Abel Ferreira, treinador do SC Braga, escreveu um longo texto para o site "The coaches's voice" onde recordou a grave lesão no joelho que o obrigou a terminar mais cedo a carreira de jogador e seguir o rumo de treinador.

"Aquela lesão aconteceu no momento em que o meu contrato com o Sporting chegou ao fim. Eles ofereceram-me a oportunidade de recuperar no clube e ver se eu poderia encontrar outro depois, mas não adiantou", referiu o técnico.

"Eu tive três consultas com os médicos, e em cada uma delas os médicos disseram-me que eu tinha de me retirar. Eu chorei durante dias quando finalmente aceitei que não podia continuar. Eu estava de luto. Bravo. Parecia tão injusto", acrescentou.

O treinador dos bracarenses lembrou que a sua carreira começou nos juniores do Sporting, antes de ser promovido para a equipa B.

"Comecei a ajudar o treinador dos juniores do Sporting [na altura era José Lima]. Quando ele subiu para a equipa principal, a administração disse-me que eu ia ficar com essa vaga e podia terminar o meu curso de treinador lá", escreveu.

"No meu primeiro ano ganhámos o campeonato de juniores. Chegámos à final four da UEFA Youth League ao lado de Liverpool, Southampton e Chelsea", acrescentou.

Abel Ferreira recordou depois a passagem positiva pelo comando técnico do Sporting B, antes de ser demitido por Bruno de Carvalho.

"No ano seguinte fui promovido à equipa B e terminámos no 6º lugar [2013/14]. Foi quando Bruno de Carvalho chegou à presidência do clube. Uma semana após começar a época [2014/15], ele despediu-me", atirou.

"O que se espera de uma equipa B? Normalmente é para preparar jogadores para a equipa A. Além de terminar em sexto na temporada anterior, Carlos Mané, João Mário e Eric Dier deram esse passo em frente [...] Foi outra porta fechada...", sublinhou.

O treinador do Sporting de Braga assumiu que o duelo que mais o orgulhou foi o confronto com o Hoffenheim, em 2017/2018:

"O futuro é como o jogo do gato e do rato, em apenas um jogo de futebol… adaptar mudanças tácticas para reagir ao teu adversário. Na Liga Europa do ano passado, fomos a Hoffenheim. Eles começaram em 5x3x2, e mudaram para um 4x3x3 durante o jogo. Nós começámos num 4x4x2, e terminámos num 5x4x1 para combater o que nos estavam a provocar. Ganhámos por 2-1. Como treinador, este é o jogo do qual mais me orgulho."

"É preciso ter a humildade de perceber que cada jogo precisa de uma abordagem diferente. Esse tem sido o nosso grande segredo", salientou.

Abel Ferreira explicou depois o quão aliciante é o desafio de orientar uma equipa com menos recursos, dando precisamente o exemplo da equipa bracarense.

"Sempre acreditei que poderia vencer [com equipas menores]. [de igual para igual?] Não! Com estratégia! Com truques!", atirou.

"Não é justo pressionar-me a mim ou aos meus jogadores dizendo que somos candidatos ao título. Não podemos criar expectativas quando temos 20 milhões de euros e o Benfica 120. Os nossos recursos não combinam. Benfica, Sporting e FC Porto têm obrigação pela sua história. Nós somos os ‘outsiders’", finalizou.