Não há maior prova de que o Mundial. Uma competição onde a ambição se funde com o patriotismo é o topo da carreira de um futebolista e foi esse o pensamento que conduziu Luís António Coelho na sua estreia literária.
O autor, que já foi jornalista e agora divide o seu tempo como revisor de textos no grupo Impala e assistente técnico no Hospital de Santa Maria, tem desde criança uma paixão pelo futebol, como contou em entrevista ao SAPO Desporto. A obra “Muito mais do que um jogo” surgiu, assim, como uma prova de devoção ao desporto-rei e à história dos Campeonatos do Mundo, na antecâmara do arranque da competição no Brasil.
“Trata-se de um Mundial especial, pois é a 20.ª edição do evento. Achei que fazia sentido escrever um livro que fizesse uma retrospetiva de todas as edições anteriores, através das histórias mais marcantes que cada uma delas proporcionou”, afirmou Luís António Coelho, que garantiu já conhecer todos os episódios recordados neste livro, no qual figuram nomes tão distintos como Eusébio, Maradona, Tardelli, Zidane, entre outros.
“O meu interesse pelo futebol sempre me fez olhar tanto para o presente como para o passado. Ao mesmo tempo que acompanhava as carreiras do Maradona e do Zidane, por exemplo, gostava também de ler artigos e ver imagens do Garrincha ou da seleção holandesa dos anos 70. As coisas novas que descobri durante a pesquisa referem-se essencialmente a detalhes e curiosidades”, explicou.
A sua memória dos Mundiais começou a ser construída em 1986. No entanto, há imagens marcantes do passado que moldaram a sua paixão pelo futebol e que marcam o ‘pontapé de saída’ desta obra. “O primeiro Mundial que acompanhei foi o de 1986, tinha eu 7 anos. Mas as primeiras recordações que tenho são anteriores e referem-se a duas imagens que ainda hoje considero emblemáticas: as lágrimas de Eusébio após a derrota com a Inglaterra, em 1966, e o êxtase de Marco Tardelli após marcar à República Federal Alemã na final de 1982”, frisou o autor, acrescentando: “Foram duas situações diferentes, mas ambas determinantes para eu perceber desde logo o que significa para um jogador a conquista de um Mundial. Nós só sentimos paixão pelo futebol se houver também paixão por parte dos jogadores”.
Para Luís António Coelho, o futebol funciona também como um espelho da natureza humana. “A ambição de ganhar e ultrapassar os próprios limites, o esforço e criatividade para desenvolver jogadas que permitam atingir o objetivo final, o conflito entre adversários e a entreajuda entre companheiros de equipa, as manobras de bastidores para influenciarem resultados ou a dedicação dos adeptos a um clube... Em tudo isso o futebol reflete a natureza humana, no que tem de melhor e pior”.
Defendendo o potencial do futebol como “uma fonte inesgotável para a literatura”, Luís António Coelho, de 35 anos, reconhece ainda potencial a Portugal para uma surpresa no próximo Mundial, graças à presença de Cristiano Ronaldo: “Qualquer seleção que tenha o melhor jogador do mundo arrisca-se a fazer história. E num ano que fica inevitavelmente marcado pela morte de um símbolo da seleção como o Eusébio, isso vai também estar presente no espírito dos jogadores e contribuir para o seu empenho e vontade”.
O livro “Muito mais do que um jogo” é apresentado esta terça-feira, às 18h30, na loja Fnac do Centro Comercial Colombo, em Lisboa, e conta com a presença de António Simões, antigo jogador do Benfica e da Seleção Nacional.
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