Vinte e quatro horas depois da confirmação da despromoção do Grupo Desportivo Maputo do Moçambola para o escalão inferior, o treinador principal dos “alvinegros” analisou, em entrevista ao SAPO Desporto, os motivos que estiveram por detrás da queda do clube, algo que acontece pela primeira vez em 91 anos de história.

Sem papas na língua, aliás como é principal característica do treinador, Artur Semedo justificou a descida de divisão: «Esta nossa despromoção é fruto do trabalho que o sistema vinha desenvolvendo para afastar o Desportivo da alta-roda do futebol nacional, pois a equipa foi superior em vários aspetos, melhor que o Chingale que conseguiu a permanência, visto que nós produzimos um futebol de melhor qualidade até com adversários de maior quilate que este de Tete», justificou Semedo.

O treinador dos “alvinegros” considera que a equipa merecia mais: «Por aquilo que a equipa vale e fez neste jogo merecia não descer de divisão, teve jogos em que foi superior, mas foi-nos negado o direito de ganhar particularmente nos jogos com a Liga Muçulmana onde não nos foram assinaladas duas grandes penalidades, no jogo de Vilankulos e na partida diante do Ferroviário de Pemba aonde os árbitros impediram que ganhássemos. Portanto, é caricato estar a falar das razões da descida, dado que tudo esteve a vista de todos».

Semedo disse que o Desportivo e os seus dirigentes «não tiveram a capacidade para fazer frente àqueles que andam a falsear a verdade desportiva neste país, num esquema que envolve dirigentes desportivos, árbitros, treinadores e até jogadores que são aliciados para viciarem os resultados dos jogos».

O treinador “alvinegro ”afirmou ainda que em termos futebolísticos «toda gente viu, porque os jogos foram televisionados, que o Desportivo melhorou a sua performance e só não conseguiu a permanência porque não alinhou nos métodos perversos que o sistema utiliza para ditar os resultados no futebol moçambicano».

«Estou disponível para trabalhar no regresso ao Moçambola»

Artur Semedo assumiu o comando do Desportivo Maputo a 24 de julho de 2012, um contrato de seis meses que termina no final da presente época. Na altura em que assumiu a tarefa de treinador principal do clube, os “alvinegros” estavam na 13ª posição com 14 pontos, tendo até aqui conseguido amealhar 11 pontos e subido para a 12ª posição, isto quando falta uma jornada para o fim da prova.

Falhado o projeto da manutenção e quando questionado se descia com o clube ao Campeonato da Cidade de Maputo para depois tentar o regresso ao Moçambola no próximo ano, Artur Semedo mostrou-se disponível, dependendo da decisão que for tomada pelo clube.

«O Desportivo vai passar por um período de restruturação e obviamente vão ser traçados novos programas e objetivos. Eu aceito trabalhar em qualquer projeto que for muito bem estruturado e os meus detratores podem descansar porque estou disponível para trabalhar num projeto sério que trague o Desportivo de volta ao Moçambola», disse Artur Semedo, para depois acrescentar:

«Não será desta que irei fugir para agradar aos meus detratores que devem estar satisfeitos com esta despromoção do Desportivo, mas eles podem aguardar que o Desportivo poderá regressar em breve e muito mais forte», vincou Semedo.

O treinador mostrou-se disponível para trabalhar num projeto convincente, devendo a decisão definitiva sobre a sua continuidade ser tomada em breve.

Futuro do futebol moçambicano é sombrio

Num outro desenvolvimento, Artur Semedo pronunciou-se sobre atual cenário que se vive no futebol moçambicano. “A inverdade desportiva que se assiste neste futebol está a minar o futuro da modalidade que continua sombrio”, disse.

Para o técnico, o sistema que está a minar o desenvolvimento do futebol moçambicano tem “tentáculos” em vários setores e está a ser feito tudo para que não haja evolução daí que se verifica que os clubes moçambicanos não passam das primeiras eliminatórias das competições africanas, sendo até eliminados por adversários de menor quilate.

«Isto acontece porque não lhes interessa que os que trabalham vejam os seus frutos aparecer. Eles controlam um grupo bem significativo de jogadores, controlam os árbitros, mesmo aqueles que estão no início das careiras são indicados pelos pivots e mais antigos e experientes árbitros para alinharem em esquemas que falsificam a verdade desportiva», disse o treinador que vê o “sistema” atingir os “mambas”.

«Por isso é que temos uma seleção que não atinge resultados positivos, dado que são chamados a ela jogadores que nem clubes têm, mas que fazem parte do clube de interesses que está a minar o desenvolvimento do futebol moçambicano»

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