O Tribunal de Ponta Delgada inicia na terça-feira o julgamento de cinco homens, afetos à claque do Boavista, acusados da prática, em coautoria, de crimes de ofensas à integridade física qualificada, dano e ameaça agravada.
Em causa estão alegadas agressões a funcionários e ao proprietário de um restaurante no concelho de Ponta Delgada, na véspera do jogo de futebol entre o Santa Clara e o Boavista, que decorreu na ilha de São Miguel em agosto do ano passado.
Entre os arguidos está o líder da claque dos Panteras Negras, um agente principal da PSP e um segurança privado.
De acordo com a acusação do Ministério Público (MP), a que a agência Lusa teve acesso, os arguidos deslocaram-se do Porto para Ponta Delgada em 30 de agosto do ano passado para assistirem ao jogo entre o Santa Clara e o Boavista agendado para 01 de setembro.
Na noite do mesmo dia em que chegaram, os arguidos, "após terem percorrido vários estabelecimentos de S. Vicente Ferreira, concelho de Ponta Delgada, onde ingeriram bebidas alcoólicas", acabaram por se deslocar a um restaurante daquela freguesia, onde alegadamente agrediram os funcionários, supostamente devido à demora no atendimento.
No espaço, segundo o MP, "estavam vários outros clientes".
"Passado algum tempo após terem feito os pedidos, um dos arguidos deslocou-se ao balcão, onde deu início a uma discussão, relacionada com a demora do serviço", com um funcionário daquele estabelecimento, que acabaria por ser "agredido com dois fortes socos", apesar de o empregado ter dito que "as refeições estavam prestes a serem servidas".
A partir daqui, o MP aponta para uma sucessão de outras alegadas agressões a outros funcionários do restaurante "em ato contínuo, no âmbito da atuação conjunta".
Segundo o texto do MP, foram arremessados objetos e peças de mobiliário do restaurante, descrevendo a autoridade que, "no âmbito da atuação conjunta de todos os arguidos, um dos funcionários chegou a ser arrastado do balcão para a sala de refeições, empurrado para o chão e atingido por socos e pontapés".
Deparando-se com tal situação, um funcionário aproximou-se de dois arguidos e pediu-lhes para terem calma, mas um dos arguidos terá retorquido "já que não leva ele, levas tu”, refere, explicando que o empregado foi projetado para o chão, perdendo "momentaneamente" os "sentidos".
Outra funcionária terá ainda tentado parar as agressões, mas supostamente foi atingida com "um soco no olho esquerdo" e posteriormente, depois ter "fugido", foi "empurrada com força" para a zona da esplanada.
O Ministério Público sustenta as agressões apenas terminaram quando o líder da claque, "após assobiar para os demais arguidos" ter feito "um gesto com as mãos, colocando-as em forma de “T” - que no desporto tem o significado de intervalo/pausa - e, em tom de voz alto, ter dito “já chega”.
Ainda assim, e como frisa o MP, um dos arguidos terá dito para os funcionários que voltariam.
Os cinco arguidos, três dos quais em prisão preventiva, serão julgados a partir de terça-feira por um tribunal singular.
O MP aponta o contexto da atuação dos arguidos, a gravidade das condutas e as lesões decorrentes das mesmas, bem como os antecedentes criminais dos homens.
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