O governo argentino defendeu hoje as opções de segurança que tomou em torno da seleção de futebol campeã do mundo, enquanto o presidente da federação lamenta não ter celebrado com a multidão no icónico Obelisco.

“A nossa missão era cuidar dos jogadores. Em determinado momento, entendemos que não dava para [o autocarro descapotável] avançar e era uma loucura insistir nessa ideia. Por isso, tomámos a decisão de os colocar em helicópteros, para que pudessem saudar o povo”, defendeu o ministro da segurança, Aníbal Fernández.

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Depois de ter vencido o Mundial2002, no Qatar, impondo-se na final à França, por 4-2 no desempate por penáltis (3-3 no final do prolongamento), a ‘albiceleste’ foi recebida em incontida euforia pelos seus compatriotas, estimando-se em mais de quatro milhões de pessoas em Buenos Aires no cortejo que deveria levar os campeões até ao centro da capital.

Passadas cinco horas do cortejo, a comitiva só tinha andado cerca de 15 quilómetros, metade do trajeto previsto até ao Obelisco. A determinado momento, dois adeptos saltaram de uma ponte para o autocarro descapotável, sendo que um deles falhou o objetivo e caiu no asfalto.

Precavendo um descontrolo da situação no meio da euforia, as autoridades decidiram, assim, resgatar os futebolistas, retirando-os de helicóptero, situação que frustrou as expectativas de milhões de argentinos que esperaram longas horas para os ver.

Esta alteração de planos impediu mesmo que os futebolistas fossem recebidos pelo presidente Alberto Fernández na Casa Rosada, onde estava já montado um palanque para as celebrações.

“O excesso de pessoas faz qualquer plano falhar”, justificou o ministro, que insiste terem sido tomadas “as melhores decisões para evitar violência institucional”.

O governante garante que os jogadores “concordaram de bom grado” com a medida, embora o presidente da Federação, Claudio Tapia, tenha lamentado o facto de não lhes ter sido permitido “saudar as pessoas que estavam no Obelisco”.

“Não quero saber dos tweets do Tapia”, desvalorizou o ministro, que revelou que este lhe tinha ligado a dizer que se sentia “traído” pelos acontecimentos.

Ainda assim, assumiu que vários jogadores lhe transmitiram a vontade de ir à Casa Rosada para se encontrarem com o presidente do país e não descartavam a possibilidade de o fazer também de helicóptero.

A Argentina conquistou no domingo o terceiro título de campeã mundial de futebol, depois de 1978, conquistado em casa, e 1986, no México.

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