Apesar de o maior recinto luso ser o Estádio da Luz, em Lisboa, com uma lotação de 65.000 espetadores, o perito da União Europeia de Futebol (UEFA), em entrevista à agência Lusa, exemplificou com os 66.000 lugares da Arena bávara que a capacidade das bancadas não é o fator mais relevante.

«É perfeitamente possível. O estádio em si é o menos importante e essa lotação fica no limite mínimo, obviamente desde que haja todas as condições de conforto e modernidade. São outras estruturas, como aeroportos e transportes em geral para a mobilidade das pessoas ou o espaço para animação e estruturas para albergar as exigências das transmissões televisivas, que nos preocupam», disse.

O gestor, com diversas experiências e cargos na estrutura da UEFA desde o Euro2004, realçou o facto de cada cidade-sede de uma final da maior prova europeia de clubes receber «mais de 30.000 pessoas num só dia, as quais deverão regressar a casa nessa mesma noite».

«Um dos grandes desafios é esse mesmo: ter uma organização de tal forma sólida e de tal forma flexível que seja capaz de lidar de forma eficiente com os diferentes cenários com que será confrontada porque só se vai saber as duas equipas e seus respetivos adeptos três semanas antes. Se é um clube italiano ou um clube inglês, por exemplo», afirmou, lembrando que o trabalho no terreno começa um ano antes do evento.

Daniel Ribeiro, recusando falar nos valores envolvidos para a atual edição da final da “Champions”, adiantou que Moscovo, onde se realizou o jogo decisivo da época 2007/08, investiu cerca de 10 milhões de euros só nas estruturas de mobilidade dos adeptos.

Na altura, estimou-se um retorno financeiro para a capital russa na ordem dos «40 a 50 milhões de euros, em restaurantes, hotéis, receitas futuras em turismo e visibilidade».

Formado em gestão desportiva, Ribeiro, com 33 anos, teve experiências profissionais na coordenação operacional dos New York/New Jersey MetroStars e, posteriormente, do Giants Stadium, durante o campeonato mundial feminino de 1999, mudando-se depois para a Europa a tempo do Euro2004, em Portugal.

«Nasci num bairro maioritariamente português e habituei-me a ver os homens, ao domingo de manhã devido ao fuso horário, de rádio no ouvido, a seguirem o futebol. O meu pai nunca ligou muito, mas ficou-me o bichinho e, a certa altura, obriguei-o a comprar um rádio de ondas curtas para também seguir os jogos. É a parte mais interessante do futebol, toda essa cultura, maior que o jogo em si», concluiu.