Apesar das perdas financeiras estimadas entre 250 e 300 ME para esta época, o clube parisiense beneficiou de restrições totalmente distintas a nível de prestação de contas entre as ligas espanhola e francesa, tendo por base uma maior flexibilidade de prazos anunciada pela UEFA em junho de 2020, devido aos efeitos da pandemia de covid-19.

Se ‘La Liga’ passou a proibir despesas com massa salarial acima de 70% da receita, a ‘Ligue 1’ adiou a aplicação de regulamentação semelhante até à época 2023/24, favorecendo a concretização de um negócio ‘bombástico’ e sem custos de transferência associados.

Lionel Messi, de 34 anos, ficou livre em 01 de julho e chegara a acordo com o FC Barcelona para renovar o contrato por cinco anos e cortar o salário pela metade, para poder ficar na Espanha, mas o organismo regulador suscitou “obstáculos económicos e estruturais” que levaram à quebra de uma ligação de 21 anos e inúmeros títulos.

O rácio entre despesas e receitas dos ‘culés’ estava em 115% e diminuiu para 95%, fazendo com que, mesmo que o maior ídolo de sua história jogasse de borla, não houvesse condições para retê-lo e a estratégia de contenção fosse sempre urgente.

Javier Tebas, presidente da ‘La Liga’, desdramatizou o impacto da saída do avançado argentino na visibilidade do campeonato do país vizinho, enquanto Vincent Labrune, líder máximo da ‘Ligue 1’, exaltou um “sonho tornado possível” por Nasser Al-Khelaifi.

“Desde o dia em que começámos, vimos as regras. Antes de fazermos algo, consultámos os nossos departamentos comercial, financeiro e jurídico. Se contratámos o Leo [Messi] é porque tínhamos capacidade”, disse hoje Al-Khelaifi, durante a apresentação do avançado argentino como jogador do PSG.

No comando do clube francês desde 2011, o diretor executivo do fundo Qatar Sports Investments (QSI), vinculado ao governo do Qatar, voltou a agitar o mercado de verão, quatro anos depois dos 222 ME pagos ao FC Barcelona pelo brasileiro Neymar, além de uma cedência com opção de compra de 145 ME junto do Mónaco por Kylian Mbappé.

Enquanto esse trio acalenta o ‘sonho’ do Paris Saint-Germain em conquistar uma inédita Liga dos Campeões, Nasser Al-Khelaifi espera equilibrar as despesas de Lionel Messi - acima dos 36 ME anuais de Neymar - com as vendas de outros jogadores, produtos e patrocínios e a exploração de novos mercados durante pelo menos duas temporadas.

Esse horizonte temporal extravasa a realização do Mundial2022 no Qatar e vai coincidir com a mudança nas regras do ‘fair-play’ financeiro da ‘Ligue 1’, cujo desfecho antecipado da época 2019/20, à imagem de outros campeonatos, devido à pandemia de covid-19, gerou perdas sem precedentes.

Nesse exercício, o PSG, do médio português Danilo Pereira, teve 556 ME de despesas e 559 ME de receitas, cenário que seria inconcebível à luz dos atuais pressupostos da ‘La Liga’, mas nunca inibiu o clube francês de interromper a busca dos seus ricos proprietários por superestrelas ou deixar de liderar a corrida de pretendentes por Messi.

Na quinta-feira passada, o ‘Barça’ anunciou a saída de Messi, divulgando que, “por razões económicas e estruturais”, não era possível inscrever o jogador na Liga espanhola, já que o clube não conseguiria cumprir o ‘fair-play’ financeiro.

Um dia depois, foi a vez de o presidente do clube, Joan Laporta, explicar que renovar com Messi seria “colocar em risco” o futuro do clube catalão, que, disse, estar “acima de qualquer jogador, inclusive do melhor do mundo”.

O argentino, que venceu seis vezes a Bola de Ouro e outras tantas a Bota de Ouro, mudou pela primeira vez de clube, depois de 672 golos, 778 jogos e 34 títulos na equipa principal dos catalães.

Messi, que chegou ao 'Barça' quando tinha 13 anos, estreou-se pela equipa principal em 2004/05 e, em 17 épocas, arrebatou, entre outros troféus, quatro Liga dos Campeões e 10 ligas espanholas.

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