Lisboa vibra com Benfica e Sporting, Madrid tem o Real e o Atlético, Paris centra-se no PSG, Londres tem quase um terço dos clubes da Premier League e Buenos Aires para com os jogos de Boca Juniors e River Plate. Um pouco por todo o Mundo, as capitais são palco de emoções fortes nos campeonatos dos respetivos países. No entanto, no Brasil, a capital Brasília passa completamente despercebida no futebol brasileiro.
Num país enorme onde Rio de Janeiro e São Paulo “ditam as leis”, a cidade desenhada pelo traço do arquiteto Óscar Niemeyer apenas se tornou a capital federal do Brasil a 21 de abril de 1960. O Rio “passou o testemunho” à nova cidade, que assim se tornou a terceira capital do país, tendo a primeira sido Salvador.
Perante tantos emblemas históricos, como Santos, Flamengo, Fluminense, Corinthians ou São Paulo, os modestos Brasília, Brasiliense e Gama não passam de atores secundários entre os canarinhos.
O pioneiro Brasília
Os anos de construção da cidade assinalaram o início da história do futebol no novo distrito brasileiro. Os trabalhadores das obras deram os primeiros passos, mas foi através da Associação Comercial do Distrito Federal que se assinou o nome do primeiro emblema. Corria o ano de 1975 e o Brasília iria então dar que falar no futebol do Brasil.
Conhecido como o ‘Colorado’, o emblema conseguiu então marcar presença regular no principal campeonato entre 1977 e 1985, falhando somente duas edições. Todavia, seguiu-se um “apagão” de 15 anos que apenas a edição de 2000 veio interromper. Essa presença no Brasileirão seria mesmo a última de um clube que entrou numa espiral descendente até à Série D, onde hoje alinha sem glória.
E será na Série D que o palco mais caro do próximo Mundial 2014 será utilizado. O Estádio Nacional Mané Garrincha, com capacidade para 68 mil pessoas, aloja o modesto Brasília. Em suma, um recinto que custou muitos milhões para uma “equipa de tostões”.
A história em construção do Brasiliense
Fundado no ano 2000 por Luís Estêvão, um antigo senador do Distrito Federal, o Brasiliense destacou-se nos seus 13 anos de história pelos múltiplos títulos e recordes estaduais e pela participação na final da Copa do Brasil, em 2002. Porém, o clube conhecido como “Jacaré” tarda em singrar a nível nacional.
Com efeito, a equipa alinha atualmente na Série C do Brasileirão e não evitou a despromoção à Série D na próxima temporada. 2013 é mesmo o pior ano da ainda curta história do clube, depois de já ter conquistado os títulos da Série B e Série C, em 2004 e 2002, respetivamente. Nessa fase, o Brasiliense batia todos os recordes de promoção por via do campeonato estadual e a Boca do Jacaré – cujo nome oficial é estádio Elmo Serejo Farias - afirmava-se como um recinto difícil para os adversários.
Nem a presença de Romarinho, o filho do ex-internacional brasileiro Romário, no plantel do Brasiliense consegue dar sorte ao “Esquadrão Amarelo”, uma das alcunhas pela qual o clube também é conhecido.
Em 12 anos de competições “a sério” ficam para a história os oito títulos estaduais e a vontade de tentar crescer num campeonato dominado por outros tubarões.
A ascensão e queda do Gama
O outro clube mais popular do distrito federal de Brasília dá pelo nome de Gama e partilha com o seu rival distrital os dias de amargura.
O emblema criado em 1975 não disputa agora qualquer divisão do futebol brasileiro e alimenta a esperança de voltar aos grandes palcos que já pisou. Os seus melhores anos ocorreram logo a seguir à sua fundação e na década de 90. Foi mesmo em 1998 que o Gama viveu o seu momento mais alto, com a conquista do título da Série B, sob a orientação do treinador Vagner Begazzi.
O início do século XXI trouxe mais alguns títulos estaduais aos verde e brancos, que ultrapassaram mesmo o rival do Brasília. Contudo, até esses anos de sucesso desvaneceram-se e constituem agora apenas mais uma memória num presente pouco risonho.
Brasília, a cidade das curvas desenhadas por Niemeyer terá assim de esperar um pouco mais para o seu futebol reentrar numa curva ascendente.
Veja esta e outras histórias no "Oceano de Histórias", a rubrica que o vai levar até ao Mundial 2014.
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