Está longe dos grandes palcos, mas recorda como se fosse hoje o momento em que subiu ao topo da Europa e derrotou, na final da Taça dos Campeões Europeus, o "colosso" Bayern de Munique. Titular em Viena, Eduardo Luís admite que o adversário era favorito…mas nem tanto.
"Eu depois vi o jogo e os comentários que na altura fizeram…e digo-lhe: nós não estávamos minimamente nervosos nem coisa que o valha, mesmo depois de sofrer o golo. Mas é verdade que, ao chegar ao estádio, vimos que a diferença no número de adeptos era enorme. Era de um para cinco, salvo erro. Nós já tinhamos estado numa final [derrota contra a Juventus na Taça das Taças em 1984], já não eramos 'virgens' nisso, mas íamos defrontar numa Taça dos Campeões Europeus o Bayern de Munique…nao nos amedontrámos, mas fomos para dar o nosso melhor. Foi o que aconteceu, principalmente na segunda parte. Esses jogos acontecem uma vez na vida, como aconteceu connosco. Se não tivéssemos aproveitado a oportunidade não teríamos ficado na história como ficámos", recorda o antigo defesa em entrevista ao SAPO Desporto.
Talvez mais do que o próprio resultado - 2-1 a favor do FC Porto - ficou para a história o golo de calcanhar de Madjer. Um toque de génio a finalizar uma jogada que lançou a equipa treinada por Artur Jorge para a glória europeia: "Eu estava cá atras e vi a bola a entrar…mas quem viu o jogo deve recordar perfeitamente que até chegarmos a esse golo nos demos sensivelmente 17 ou 18 toques sem o Bayern tocar na bola. A bola passou quase por todos os jogadores. E foi uma felicidade. Tínhamos chegado ao empate, a quinze minutos do final do jogo".
Depois do calcanhar, surgiu Juary a apontar o segundo e a dar ao FC Porto o título europeu. Eduardo Luís não festejou de forma tão exuberante como o esperado, mas a alegria não foi inferior à de ninguém. "Ser campeão europeu é uma sensação um bocado esquisita. Cada um festeja como acha que deve festejar ou como sente as coisas. Para mim foi o sentimento de dever cumprido. Não exteriorizei tanto mas senti interiormente uma alegria enorme por ter alcançado um feito que nao está ao alcance da maior parte dos clubes e jogadores profissionais", realça Eduardo Luís.
Conquistado o feito, ficou a memória, que continua a ser reavivada até hoje: "Volta e meia encontro-me com o Fernando Gomes, com o João Pinto, com o Frasco, com o Jaime Magalhães, com o Sousa. Encontramo-nos porque eles são portugueses, caso contrário nunca os veria. Se fossem estrangeiros iriam para as suas terras, como acontece normalmente. Como a maior parte da equipa era de portugueses, conseguimos estar juntos e falar sobre essas coisas".
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