O futebol pode ser mágico, mas não é indiferente a tudo o que o rodeia. Um claro exemplo disso foi o que aconteceu em 1950, quando uma grande guerra teve uma clara influência na história de um Campeonato do Mundo.

Vamos então por partes. Estávamos em 1950, altura em que o mundo se procurava reconstruir depois dos abalos da II Guerra Mundial. Preparava-se a quarta edição do torneio mais prestigiado ao nível das seleções, mas eram poucos os países que se sentiam em condições para serem os anfitriões.

O Brasil acabou por se chegar à frente e salvou aquele que era um Mundial condenado. Por outro lado, países como Alemanha e Japão (protagonistas na Segunda Grande Guerra) eram proibidos de participar, enquanto a URSS e vários países pertencentes ao Bloco de Leste recusavam também a entrada.

Tudo sobre o Mundial2022: jogos, notícias, reportagens, curiosidades, fotos e vídeos

Havia assim um claro desfalque numa competição que apenas poderia contar com 13 seleções. Ainda durante a qualificação, Peru, Equador e Argentina acabaram por desistir, enquanto as já qualificadas Turquia, Escócia e Índia também acabavam por bater o pé à participação. Esta última com uma história insólita por, alegadamente, não ser autorizada pela FIFA a que os jogadores pudessem jogar descalços.

A preocupação era tanta que até Portugal tinha possibilidade de participar, mesmo tendo falhado a qualificação numa eliminatória frente à Espanha. Ainda assim, esta não era a altura da estreia da Equipa das Quinas no torneio, uma vez que houve também uma recusa dos portugueses.

O Mundial de 1950 teve mesmo de se realizar com os recursos existentes, mas já se previa um desfecho diferente daquele que era esperado.

Com quatro grupos, a verdade é que este foi um torneio sem eliminatórias nem... final!

Apenas se viu duas pequenas fases em que tudo ficou decidido entre a pontuação na tabela classificativa e não no típico 'mata-mata'.

Logo na primeira etapa, com os quatro grupos, só os primeiros classificados se apuravam e, neste caso, foram Brasil, Espanha, Suécia e Uruguai que se superiorizaram.

E agora pode haver quem se questione o porquê de não se fazer uma final-four. Na altura, o argumento de se realizar uma segunda fase de grupos foi para evitar a deslocação dos países europeus (neste caso seria a Espanha e Suécia) para a América do Sul com vista apenas uma eliminatória em que poderiam sair derrotados. Nesta segunda fase criada, todos os países seriam obrigados a jogar três jogos e, no final, a pontuação ditava o vencedor do torneio.

Ainda assim, apesar de não haver final, a verdade é que tudo ficou decidido no chamado Maracanazo, jogo em que o Uruguai venceu o Brasil no Maracana por 2-1 e assegurou matematicamente o título. Não sendo uma final, acabou por o ser, até porque o Brasil era o principal rival na luta pela liderança. Para termos uma noção, se olharmos para a tabela classificativa, apenas um ponto separou as duas seleções nas contas finais.

Foi também nesta "falsa" final que o Mundial atingiu números históricos. Apesar de um mundo abalado pela guerra e com recusa de muitos países a participar, foram cerca de 173.850 adeptos a assistir ao encontro, número recorde que até hoje nunca foi batido.

Critique-se ou não o formato da competição, a verdade é que a história ficou feita e nunca mais um Campeonato do Mundo viu algo semelhante. O Uruguai também aproveitou para se afirmar como um dos grandes nomes a lembrar entre os pergaminhos do torneio.

O SAPO está a acompanhar o Mundial mas não esquece as vidas perdidas no Qatar. Apoiamos a campanha da Amnistia Internacional e do MEO pelos direitos humanos. Junte-se também a esta causa. 

Seja o melhor treinador de bancada!

Subscreva a newsletter do SAPO Desporto.

Vão vir "charters" de notificações.

Ative as notificações do SAPO Desporto.

Não fique fora de jogo!

Siga o SAPO Desporto nas redes sociais. Use a #SAPOdesporto nas suas publicações.