Real Madrid, Real Madrid, Real Madrid, Real Madrid e, nem mais, Real Madrid. Era assim que se escrevia a história da Taça dos Campeões Europeus até 1960. O domínio absoluto dos merengues nas cinco primeiras edições do troféu era obra de jogadores lendários, como Di Stéfano, Puskas ou Gento. Porém, 1961 abriu um novo ciclo na Europa, com a ascensão do Benfica de Coluna, José Augusto e José Águas.
No início desse trajeto, poucos acreditariam no desfecho que a final de Berna consagrou a 31 de maio: uma vitória (3-2) encarnada sobre o poderoso Barcelona. De facto, nos cinco anos anteriores o máximo tinha sido a presença na segunda eliminatória da prova, pelo Sporting, em 1958/59. Porém, a queda de Hearts (Escócia), Úpjesti Dózsa (Hungria), AGF (Dinamarca) e Rapid de Viena (Áustria) abriram caminho à primeira final. Já se tinha escrito história, mas faltava ainda um “final feliz” para a obra.
No Wankdorf Stadium, em Berna, o Benfica tinha pela frente o Barcelona, que afastara no seu trajeto o campeoníssimo Real Madrid. Entre os catalães eram já muitas as estrelas conhecidas na Europa, como, por exemplo, o espanhol Suárez, e Kocsis e Czibor, o duo húngaro que já perdera uma final de um Campeonato do Mundo naquele mesmo palco, em 1954, para a República Federal Alemã.
E o jogo nem começou de feição para o Benfica, que entrou em campo com 11 portugueses. Um golo de Kocsis, aos 20 minutos, deu vantagem ao Barcelona, num cabeceamento certeiro após cruzamento de Suárez. Contudo, a equipa de Bela Guttman não se desuniu e partiu em busca do empate que chegaria pouco depois. Aos 30’, o capitão José Águas encostou à boca da baliza para a igualdade e relançou a partida.
Dois minutos volvidos, o Benfica passa para a frente do marcador, graças a um autogolo de Ramallets. A sorte começou então a sorrir ao Benfica e o seu sorriso não mais se separou dos encarnados até ao apito final.
Apesar da reação do Barcelona, foi o Benfica quem marcou novamente, por Coluna, aos 55’, num excelente pontapé de fora da área. O Barcelona reduziria ainda para 3-2 aos 75’, com um belo golo de Czibor. Os catalães pressionaram até ao apito final, mas os postes negariam por três vezes o empate ao Barcelona. E assim se fez a festa em tons encarnados.
O Benfica inscrevia pela primeira vez o nome de uma equipa portuguesa na galeria dos campeões europeus e abria um ciclo de cinco finais em apenas oito anos. A Taça dos Campeões Europeus de 1960/61 inicia com chave de ouro essa história do Benfica.
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