Mais de três décadas depois da mítica geração de Johan Cruyff e do futebol total concebido por Rinus Michaels, a Holanda regressa ao palco maior da final de um Campeonato do Mundo.

Na Cidade do Cabo, a Holanda deu esta noite mais um passo na sua marcha vitoriosa. Com efeito, a equipa de Bert Van Marwijk ganhou todos os jogos na África do Sul, somando este registo a uma fase de qualificação exemplar e em que só somou triunfos.

Por outro lado, o Uruguai carregava igualmente o sonho de voltar a fazer história, depois dos Mundiais conquistados em 1930 e 1950. A equipa comandada por Oscar Tabarez entrou de forma calculista e sem vontade de arriscar muito.

A solidez foi a marca característica da equipa ‘azul celeste’ neste Mundial, mas um tiro de Van Bronckhorst iniciou os trabalhos de demolição laranja. Aos 18’, o veterano capitão holandês disparou um míssil cruzado a 30 metros da baliza de Muslera, que só parou nas redes uruguaias, deixando os holandeses em delírio.

O Uruguai esboçou uma ténue reacção, mas sem causar grande incómodo à defesa da Holanda. A ausência por castigo de Suarez tirou contundência aos uruguaios, demasiado dependentes hoje de Diego Forlán. E seria mesmo o capitão uruguaio a dar esperança aos seus companheiros, atirando de fora da área para o empate, quando estavam decorridos 41 minutos.

A igualdade deixou a formação sul-americana moralizada e o regresso após o intervalo mostrou uma equipa mais personalizada e atrevida. Aos 66’, Forlán podia ter assinado a reviravolta, mas Stekelenburg fez uma grande defesa ao livre do número 10.

Depois de ter eliminado o Brasil nos quartos-de-final, a Holanda estava a sentir inusitadas dificuldades perante um Uruguai complicado, mas Sneijder voltou a aparecer para resolver. O médio do Inter de Milão fez o 2-1 aos 70 minutos, num remate fraco e em que a bola ainda desviou num defesa sul-americano, existindo ainda dúvidas sobre a posição de Van Persie, a condicionar Muslera. Foi o quinto tento do médio, que se assume cada vez mais como o líder da Laranja Mecânica e um surpreendente goleador no Mundial 2010.

E se o golo já tinha deixado a sensação de que era demasiado para o Uruguai recuperar, o terceiro tento holandês aniquilou as esperanças uruguaias apenas três minutos depois. Aos 73’, Robben cabeceia de forma certeira para a explosão de alegria entre os jogadores holandeses, cientes de que a final já não lhes iria fugir das mãos.

A Holanda desperdiçou então várias oportunidades para golear e acabou por ver o Uruguai surpreender com o 3-2, da autoria de Maxi Pereira, levando a sua selecção a um derradeiro esforço. Ainda houve perigo, mas já não houve mais surpresas e a Holanda fez mesmo a festa com o apito final.

A Laranja Mecânica parece pronta para Alemanha ou Espanha, que decidem amanhã o outro finalista, em Durban.