A poucos dias do arranque oficial da temporada 2017/2017, Benfica, FC Porto e Sporting apresentam-se como naturais candidatos ao título, mas com diferentes desafios. Se no caso do conjunto da Luz há uma maior pressão após a conquista de quatro campeonatos consecutivos, em Alvalade e no Dragão a pressão é de outra natureza: quebrar a hegemonia do rival Benfica.
Já a nível de contratações, Benfica e Sporting reforçaram-se ao nível de anos anteriores enquanto que o FC Porto surpreendeu com apenas uma contratação, e o regresso de vários jogadores emprestados.
Em entrevista ao SAPO Desporto, o antigo internacional português e ex-jogador do Benfica, Álvaro Magalhães, considerou que o Benfica está obrigado a colmatar algumas lacunas no sector defensivo após a saída de jogadores importantes, enquanto que FC Porto e Sporting vão precisar de um grande controlo emocional para tirar o título ao rival da Luz.
"Vai ser uma época igual à de outros anos com um futebol muito competitivo, principalmente por parte das equipas grandes, ou seja, aquelas que lutam sempre pelos lugares cimeiros, e vai ser uma época em que os candidatos vão voltar a ser Benfica, FC Porto e Sporting", começou por dizer Álvaro Magalhães sobre os crónicos candidatos ao título.
"Espero que o vídeo-árbitro venha ajudar a um melhor futebol, apesar de ter algumas dúvidas sobre esse assunto. Eu tenho a minha opinião, e acho que vai haver alguns problemas durante a época", acrescentou de imediato o antigo defesa esquerdo do Benfica.
Para o antigo treinador adjunto de Antonio Camacho e Giovanni Trapatonni, as pré-temporadas são momentos decisivos para os candidatos ao título, e frisou a importância das vitórias nos particulares para que os jogadores comecem a época moralizados.
"As pré-épocas servem sempre para trabalhar as equipas para o campeonato e ganhar. Não é só preparar e perder os jogos particulares, é sempre bom ganhar porque a equipa ganha hábito de vitória e moraliza a equipa", começa por destacar Álvaro Magalhães.
"Se analisarmos as três equipas na pré-época, o Benfica acaba por fazer uma pré-época menos boa em termos de resultados, mas isto não quer dizer nada, porque campeonato é campeonato, e há muitos bons jogadores que jogam bem nos particulares e depois nos jogos oficiais como campeonato, Taças e boa prestação na Liga dos Campeões em que a parte psicológica é mais exigente tremem por todos os lados, como se costuma dizer. Por isso, o Benfica é o candidato número um porque foi o campeão nacional e vamos ver agora nos primeiros jogos, para podermos analisar e avaliar o que podem fazer", disse Álvaro Magalhães sobre as derrotas do Benfica na pré-época.
"Já o Sporting reforçou-se com gente experiente, que é fundamental numa equipa de futebol, e o FC Porto tem vantagens porque manteve a base e reforçou-se com o Aboubakar, que é um jogador com nível com qualidade atacante", perspectivou Álvaro Magalhães sobre os rivais do Benfica.
No entanto, Álvaro Magalhães não deixou de apontar os problemas no sector defensivo do Benfica, e para a necessidade de contratar um substituto para Ederson que possa lutar pela baliza com Júlio César.
"Há mais instabilidade em termos defensivos no Benfica do que no FC Porto, por exemplo, que mantém praticamente a mesma defesa . E o Benfica tem algumas dificuldades porque saíram peças que desempenharam bem o seu lugar na época passada. Mas também temos de fazer uma análise a que jogadores jogavam nas épocas passadas antes destes chegarem, e que eram titulares, como foi o caso do Jardel, por exemplo, que esteve quatro anos a titular do Benfica em dupla com o Luisão. Ora, se no Benfica são jogadores importantes, o mais importante na equipa do Benfica é o sector defensivo, que é aí as pessoas falam dos centrais, mas têm lá o Jardel e o Lisandro, e se o Luisão estiver bem de saúde são fantásticos. Nos laterais, o Benfica está bem no lado esquerdo, mas no lado direito precisa de um lateral. Têm o André Almeida que pode fazer esse lugar, mas a peça fundamental, e o que mais me chama à atenção é o guarda-redes. Porque o Júlio César é um belíssimo guarda-redes, mas o outro (Ederson) era melhor porque era muito rápido a sair da baliza e tácticamente o Ederson era o líbero da equipa. Sabia e conhecia as dificuldades dos jogadores do Benfica, porque não há nenhum jogador que não tenha alguns pormenores que na altura do jogo falham. Todos os jogadores têm pontos fracos e esses pontos fracos muitas vezes são colmatados por outros jogadores, e o Ederson era o jogador que estava sempre atento às falhas da defesa. Era um guarda-redes muito rápido a sair da baliza, portanto, esse lugar é que tem de ser bem preenchido. Não estou aqui a dizer que o Júlio César não é um belíssimo guarda-redes, mas são 37 anos e é diferente do outro. O Ederson é um jogador muito rápido, muito ágil, e o Júlio César foi um belíssimo guarda-redes mas com 37 anos não tem as características do Ederson. Penso que o Ederson numa equipa como o Benfica ou como o FC Porto tem de dar muitos pontos no campeonato", afirmou Álvaro Magalhães ao SAPO Desporto sobre os atuais problemas defensivos do Benfica.
Questionado sobre a longevidade de Luisão na equipa do Benfica, Álvaro Magalhães destacou o enorme profissionalismo do central brasileiro e a importância que irá ter ao longo da época se estiver em boa forma física.
"O Luisão trabalha muito bem, treina bem, é um bom profissional, tem tempo para tudo pois é preciso saber gerir o tempo. Ele é um jogador responsável, e penso se estiver em forma física ao lado de outro jogador mantém ali a equipa com estabilidade defensiva. Mas o ponto principal, é que o Benfica vai ter de ir buscar um guarda-redes rapidamente. Um guarda-redes que lute com o Júlio César, mas com classe. Não um guarda-redes que seja mais um, no Benfica isso não pode acontecer", destacou o treinador de futebol.
"Do meio-campo para a frente não há problemas nenhuns, o Benfica está tranquilo. A estrutura atacante está fantástica, se os jogadores estiverem em forma não há problemas nenhuns. São quase os mesmos jogadores, já se conhecem muitíssimo bem. O Benfica se tiver os centrais em boa forma, o lateral direito vai-se arranjar, assim como um guarda-redes. Penso que aí são as duas posições que é preciso reforçar, porque a nível de centrais tem lá bons jogadores para essa posição, até na equipa B há bons jogadores como o Ruben Dias. O problema ali é mais um lateral direito e um guarda-redes porque do meio campo para a frente estão tranquilos", sentenciou Álvaro Magalhães sobre o plantel do Benfica para atacar o 'penta'.
Em relação à pressão do Benfica para conquistar o inédito 'pentacampeonato', Álvaro Magalhães considera que Rui Vitória irá ter um papel determinante a nível psicológico para preparar os jogadores para lutar pelo título depois de quatro anos consecutivos a vencer. O antigo defesa esquerdo do Benfica conhece bem a mentalidade de um balneário vencedor, e sabe que não pode haver 'nervosismos' na hora da verdade.
"É preparar a equipa da mesma forma como nos últimos anos, quem representa um clube como o Benfica sabe que tem sempre de ganhar. Tem de estar preparado para ganhar, um jogador que não tiver essa mentalidade não pode jogar num clube grande como o Benfica, ou como Sporting, FC Porto e Real Madrid. Em todas as equipas que jogam para ganhar, os jogadores têm de estar preparados, há que falar o menos possível e trabalhar a equipa melhor ainda, pois o principal objetivo do treinador do Benfica, com as condições de trabalho que tem, em que não falta nada, só tem de preparar a equipa em termos psicológicos, e preparar um ou outro jogador que possam ficar mais nervosos, pois quem está no Benfica não pode estar nervoso, tem de ir para outra equipa que não tenha objetivos. No Benfica, os jogadores, com a experiência que já têm, se formos analisar a equipa, um a um, é uma equipa muito experiente em que constatamos que há jogadores com muita experiência e por isso é que foram campeões estes anos todos. Para eles é mais um campeonato, sabendo que os outros adversários reforçaram-se, mas quem passou por um clube grande como o Benfica sabe que nós respeitamos sempre as outras equipas mas com confiança no nosso valor", sentenciou Álvaro Magalhães.
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