A candidatura conjunta de Portugal, Espanha e Marrocos à organização do Mundial2030 de futebol tem a escolha das sedes e do estádio da final indefinida, reconheceu hoje o presidente da federação espanhola (RFEF), Pedro Rocha.

“Ainda não se decidiu. Evidentemente, existe um calendário para tomar essas decisões. Quando tivermos essas deliberações, que têm de ser tomadas por parte da FIFA, vamos comunicá-las aos países e ao mundo”, indicou o dirigente, em conferência de imprensa.

Pedro Rocha falava após a sessão de entrega da carta oficial de intenção à organização do Mundial2030, no Complexo Mohammed VI, em Rabat, onde estiveram igualmente os homólogos das federações portuguesa (FPF), Fernando Gomes, e marroquina (FRMF), Fouzi Lekjaa, 10 dias depois de uma reunião conjunta na Cidade do Futebol, em Oeiras.

“Queremos conseguir o melhor Mundial da história. Temos de oferecer uma imagem para os próximos Mundiais que aí vêm. Este Mundial aportará a união entre povos, algo que é importantíssimo. Oxalá se busque a paz através do futebol”, vincou o dirigente espanhol.

A assinatura da carta cumpriu um dos requisitos do processo de candidatura, que juntará pela primeira vez países de dois continentes e já foi declarada como a única elegível pela FIFA em 04 de outubro, devendo ser formalmente apresentada à FIFA até julho de 2024.

“É óbvio que todo o aspeto de receita e de rendimento da competição estará diretamente interligado à distribuição que for feita relativamente aos desafios. Desde a primeira hora, abraçámos com muito carinho a possibilidade de efetuar uma candidatura conjunta com Espanha e Marrocos. Houve trabalho que teve de ser feito e estamos agora a acelerar a interligação das equipas. Não tenho dúvida nenhuma de que esse dossiê de candidatura será o melhor que alguma vez foi apresentado junto da FIFA”, avaliou Fernando Gomes.

O Estádio da Luz, em Lisboa, o maior recinto desportivo português, com uma capacidade a rondar os 65 mil espetadores, o Estádio do Dragão, no Porto, e o Estádio José Alvalade, também na capital, ambos com aproximadamente 50 mil lugares, são os únicos recintos nacionais que correspondem às exigências da FIFA para acolher encontros de Mundiais.

Portugal estreia-se na organização de Mundiais, após já ter recebido o Europeu de 2004, enquanto a Espanha organizou o Euro1964 e o Mundial1982, com Marrocos a acolher unicamente a Taça das Nações Africanas (CAN) em 1988, estatuto que repete em 2025.

“Há uma coisa importante, e difícil de se encontrar num processo de candidatura, que é o amor do povo português, espanhol e marroquino pelo futebol. Em Portugal, tivemos essa experiência em 2004, quando organizamos o Europeu. Até hoje, é reconhecido por todas as organizações do futebol que foi o melhor Campeonato da Europa realizado durante os últimos anos. O entusiasmo, força e paixão destes três povos fará com que este Mundial marque uma era e seja o melhor realizado pela FIFA”, ambicionou o presidente da FPF.

Na primeira vez em que os três líderes federativos aparecem perante a imprensa após o anúncio da candidatura, Fouzi Lekjaa destacou um “acontecimento sem precedentes” e deu conta de que Marrocos e Espanha vão encontrar uma “fórmula para repartir jogos e cidades” entre si, descartando que haja “posições predefinidas” ou “limites geográficos”.

O Mundial será repartido de forma inédita por seis países, uma vez que vai promover a disputa de três encontros em Argentina, Paraguai e Uruguai, por forma a comemorar o centenário da prova, cuja edição inaugural foi cumprida em território uruguaio, em 1930.

Até agora, a única organização conjunta de um Campeonato do Mundo foi efetuada por Coreia do Sul e Japão, em 2002, sendo que a próxima edição, que está agendada para 2026, vai ser a primeira a envolver três países, entre Canadá, México e Estados Unidos.