Jaime Magalhães e Eduardo Luís foram titulares na final de 1987 diante do Bayern e rendem-se agora à épica vitória sobre os bávaros, por 3-1, que deixou “escancaradas” as portas das meias-finais aos dragões. Em entrevista ao SAPO Desporto, os dois antigos internacionais portugueses assumem que a eliminatória continua “em aberto”, mas exaltam a capacidade e a atitude da equipa de Julen Lopetegui.
Que análise faz ao jogo de ontem?
Jaime Magalhães: Só acabou a primeira parte. Estamos em vantagem e temos a segunda parte complicada na Alemanha, ainda por cima com duas baixas de vulto.
Eduardo Luís: Foi um excelente jogo do FC Porto, uma vitória justíssima contra um grande adversário. O FC Porto aproveitou algumas falhas da defesa do Bayern, sobretudo nos primeiros minutos. Depois, baixou um bocadinho, o Bayern conseguiu marcar, mas fez então uma segunda parte muito conseguida, alcançando o terceiro golo. É uma vitória que pode dar grandes esperanças.
Quais foram os segredos para a vitória do Porto?
JM: Não há segredos, é a inspiração dos jogadores na altura. A postura da equipa foi ótima, não deixou o Bayern jogar e surpreenderam com uma pressão enorme. O FC Porto continuou a jogar muito bem, sobretudo na segunda parte.
EL: A eficácia é sempre importante. As oportunidades flagrantes foram concretizadas e isso faz sempre diferença. Houve também uma entrega até aos limites frente a uma equipa muito forte e uma grande coerência a tapar as linhas de passe do Bayern, onde são fortíssimos. Por fim, a grande qualidade dos jogadores do Porto.
As ausências do Bayern tiveram alguma influência no jogo?
JM: Não, de maneira nenhuma. Mesmo sem algumas pedras, o Bayern continua a ser forte e viu-se na reação que teve depois de sofrer o segundo golo. Não vai ser fácil em Munique.
EL: Em determinados desafios há jogadores lesionados ou castigados e quando essas ausências são importantes, como Ribéry, Robben e Schweinsteiger, certamente o Bayern teria outra qualidade. Mas o Porto também não jogou com Tello e depois teve uma outra figura que muita gente não contava: Jackson, que teve uma prestação surpreendente.
Com uma vantagem de dois golos, o FC Porto é agora o favorito a estar nas meias-finais?
JM: Não. O FC Porto esteve simplesmente melhor, a começar pelo Jackson, que esteve fenomenal, e pelo Quaresma, que esteve muito bem. Foram fundamentais na vitória e os outros estiveram também excelentes. Foi uma vitória com toda a justiça.
EL: Nestas situações não podemos falar em favorito. Quando saiu o Bayern no sorteio o FC Porto pensou que a eliminatória era uma ilusão. Só depois dos jogos é que se podem fazer as contas. É verdade que tem alguma vantagem, mas daria 50 por cento de hipóteses ao Porto.
Que FC Porto estará na 2ª mão sem poder contar com Alex Sandro e Danilo?
JM: Vamos ver o que Lopetegui vai fazer, mas já não foi mau. Conseguimos um grande resultado e uma grande exibição. Sem os laterais, Indi deve jogar à esquerda, Marcano está de volta após castigo e Ricardo vai fazer o seu melhor à direita.
EL: As ausências do Bayern acontecem agora ao FC Porto. São dois laterais muito ofensivos, mas o Porto vai encontrar jogadores no plantel que talvez não ataquem tanto, mas que defendem bem. O objetivo também é evitar que o Bayern marque golos...
Estiveram na equipa que venceu a Taça dos Campeões Europeus de 1987. Veem este FC Porto de Lopetegui com capacidade para repetir esse feito?
JM: Chegando a esta fase todas as equipas pensam na mesma coisa: ir mais à frente e chegar à final. Como todos os outros também temos direito a pensar nesse objetivo e quem sabe chegaremos à terceira vitória na Champions.
EL: Depois deste jogo estão criadas todas as condições para que isso aconteça. Foi uma vitória que prestigiou o FC Porto e o futebol português. Está tudo em aberto, há uma vantagem razoável, mas o FC Porto vai ter de lutar muito em Munique.
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