Desde o primeiro dia dos últimos 30 anos a acompanhar Pinto da Costa na presidência do FC Porto, Álvaro Pinto e Ilídio Pinto, “vices” do clube, admitem que o sucesso portista «excedeu as expetativas».

Ambos foram eleitos, a 17 de abril de 1982, na lista encabeçada por Jorge Nuno Pinto da Costa, que sucedeu Américo de Sá nos destinos dos “dragões”, e com ele continuaram até hoje, partilhando o rol de sucessos, mas também os dias mais difíceis.

Álvaro Pinto confessou à agência Lusa que «estava tranquilo» desde o dia em que lhe “sobrou” parte do destino do FC Porto:

«Sabia das capacidades do Jorge Nuno, que já levava consigo um currículo invejável (primeiro título nacional com Pedroto ao fim de 18 anos de “jejum”). Íamos ter sucesso, só não sabia que ia ser tanto», referiu o atual presidente do Conselho Cultural do clube, que pediu com insistência para não revelar a sua idade:

«Vai estragar-me a ficha… E eu estou tão feliz da vida.»

Os sucessos além do esperado são, também, tónica no balanço de Ilídio Pinto, vice-presidente que está associado à hegemonia portista no hóquei em patins, modalidade que já dirigia antes da eleição de Pinto da Costa.

«Isto é coisa de privilegiados», argumenta o dirigente, explicando que, também ele, não teve dúvidas de que «ia correr bem», pois «o presidente tem uma inteligência além da média, está sempre adiantado um ano em relação aos adversários».

Ilídio Pinto revelou ter «aprendido muito nos últimos 30 anos» e não quer o futuro próximo diferente do que até aqui tem sido:

«Que tenha muita saúde e vontade de continuar, pois o FC Porto não pode prescindir da sua imagem.»

Mas, a memória de outros tempos e desafios encontra, também, dias mais negros, conforme recorda Álvaro Pinto:

«Vivi tempos dolorosos, em que éramos gozados por toda a gente e não ganhávamos campeonatos.»

O dirigente confessou acompanhar o emblema desde os 12 anos e ter visto mais títulos portistas que o próprio Pinto da Costa:

«Sou mais velho do que ele e até vi a nossa primeira vitória, em 1935, com o meu pai.»

«Hoje, até podiam chamar-me super-dragão, pois ia para todo o lado ver o FC Porto. Uma vez, até fui de comboio para Olhão e a viagem não era como hoje», disse à Lusa.

Álvaro Pinto, tal como o falecido dirigente Armando Pimentel, estiveram na comissão que quis apresentar um concorrente a Américo de Sá, presidente de então:

«Com outros amigos, no meu escritório e em minha casa, lá o conseguimos convencer.»

«Quando o Jorge Nuno nos perguntou quem devia ser o candidato a presidente, dissemos-lhe: já o temos, és tu», revelou.

Por sua vez, Ilídio Pinto recorda os maiores desafios de então, os problemas financeiros:

«Encontrámos o clube com grande falta de dinheiro.»

Assunto que, para o dirigente, se resolveu na altura «como acontece até hoje: à custa da perspicácia de Pinto da Costa. Ele resolve sempre, com mais ou menos dificuldades».

Ao fim de 30 anos, Ilídio Pinto afirma, em formato de balanço:

«Nunca tive dúvidas do que se ia conseguir.»