Dizem que a Costa Rica é o país mais feliz do Mundo. Diz o Índice do Planeta Feliz, que com esse nome não pode ser contrariado. Agora imagine-se o resultado do mesmo estudo se este fosse refeito hoje.

Dois jogos, seis pontos e mais um gigante a cair aos pés dos costa-riquenhos. A Costa Rica bateu a Itália por 1-0 e confirmou a passagem aos oitavos-de-final: uma passagem que seria improvável há umas semanas atrás, mas mais do que merecida depois de ver Joel Campbell, Bryan Ruiz, Keylor Navas e tantos outros a jogar.

A primeira parte mostrou desde logo uma Costa Rica agressiva, galvanizada pela vitória contra o Uruguai na primeira jornada. Já a equipa italiana, aparentemente derretida pelos 30 graus de Recife, entrou lenta e acumulou erros na distribuição do jogo.

A exceção, como já seria de esperar, era uma: Andrea Pirlo. O “arquiteto” de todo o jogo italiano começou a fazer das suas à passagem da primeira meia-hora de jogo, com dois passes que demonstram o porquê de ser visto como um dos grandes construtores de jogo da atualidade.

Aos 31 minutos, Pirlo encontra Balotelli na frente de ataque com um passe longo a rasgar a defesa. O Super Mario tenta um golo de belo efeito a dois toques mas não acerta no alvo. A receção é de classe, mas a tentativa de chapéu sobre Keylor Navas sai ao lado. Dois minutos depois, após novo passe do maestro da Juventus, Balotelli faz um remate melhor mas o guardião costa-riquenho defende.

E porque já não há boas partidas neste Mundial sem o ocasional erro de arbitragem, o chileno Enrique Osses também quis deixar a sua marca: Joel Campbell, um dos heróis da partida contra o Uruguai, entra como um felino pela grande área italiana aos 43 minutos e é derrubado por dois jogadores. O árbitro nada assinala e os costa-riquenhos não ficam contentes. Mas o país mais feliz do mundo ia explodir mais uma vez de alegria apenas dois minutos depois.

O relógio marcava 44 minutos quando Júnior Diaz fez um fantástico cruzamento longo para o segundo poste. Bryan Ruiz aproveita a falha de marcação de Chiellini para cabecear e bater Buffon. A bola passa a linha de golo por pouco e volta a sair, mas desta vez o árbitro tomou a decisão correta, com auxílio da tecnologia da linha de golo: 1-0 para uma das equipas-sensação deste Mundial.

O intervalo foi como uma benesse para uma “Squadra Azzurra” já esgotada, que colocou Cassano no lugar de Thiago Motta para (tentar) correr atrás do resultado. Aos 50 minutos, por muito pouco não surgiu um herói improvável do lado italiano. Matteo Darmian, lateral do Torino, atira pouco por cima da baliza de Keylor Navas. Três minutos depois, o maestro Andrea Pirlo desfere um pontapé forte num livre, mas o guarda-redes do Levante evita a igualdade.

A Itália conseguia impor um pouco mais de ritmo no jogo, mas os cinco defesas da Costa Rica e um Keylor Navas em grande plano não permitiam que Balotelli e companhia entrassem sequer na grande-área. Uma verdadeira lição tática dos costa-riquenhos.

A “Azzurra”, nervosa e inconsequente, já não ia além do ocasional bom passe de Pirlo, mesmo com Cerci, Cassano e Balotelli na frente de ataque. Excecional trabalho do treinador Jorge Luis Pinto, que pôs o “catenaccio” a falar castelhano com ritmo da América Central.

Já o jogo andava nos descontos quando os “Ticos” ficaram muito perto de ampliar. Brenes atira à baliza de Buffon, mas a “brazuca” passa muito pouco ao lado do poste direito.

Vitória surpreendente mas mais do que merecida para os costa-riquenhos, que seguem assim para os oitavos-de-final e enviam a Inglaterra de volta às terras de Sua Majestade.