O antigo futebolista do FC Porto Jorge Costa considera que o segredo da vitória sobre o Bayern Munique esteve na pressão à primeira fase de construção dos alemães e no trabalho de casa feito por Julen Lopetegui.
"Houve muito mérito do treinador do FC Porto pela forma como preparou o jogo e surpreendeu o Bayern, uma equipa habituada a sair de trás na primeira fase de construção com alguma liberdade", disse Jorge Costa à agência Lusa, sobre o jogo da primeira mão dos quartos de final da Liga dos Campeões, ao qual assistiu do Gabão, onde exerce as funções de selecionador.
Para Jorge Costa, o FC Porto teve muito mérito pela forma "como pressionou nos momentos exatos e nas zonas certas", o que permitiu "fazer um golo aos dois minutos, intranquilizar o Bayern e forçá-lo a cometer erros".
Além de elogiar "a coragem e a estratégia" de Lopetegui, o antigo 'capitão' portista, que enaltece também os jogadores por "terem sido fantásticos pela reposta que deram em campo", destacou a aposta em Jackson Martínez para o 'onze' inicial quando ninguém o previa.
"Não tenho dúvidas de que a utilização do Jackson resultou de uma jogada de bastidor do FC Porto e que ele fez um trabalho específico direcionado para o jogo com o Bayern. Os treinos à porta fechada permitiram isso. Foi uma surpresa para toda a gente e certamente para o Guardiola", disse Jorge Costa, que reconheceu, todavia, o peso que as baixas de jogadores importantes do Bayern tiveram no seu desempenho.
O ex-defesa apontou as ausências de Robben, Ribéry, Schweinsteiger e Alaba, que "tiram qualidade ao Bayern", mas remeteu de seguida para a segunda mão, na terça-feira, quando o FC Porto vai estar "um pouco na mesma situação" por ter perdido Danilo e Alex Sandro, o que tornará a equipa portuguesa "menos forte".
Desafiado a dizer como colmataria em Munique as ausências dos dois laterais brasileiros, Jorge Costa vacilou: "Vai ser difícil. Na direita colocaria o Ricardo. No lado esquerdo, provavelmente adaptaria o Indi, embora o espanhol José Angel fosse a opção mais normal. Seja como for, são duas mexidas em quatro defesas, o que a este nível é sempre complicado. O Lopetegui terá uma opção melhor porque trabalha todos os dias com os jogadores e conhece-os bem".
Perante a hipótese de Ricardo 'apanhar' com Ribéry pela frente, Jorge Costa alegou que "seria sempre complicado fosse qual fosse o jogador escolhido" caso o francês jogue e voltou a defender a opção pelo ex-vimaranense, até porque "Maicon também não tem rotina de lateral".
Quanto à estratégia para a segunda mão, Jorge Costa defendeu que o FC Porto, em função da vantagem de 3-1 que leva para Munique, terá de "ter cuidados defensivos, sem perder de vista, todavia, a marcação de um golo que tornaria as coisas menos difíceis".
"Pessoalmente, não mudaria muito a estratégia em relação ao primeiro jogo porque foi bem-sucedida e porque entendo que em alta competição o fator casa não deve interferir com a qualidade do jogo e a estratégia a assumir", referiu Jorge Costa, para quem "mais importante do que mudar o sistema é definir a estratégia".
O selecionador do Gabão lembrou que o FC Porto teve sucesso a jogar no Estádio do Dragão "com o bloco médio a pressionar em conjunto", razão pela qual considerou "não haver razão para alterar, mesmo tendo em conta que parte com dois golos de vantagem para a segunda mão".
Questionado sobre a utilidade que Tello, que está lesionado, poderia ter em Munique, Jorge Costa não tem dúvidas.
"Partindo de um princípio que o FC Porto vai jogar com o bloco mais baixo e em transições rápidas, evidentemente que o Tello seria uma opção interessante e importante. Mas para ele jogar, teria de sair o Brahimi, que tem outras características, que segura a bola e desequilibra no espaço interior", disse.
Seja como for, Jorge Costa está convencido de que Lopetegui vai manter a mesma equipa, exceção feita às duas alterações forçadas na defesa: "O Quaresma está muito bem, o Brahimi é um jogador acima da média, tudo depende da abordagem que o treinador fará ao jogo. No entanto, tendo o FC Porto feito um jogo excecional no Dragão, deveria aproveitar a confiança que os jogadores conquistaram no campo".
O antigo 'capitão' portista "puxou o filme atrás" da eliminatória dos quartos de final da Liga dos Campeões frente ao Bayern, na época de 2000/01, em que o FC Porto foi eliminado depois de um empate 1-1 no Dragão e uma derrota por 2-1 em Munique.
"Foi um jogo [em Munique] sui-generis porque o árbitro [o escocês Hugh Dallas] quis pôr o Bayern nas meias-finais. O Fernando Santos até se exaltou no final do jogo e foi castigado. Poderíamos ter feito mais, mas não nos deixaram", recordou Jorge Costa, que receia que o mesmo aconteça na terça-feira em Munique, onde "não será fácil ao FC Porto sobreviver".
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