O selecionador Bruno Pinheiro assumiu a missão de mostrar a evolução do futebol do Qatar no Mundial de sub-20, na Polónia, no qual acredita que Portugal pode repetir os títulos de 1989 e 1991.
“Não tenho dúvida nenhuma. Acho que (Portugal) é um dos mais sérios candidatos. Em condições normais, vão muito longe na prova e, provavelmente, vão ganhá-la”, disse à agência Lusa o técnico português, nascido em França.
Bruno Pinheiro, 42 anos, chegou em setembro de 2015 ao Qatar para trabalhar numa escola de futebol e a qualidade do seu desempenho levou-o à equipa de sub-19 do país, que agora lidera no Mundial de sub-20.
“Sejamos humildes e honestos: o Qatar não vence um jogo de um Mundial há 38 anos. Na última participação perdeu os jogos todos. A ideia é fazer sempre melhor do que anteriormente. (...) É preciso competir e tentar estar ao melhor nível, dar uma boa imagem e mostrar a evolução futebolística que se verifica no Qatar”, resumiu.
Na Polónia, o Qatar vai integrar o grupo D, juntamente com a Nigéria, Ucrânia e Estados Unidos, num ano histórico para o futebol do país, uma vez que a formação sénior venceu, pela primeira vez, a Taça da Ásia, que organizou, ganhando na final ao Japão por 3-1.
“Um feito histórico. É um ano fabuloso que dificilmente se repetirá no futuro. Hoje respira-se saúde futebolística no país, um momento para apreciar. Não é todos os dias que o Qatar ganha uma competição”, justificou.
Trabalhar numa nação com tradições bem diferentes de Portugal exigiu um período e adaptação, agravado pelas “saudades da família”, que ficou em Portugal, mas Bruno Pinheiro olha para as contrariedades como uma oportunidade de evoluir.
“Foi um período um tanto ou quanto difícil, pela linguagem, a cultura em si, as próprias refeições… tudo é diferente, tal como os hábitos futebolísticos. Não é fácil, mas para nós portugueses é sempre mais fácil do que para os restantes. Respeitamos mais a diferença, aceitamos melhor as realidades e quando aceitamos as coisas torna-se mais fácil dar um passo em frente”, sustentou.
A planificação semanal em função dos períodos de oração ou os intervalos dos jogos, igualmente condicionados pela necessidade de atender às obrigações religiosas, são situações que exigem adaptabilidade da equipa técnica.
“Que fique claro que não é um problema. É uma questão de sabermos adaptar-nos às realidades. Se virmos estas questões todas como problemas não conseguimos resolver nada, ficamos bloqueados. Temos de organizar e sintetizar a informação, tornarmo-nos mais objetivos e claros e explicar em um/dois minutos em vez de em cinco/seis”, exemplificou.
Bruno Pinheiro destacou o entusiasmo que o país está a viver pela organização do Mundial 2022 – “respira-se futebol no Qatar” –, garantindo que o país, “o mais seguro do mundo”, se está a modernizar em termos de infraestruturas para acolher o evento.
O treinador disse que o Qatar é um bom país para os jovens treinadores portugueses trabalharem, até porque está a apostar muito no futebol, e assumiu que prefere treinar no estrangeiro, em nome da estabilidade familiar.
“Não é fácil a vida de treinador, com muita exposição mediática, muita critica. Tenho filhos muito jovens e gosto que tenham tranquilidade, tal como a família toda. Se pudesse fugir de carreira em Portugal, fugiria, mas as saudades são muitas e mais cedo ou mais tarde irei prosseguir carreira em Portugal”, concluiu.
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