O líder Benfica é favorito para o clássico com o campeão nacional FC Porto desta sexta-feira, da 27.ª jornada da I Liga, vinca o ex-futebolista Álvaro Magalhães, entusiasmado pela “época lúcida em momentos cruciais” dos ‘encarnados’.

“Já está difícil para o FC Porto. Se o Benfica ganhar, o campeonato poderá, praticamente, decidir-se. Além de liderar com toda a justiça, porque é a equipa mais regular, demonstra ao longo da época que está em melhores condições de ser campeão. O Benfica manteve sempre os seus níveis exibicionais numa fasquia muito alta e não teve grandes quebras. Houve um ou outro jogo em que é normal que tenha vacilado, mas soube inverter essas exibições menos boas”, sustentou à agência Lusa o ex-defesa das ‘águias’ (1981-1990).

O líder Benfica, com 71 pontos, recebe o ‘vice’ FC Porto, com 61, dois acima do Sporting de Braga, terceiro colocado, e oito face ao Sporting, quarto, que tem menos um jogo, esta sexta-feira, às 18h00, no Estádio da Luz, em Lisboa, no embate de cartaz da 27.ª ronda.

“Mesmo que o resultado seja negativo, o Benfica tem margem de manobra para controlar o campeonato até ao fim. Essa gestão muito bem definida vem desde o início da época. Toda a estrutura, apoiada pela massa associativa, permitiu que os atletas se sentissem confortáveis e confiantes de que tudo era possível, aliado ao seu real valor. Não existem dúvidas de que o Benfica tem uma equipa muito bem preenchida em cada setor”, notou.

Álvaro Magalhães, de 62 anos, examina dois rivais “muito semelhantes” em comparação com a partida da primeira volta, em 21 de outubro de 2022, quando as ‘águias’ triunfaram no Porto com um golo de Rafa (1-0), tendo a expulsão com duplo cartão amarelo de Stephen Eustáquio deixado os anfitriões em inferioridade numérica desde os 27 minutos.

“Até agora, o Benfica melhorou substancialmente. As suas rotinas cresceram e os atletas subiram de forma, jogam de olhos fechados e sabem ocupar bem os espaços. Acho que os dois clubes têm mais ritmo competitivo, mas são as mesmas equipas. Se o Benfica apresenta uma base mais sólida, o FC Porto teve algumas baixas ultimamente”, avaliou.

O ex-defesa internacional português reconhece que “a máquina continuou a rolar” após a saída de Enzo Fernández, elemento preponderante do conjunto comandado pelo alemão Roger Schmidt na primeira metade da temporada, que foi vendido em janeiro ao Chelsea por 121 milhões de euros (ME), na sequência do cetro mundial vencido com a Argentina.

“O Benfica vale pelo seu todo e tem um coletivo a funcionar em pleno. O Gonçalo Ramos foi colocado anteriormente numa posição que não é dele, mas vai demonstrando que é o verdadeiro ponta de lança e está em grande forma. O João Mário evoluiu em 101% a sua parte psicológica e tem atravessado um dos melhores momentos da carreira. Ambos são grandes referências da equipa e estão em destaque, pois marcam mais golos”, recordou.

Álvaro Magalhães fazia menção aos dois melhores marcadores da I Liga, ambos com 17 tentos, que têm sobressaído igualmente no percurso do emblema da Luz até aos quartos de final da Liga dos Campeões, cuja primeira mão vai ser disputada na terça-feira frente ao Inter Milão, ‘carrasco’ do FC Porto na ronda passada (1-0 em Itália e 0-0 no Dragão).

“Um jogo não influenciará o outro. O clássico é importante, porque é o próximo. Aliás, o treinador do Benfica tem mantido a base e não tem feito grandes alterações. É o segredo para se ter sucesso. O Benfica vai manter o ritmo e só irá pensar na ‘Champions’ após o duelo com o FC Porto. É jogo a jogo e nem faz sentido estar a alterar a equipa”, indicou.

Vencedor de quatro campeonatos, quatro Taças de Portugal e duas Supertaças com os ‘encarnados’, o ex-defesa espera celebrar o regresso do clube aos êxitos cerca de quatro anos depois, fase na qual o FC Porto arrebatou sete dos 13 títulos nacionais atribuídos.

“O FC Porto oscilou em jogos que tinha de ganhar e o Benfica só perdeu em Braga [0-3, na 14.ª ronda]. Este título é fundamental, pois quebrará o ciclo vitorioso do FC Porto. O Benfica merece voltar a ser campeão nacional, já que não falhou e está bem preparado psicologicamente, além da qualidade técnica, tática e física dos seus atletas. Acima de tudo, houve uma estrutura que funcionou em pleno e deu liberdade aos profissionais do clube. Não esqueço ainda que o 12.º jogador [o público] foi fundamental no apoio à equipa”, frisou.

A época até trouxe dissabores nos ‘quartos’ da Taça de Portugal (derrota em Braga nos penáltis, por 4-5, após 1-1 no final dos 120 minutos) e na primeira fase da Taça da Liga, mas a SAD liderada por Rui Costa concedeu “um prémio justo” ao futebol exibido pelas ‘águias’ na última semana, ao renovar o contrato de Roger Schmidt até junho de 2026.

“O Benfica deu um passo de gigante. Foi uma aposta fantástica e tenho de parabenizar toda a administração, especialmente Rui Costa e [o diretor-geral] Lourenço Coelho, pela forma como geriram a situação. Se calhar, alguns ‘tubarões’ poderiam estar em cima do treinador, mas acabou-se de vez com as dúvidas. A renovação eleva a responsabilidade do treinador, dos atletas e da estrutura, mas, sobretudo, tranquiliza os adeptos”, admitiu.