O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, considerou hoje que as jogadoras espanholas deram “uma lição ao mundo” ao entrarem em greve por o presidente da federação de futebol recusar demitir-se após o caso do beijo forçado.

“As nossas jogadoras ganharam duas vezes: uma no campo e outra dando uma lição ao mundo, uma lição de igualdade entre homens e mulheres”, declarou o dirigente socialista durante um discurso em Málaga, citado pela agência francesa AFP.

Sánchez congratulou-se com a decisão das 23 campeãs do mundo de deixarem de vestir a camisola da seleção nacional se a direção da federação de futebol continuar em funções.

Pouco depois de a Espanha ter conquistado o título mundial na Austrália, em 20 de agosto, o presidente da federação de futebol espanhola, Luis Rubiales, deu um beijo de surpresa na boca da jogadora Jenni Hermoso.

A jogadora afirmou posteriormente que não tinha consentido o beijo, ao contrário do que disse Rubiales.

A atitude de Rubiales provocou a indignação internacional, mas o dirigente recusou demitir-se “por causa de um pequeno beijo consensual” e denunciou um processo provocado pelo que qualificou como um “falso feminismo”.

O anúncio, feito a 25 de agosto, foi aplaudido por quase toda a Assembleia Geral da Federação Espanhola de Futebol, incluindo os treinadores das equipas masculina e feminina.

Nessa mesma noite, as 23 campeãs do mundo anunciaram que se recusariam a ser convocadas para a seleção nacional enquanto não houvesse uma mudança na direção da federação.

A FIFA, que reúne as federações de futebol nacionais a nível mundial, abriu um inquérito disciplinar contra Rubiales e suspendeu-o durante 90 dias enquanto decorre o processo.

“A Espanha é um país feminista”, disse o primeiro-ministro cessante em Málaga.

Sánchez considerou também que o caso não prejudicou a imagem externa de Espanha, que apresentou uma candidatura à organização do mundial masculino em 2030, conjuntamente com Portugal e Marrocos.

Na sexta-feira à noite, Luis Rubiales, que se tinha mantido em silêncio desde o discurso de há uma semana, insistiu, num comunicado publicado pelo jornal El Mundo, na versão de que o beijo foi consentido.

Rubiales condenou ainda o que descreveu como “um linchamento político e mediático sem precedentes” a nível nacional e mundial.