerdo para chegar ao golo que pudesse reabrir a discussão do resultado, ou, pelo menos, abrir perspetivas menos sombrias para o jogo da segunda mão.

Seja como for, a sua eventual recuperação para terça-feira não deixará de ser um tónico para o AC Milan acreditar que ainda é possível dar a volta à eliminatória, se bem que, realisticamente, o Inter está com um pé na final.