Num jogo de futebol as emoções também entram em campo e podem revelar traços da personalidade de cada jogador. Durante o campeonato do mundo de futebol na África do Sul, a cólera foi a emoção que prevaleceu em todas as selecções.
O Laboratório de Expressão Facial da Emoção da Universidade Fernando Pessoa, no Porto, desenvolveu uma análise a todos os jogos do Mundial com o objectivo de descobrir quais foram as emoções dominantes durante a competição.
As principais conclusões apontam para um domínio das “emoções mais básicas”, explica ao SAPO Desporto o director do laboratório. Freitas-Magalhães realça ainda que “em contexto de alta competição as emoções são importantes e revelam muito da personalidade dos próprios jogadores”. (Veja o vídeo)
No entanto, a predominância da emoção cólera fez com que as diferenças culturais e sociais de cada país desaparecessem, pelo menos dentro das quatro linhas. “Numa situação de revelação de poder na interacção a cólera é, de facto, a emoção básica mais apresentada”, refere o especialista.
A selecção portuguesa e o seleccionador Carlos Queiroz também foram alvo de análise. Apesar de existirem “diferenças de comportamento”, os “navegadores” estão integrados “na conduta global” registada no estudo.
Freitas-Magalhães destaca dois jogos da selecção. A goleada de sete a zero contra a Coreia do Norte, onde predomina uma “salutar e frequente alegria” nas faces dos jogadores. Do lado oposto, a partida de eliminação, frente à Espanha, mostra uma tristeza algo contida mas que explode com o choro de Eduardo no final do jogo.
Também no fim do duelo ibérico, Cristiano Ronaldo cuspiu em direcção à câmara quando abandonava o relvado. Para o director do Laboratório de Expressão Facial da Emoção esta “não foi uma atitude com o jogo em si” mas sim “a uma situação de intromissão” causada pelos meios audiovisuais.
Através de imagens de Carlos Queiroz durante os 90 minutos de cada jogo, o estudo concluiu que o seleccionador português não é tão “efusivo” como parece mas demonstrou, através das expressões faciais, estar “excessivamente” preocupado quando a selecção estava a perder.
Por estarem numa situação de “interacção real” as expressões faciais analisadas durante o Mundial são “um laboratório de autenticidade da verdade”, afirma o autor de, entre outros livros, “A Psicologia do Sorriso Humano”.
As imagens foram analisadas através de códigos de anotação e análise da expressão facial da emoção, o Facial Action Coding System e o Psy7Faces, este último criado no Laboratório de Expressão Facial da Emoção da Universidade Fernando Pessoa.
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