O Benfica pode estar a um passo de terminar com o enguiço de perder em finais europeias, quando na quarta-feira defrontar o Sevilha, em jogo da Liga Europa de futebol, no qual é favorito.

Mesmo contra as palavras do técnico Jorge Jesus, que rejeitou qualquer favoritismo, a 10.ª final europeia da história do clube acontece, provavelmente, frente ao adversário menos cotado de todos.

Sem demérito para os espanhóis, em nove finais europeias (sete na Taça dos Clubes Campeões Europeus/Liga dos Campeões e duas na Taça UEFA/Liga Europa) foram quase sempre enormes os nomes dos que se atravessaram no caminho das "águias".

Mesmo quando venceu as duas primeiras e únicas taças (FC Barcelona, em 1960/61, e Real Madrid, em 1961/62), o Benfica não era o favorito, um estatuto que apenas teve na terceira final, quando defrontou e perdeu com o AC Milan (2-1), em 1963/64.

Depois foi derrotado sucessivamente por Inter Milão (1-0, 1964/65), Manchester United (1967/68, 4-1, após prolongamento), Anderlecht (82/83, 1-0 e 1-1), PSV Eindhoven (1987/88, 0-0, 5-6gp), AC Milan (1989/90, 1-0) e Chelsea (2012/13, 2-1).

Este ano, e depois de no último ter ficado o consolo de uma bela exibição e nova derrota, o Benfica volta a ter uma oportunidade, esta de ouro, de terminar com um "mito" que se foi alicerçando em sete finais perdidas.

Muitos fazem questão de lembrar as palavras do húngaro Bela Guttmann, que terá dito, nos idos anos 60 e após a sua saída a seguir às conquistas europeias, qualquer coisa como: “Nem em 100 anos o Benfica vai conquistar outra taça europeia".

A única mácula neste favoritismo é que os "encarnados" vão apresentar-se quarta-feira no Juventus Stadium sem o seu melhor "onze". O argentino Enzo Pérez e o sérvio Markovic, expulsos em Turim, na segunda mão das meias-finais, terão que cumprir castigo, e Salvio viu um amarelo que também o afasta da final.

A possibilidade de utilização do sérvio ainda é uma incógnita, após o Benfica ter apresentado novo recurso em relação ao castigo, num incidente em que o jogador terá sido expulso "por engano", quando já tinha saído de campo.

Em todo o caso, Jorge Jesus terá que inventar soluções para o meio-campo, num momento da época em que também não conta com o sérvio Fejsa, a recuperar de uma lesão e que, segundo o técnico, não deverá estar apto.

Na baliza o esloveno Oblak deverá ser a escolha, atrás de um quarteto defensivo formado por Maxi Pereira, Luisão, Garay e Siqueira.

No meio-campo é plausível a entrada de André Gomes e Ruben Amorim - que terá que "fazer" de Enzo -, enquanto nas alas, se Markovic ficar mesmo de fora, Sulejmani poderá ser opção para a esquerda, derivando Gaitán para a direita.

Outra hipótese, mais improvável, é o treinador benfiquista manter Gaitán na esquerda e colocar o menos experiente Ivan Cavaleiro na ala direita. Na frente, as setas apontadas à baliza do português Beto devem ser Rodrigo e Lima.

O Sevilha, que foi, curiosamente, em 1957, o primeiro adversário europeu do Benfica, deverá ter em campo não só o português Beto, mas também o central Daniel Carriço, talvez como “trinco”, enquanto Diogo Figueiras deverá sentar-se no banco.

A equipa, comandada por Unai Emery, não tem o peso histórico do Benfica, mas não é uma novata nas andanças europeias, tendo muito recentemente conquistado duas edições da Taça UEFA, em 2005/06 e 2006/07, sendo esta a sua terceira final.

Na equipa andaluza, Unai Emery tem sido, nos últimos jogos europeus, muito fiel nas suas escolhas, num 11 que conta ainda com Coke no lado direito da defesa, os centrais Fazio e Pareja, e Navarro na esquerda.

Carriço e M'Bia - jogador que deu o apuramento aos Sevilha frente ao Valência, já nos descontos -, devem surgir no meio-campo, com o ex-benfiquista Reyes na direita do ataque e Vitolo ou Marin na esquerda.

O croata Rakitic deverá ser o criativo a jogar nas costas de Bacca (ou Kevin Gameiro).

Em Turim, o Benfica tem ainda a oportunidade de conquistar o terceiro de quatro troféus possíveis: já venceu o campeonato, a Taça da Liga e ainda tem a final de Taça de Portugal para disputar a 18 de maio, no Jamor, frente ao Rio Ave.

É uma possibilidade histórica para o clube, num dia que tem um particular simbolismo: a 14 de maio, cumprem-se 20 anos de uma noite mágica para o Benfica, que venceu em Alvalade o rival Sporting por 6-3 e embalou para o título em 1994.

Foi também na mesma data, mas em 2005, que o Benfica se acercou do título desse ano, ao vencer novamente o Sporting, desta vez no Estádio da Luz, por 1-0, com golo do capitão Luisão, o homem a quem competirá levantar o troféu se o Benfica tiver sucesso.

A final da quinta edição da Liga Europa está agendada para as 20h45 locais (19h45 de Lisboa), no Juventus Stadium, em Turim, numa partida que será dirigida pelo árbitro alemão Felix Brych.