O treinador luso-canadiano dos Vancouver Whitecaps, Marc dos Santos, reconheceu que o futebol português “é uma referência mundial na formação de jogadores” e pondera reforçar-se “naquele mercado”.

Os canadianos disputam a Major League Soccer (MLS), campeonato norte-americano de futebol, e pretendem esta época, que arranca em 17 de abril, classificar-se para os ‘play-offs’, após em 2020 ficarem a apenas uma vitória desse objetivo.

“O que Portugal tem e todo o mundo sabe disso é a grande qualidade dos jogadores, principalmente de jovens, nem sei onde começar. Quando vejo as opções, até mesmo para a seleção nacional, com um André Silva (Eintracht Frankfurt) a marcar muitos golos na Alemanha, o João Félix (Atlético de Madrid), o Ronaldo (Juventus), o Pedro Neto (Wolverhampton), o Francisco Trincão (Barcelona), o Diogo Jota (Liverpool), até te esqueces, o Bernardo Silva (Manchester City) e o Bruno Fernandes (Manchester United)”, frisou o técnico de 43 anos.

Natural de Montreal (Quebeque), Marc dos Santos viveu em Aveiro dos nove aos 23 anos, passando por Moçambique, antes regressar ao Canadá. Disse acompanhar o futebol português “com jogadores de muita qualidade” e ainda com “jovens que estão a evoluir”, dando como exemplo a atuação de Francisco Conceição na sua estreia pela equipa principal do FC Porto no passado fim de semana.

“Tive a hipótese de assistir (pela televisão) ao FC Porto-Boavista (2-2) e vi o filho do Sérgio Conceição, o Francisco, um jogador com um talento muito alto e, se continuar a progredir como jogador, tenho a certeza que pode ser uma surpresa muito grande para muitos”, afirmou.

Nesse sentido, da qualidade dos jogadores portugueses, as opções dos Vancouver Whitecaps passam pelo mercado em Portugal, reconhecendo que o “jogador português tem qualidade” e a equipa canadiana “tem um teto salarial a cumprir”.

Marc dos Santos não escondeu o interesse em Otávio, médio brasileiro do FC Porto, que alegadamente terá rejeitado uma proposta de quatro milhões de euros, com um salário anual a rondar os 1,6 milhões de euros, fora prémios de rendimento.

“É um jogador que gosto muito, não é segredo. Otávio faria a diferença na MLS, que seria um dos jogadores mais importantes na liga. Agora eu sei que ele tem outras opções, tem outros clubes interessados nele. Espero o melhor para ele, porque merece”, declarou.

Outro dos jogadores que o treinador confessou que gostava de ver na sua equipa, mas que agora reconhece ser mais difícil, é o médio do Paços de Ferreira Stephen Eustáquio.

“O problema é que agora ele quer ficar pela Europa, é ambicioso e tem metas para conquistar. Não se pode ter tudo o que se quer. Sempre o apreciei, mas nem sempre se pode ter tudo o que queremos”, concluiu.

O técnico revelou ainda ter o "sonho de um dia treinar uma equipa em Portugal”.

“Eu nunca escondi que passar por Portugal é um sonho meu. Nunca escondi isso. Cresci e apaixonei-me por este desporto em Portugal. O meu pai incutiu em mim a paixão por este desporto. Lembro-me quando era mais novo de ir com o meu pai a estádios, quer no Porto, Aveiro ou em Coimbra. Isto começou em Portugal e um dia gostava de voltar para treinar num país que me deu esta paixão”, admitiu.

O treinador reconheceu ainda outras possibilidades “em diferentes lugares”, visto ser fluente em quatro línguas: o português e o espanhol, bem como as línguas oficiais do Canadá, o inglês e o francês.

“O que aprendi no futebol é não fazer planos a longo termo, mas sim dar o melhor de ti onde estás e ser o melhor possível, com isso ter a possibilidade de ter outras oportunidades”, acrescentou.

Marc dos Santos já treinou o Montreal Impact, agora denominado por CF Montreal, clube que disputa a MLS, tendo ainda passado pelas camadas jovens dos clubes brasileiros do Palmeiras e do Desportivo do Brasil, sendo ainda adjunto de Bob Bradley no Los Angeles FC.

Em 2015, após ter levado o Ottawa Fury à final da Liga Norte-Americana de Futebol (NASL), o luso-canadiano foi eleito o melhor treinador da prova.