Setembro de 1984. Portugal jogava em Estocolmo para o apuramento do Mundial de 1986. A 11 minutos do apito final, Augusto Inácio sobe pela ala esquerda e cruza para o coração da área sueca, onde surge, como um relâmpago, Fernando Gomes para o 1-0 e foi assim que Portugal alcançou a primeira vitória sobre a Suécia.
O saldo da seleção nacional continua negativo, mas na próxima sexta-feira está em jogo a presença no Campeonato do Mundo de 2014, e só a vitória interessa. Augusto Inácio, atual diretor desportivo do Sporting, recorda ao SAPO Desporto a fórmula para vencer os suecos.
«Lembro-me perfeitamente que ganhámos 1-0, com golo do Gomes numa bola que foi metida nas costas do lateral direito e eu fui buscar a bola à frente e com a bola quase a sair de campo eu lá consegui fazer um cruzamento em esforço, com a bola a sair muito bem direcionada e o Gomes de cabeça fez o golo», relembra Augusto Inácio sobre a primeira vitória de Portugal sobre os suecos.
Questionado sobre as características do futebol sueco e as dificuldades que Portugal vai encontrar nos jogos do play-off, Augusto Inácio frisa a importância da seleção nacional jogar com a bola no chão e roubar o esférico em antecipação.
«O futebol sueco é um futebol muito vigoroso, um futebol muito atlético. Um futebol de muito contacto físico, e penso que nesse aspeto Portugal não tem vantagem nenhuma. A vantagem que Portugal tem é se roubar a bola aos suecos e meter a bola no chão e trocar a bola ao primeiro e ao segundo toque, eles aí têm muitas dificuldades», comentou Augusto Inácio ao SAPO Desporto.
«Os suecos são bastante organizados, altos no contacto físico, e nas bolas aéreas normalmente é tudo deles, a não ser que se ganhem as bolas na antecipação e sempre foi assim o futebol sueco. Talvez com mais magia agora, porque têm o Ibrahimovic, que como toda a gente sabe é um jogador de eleição, mas acima de tudo é um conjunto que não brilha pelas suas individualidades. Tem realmente esse jogador que de um momento para outro pode resolver um jogo, mas vivem acima de tudo do seu coletivo, que é forte e compacto, muito unido, muito coeso e depois é um futebol em que não perdem muito tempo na troca de bolas e querem chegar com a bola lá à frente o mais rapidamente possível», acrescentou o antigo defesa do Sporting e FC Porto.
«Cristiano Ronaldo merece a Bola de Ouro»
Em relação ao duelo entre Cristiano Ronaldo e Zlatan Ibrahimovic na corrida à Bola de Ouro, Augusto Inácio considera que a atribuição do prémio é mais uma questão política do que por mérito, mas assume que este jogo poderá influenciar os mais indecisos.
«Acho que a Bola de Ouro tem muito que se lhe diga. Havia aqui muito pano para mangas para discutir. Toda a gente sabe que há muito jogo político em relação às Bolas de Ouro, ao Melhor Jogador do Mundo, enfim, há muita coisa aqui que foge por detrás que a gente tenta adivinhar mas que sabemos que há qualquer coisa e que muitas vezes não ganha pelo talento puro daquilo que é a entrega desse prémio a um desses jogadores», começou por dizer o diretor geral do futebol do Sporting.
«Estamos a falar de dois jogadores fantásticos que estão a fazer uma época extraordinária. Penso que o Cristiano tem sido muito regular e o Ibrahimovic nem sempre é regular e eu penso que por isso só, e pela campanha que tem tido ao longo destes anos todos, o Cristiano Ronaldo merece a Bola de Ouro. Não é por ser patriota, mas acho que merece. O Ibrahimovic também fez golos incríveis daqueles que nunca se pensa que ele vai marcar e marca, é um jogador mais frio, mais posicional, não se desgasta tanto e não joga tanto para a equipa. Espera muito do serviço dos seus jogadores para poder finalizar e por isso tem um desgaste muito menor do que o Cristiano Ronaldo», considerou Augustou Inácio.
«Por isso, nessa perspectiva, eu acho que entre os dois não vai ser nestes dois jogos que se vai decidir quem é a Bola de Ouro. Mas, nestes dois jogos, como há tanta política nestes prémios, acredito que aqueles que podem ter alguma dúvida e que estão inclinados para algum deles possa também tirar algumas dúvidas nestes dois jogos», sentenciou.
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