Com 15 quilos e 65 centímetros de altura, a taça da Liga Europa não passa despercebida na Câmara de Dublin, mas merece atenção reduzida, tal como o jogo da final, entre FC Porto e Sporting de Braga, nos irlandeses.

E um dos «culpados» é mesmo o Braga, porque deixou pelo caminho o Liverpool. Se os “reds” estivessem na final, a Arena de Dublin dificilmente teria lugares vazios na quarta-feira, algo que parece uma inevitabilidade para Gerry Kelly, que até se mostra bem identificado com o “soccer”.

«Com uma equipa inglesa, o estádio estaria cheio, o Manchester City ou o Liverpool. Ambos estiveram nos oitavos de final e muita gente iria ver, especialmente o Liverpool, porque tem relações muito próximas, está apenas separado pelo Mar da Irlanda. Foi o Braga [que o eliminou], boa sorte. Merecem estar na final, mas penso que o senhor Falcao vai ter uma boa noite na quarta-feira. É o meu prognóstico», arrisca o guia perante o ouvido atento de dois turistas nova-iorquinos.

Descrevendo a Liga Europa como «uma espécie de competição B [europeia] de clubes», Gerry sabe que a final vai opor dois clubes de cidades vizinhas: «Separadas por… 100 km? Não? 50… meia-hora de comboio. FC Porto e Sporting de Braga, O favorito tem de ser o FC Porto, jogaram um futebol sensacional, mas diria que muita gente gostaria de ver ganhar o mais fraco».

Gerry Kelly realça a «pouca expressão» do Braga, «sem desprimor», e lamenta os elevados preços dos bilhetes dos “packs” de viagem, «especialmente agora, que a Europa está a viver um momento difícil, nomeadamente Portugal e Irlanda».

«Há um concurso no jornal, em que estão a oferecer bilhetes, o que mostra que, infelizmente o jogo não vai ter lotação esgotada», exemplifica o guia turístico, com o diário em punho, diante da denominada Taça Bertoni, a rivalizar com as estátuas de figuras históricas, como Daniel O’Connell, conhecido por emancipador, responsável pelos direitos políticos dos católicos no século XIX, ou Charles Lucas, activista político que combateu o domínio inglês no século XVIII.

Gerry não pode, no entanto, queixar-se da sua actividade, numa «grande semana para Dublin», que comenta com humor: «Temos a visita da rainha de Inglaterra, a primeira de uma monarca inglesa em 100 anos. E há também um tipo chamado Barack Obama, que vai aparecer por um dia, e outro chamado David Cameron, primeiro-ministro inglês, que também vai aparecer. Não há muitas semanas como esta em Dublin».

Ken trabalha na “City Hall” e sabe bem o que é aquele troféu que ali hoje chegou e que até são duas equipas portuguesas a disputar a final, mas pouco mais, porque o “soccer” diz-lhe pouco. «Não sei o nome… Porto, E a outra… Braga? Ah, sim. Do Porto já ouvi falar, da outra nunca», explica.

«A final não me interessa muito. Gosto mais de futebol gaélico, de hurling e de râguebi. Não tanto de ‘soccer’. Alguns irlandeses seguem as equipas inglesas. Se, por exemplo, o Liverpool estivesse na final haveria bastante mais interesse», rematou este amante dos desportos mais populares da Irlanda.

Macy McAllister veio de São Francisco e diz que a cidade californiana «tem demasiadas montanhas para o ‘soccer’». Não segue o futebol, mas tem uma convicção: «A equipa da casa vai ganhar. Não há? Então vai ganhar a melhor».