A acusação aos dirigentes da Académica vai apresentar recurso da decisão do Tribunal de Instrução Criminal de Coimbra de arquivamento do processo, em que se alega a apropriação indevida de cerca de 300 mil euros.

«Por discordar totalmente dos argumentos de suporte para a não pronúncia, a acusação apresentará recurso desta decisão ao Tribunal da Relação», referiu o advogado de João Barroqueiro, presidente da empresa TBZ, já extinta, que detinha os direitos de licenciamento e comercialização da marca Académica.

A decisão de não levar a julgamento o presidente da Académica, José Eduardo Simões, e os vice-presidentes Luís Godinho e José Clemente, todos indiciados do crime de furto qualificado, foi proferida na passada terça-feira.

Em conformidade com a decisão instrutória a que a agência Lusa teve acesso, o Tribunal de Instrução Criminal (TIC) de Coimbra não apurou, em concreto, o valor da receita do jogo Académica-Benfica da época de 2008/09, nem o local de venda dos bilhetes, se nas bilheteiras ou no átrio do estádio.

«Todavia, o mapa financeiro do jogo contempla o valor bruto de receitas de bilheteira de 247.225 euros, igualmente desvalorizado, quando, na altura em que apresentou queixa, João Barroqueiro referiu uma verba de 65.000 euros, pois era essa a receita que até aquele momento havia sido contabilizada», referiu o causídico.

O despacho do TIC de Coimbra pronuncia João Barroqueiro e a mulher, Telma Barroqueiro, pelos crimes de injúria e de difamação.

Por outro lado, o vice-presidente da Académica, Luís Godinho, também aguarda julgamento por ofensas à integridade física a Telma Barroqueiro, alegadamente agredida no pescoço pelo dirigente, que supostamente a empurrou «contra uma parede e ainda lhe agarrou no pulso esquerdo».

O processo instaurado contra os dirigentes da Académica tinha sido arquivado, mas, depois de analisadas novas provas escritas e a apresentação de outras testemunhas, o tribunal entendeu abrir a instrução do processo.

Os dois dirigentes do clube conimbricense, cuja equipa principal disputa a Liga portuguesa de futebol, foram acusados por João Barroqueiro de se terem apropriado indevidamente da receita de bilheteira do jogo Académica-Benfica.

O então presidente da TBZ alegou que o montante de 300.000 euros pertencia à empresa, em conformidade com o contrato estabelecido com a Académica em 16 de junho de 2005, válido durante 10 anos, renegociado em 28 de outubro em 2008.

A 22 de novembro de 2008, véspera do jogo no Estádio Cidade de Coimbra, João Barroqueiro e esposa constataram que o dinheiro que era suposto encontrar-se nas bilheteiras tinha sido retirado e não seria entregue à TBZ, que, nessa altura, estava a ser alvo de um pedido de insolvência por parte de uma marca de material desportivo.