O antigo ciclista francês Bernard Hinault recordou o ex-ministro e empresário Bernard Tapie, que hoje morreu aos 78 anos, como “um homem de desafios” e uma “personagem extraordinária”.
Tapie, que chegou à ribalta ao assumir a presidência do Marselha, chegou ao desporto através do ciclismo, ao criar a equipa La Vie Claire, em 1983, a última da carreira de Hinault, cinco vezes vencedor do Tour.
“Falei com ele ao telefone no início do ano. Ele disse-me: ‘Estamos a aguentar-nos. É preciso lutar, é preciso acreditar’. Esse era o seu espírito de luta”, recordou Hinault, em declarações à agência noticiosa AFP, expressando a tristeza com a morte de Tapie.
No último ano de carreira, Hinault conquistou a última ‘Grande Boucle’ pela equipa de Tapie, que também conquistou a prova em 1986, pelo norte-americano Greg Lemond.
Depois do ciclismo, Tapie presidiu ao Marselha, que levou ao título de campeão europeu de futebol em 1992/93, o único conquistado por um clube francês, antes de ser impedido de desempenhar funções diretivas em 1994, por irregularidades económicas e desportivas.
“O Marselha recebeu com profunda tristeza o desaparecimento de Bernard Tapie. Ele deixa um enorme vazio no coração do povo marselhês e permanecerá sempre como uma lenda do clube”, lê-se na mensagem de condolências do clube, campeão francês entre 1989 e 1992.
Em 1993, foi acusado de manipular o resultado do jogo com o Valenciennes, tendo o Marselha sido penalizado com a retirada do título de campeão e a despromoção ao segundo escalão.
“Ele queria tocar em tudo. Talvez tenha cometido um erro ao entrar na política, mas foi a sua escolha”, vincou Hinault.
Além do dirigismo desportivo, Tapie foi empresário no setor da comunicação social e em material desportivo, apresentador de televisão, cantor e ator, ministro, deputado e eurodeputado.
Foi nomeado ministro pelo então Presidente francês François Mitterrand, em 1993, após a venda da Adidas ao Crédit Lyonnais, que vendeu a gigante alemã com lucros avultados, levando Tapie a requerer uma elevada indemnização, concedida em primeira instância e posteriormente anulada.
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