Sete pontos de vantagem para o Benfica e sete jogos por jogar. É este o ponto de situação da I Liga depois do Clássico da Luz disputado na tarde de sexta-feira e que acabou por ser vencido, com mérito e justiça, pelo FC Porto, num jogo em que os dragões até se viram, bem cedo, a perder, mas em que souberam dar a volta ao adversário e ao resultado.
Se ao FC Porto só a vitória interessava, o Benfica tinha do seu lado o conforto dos dez pontos de avanço sobre o rival e o fator casa, com os adeptos encarnados a encherem o estádio, sedentos de ver a sua equipa voltar a conquistar o título, quatro temporadas depois. Mas foram os dragões a mostrar-se superiores em todos os aspetos do jogo durante praticamente os 90 minutos, conquistando os três pontos de que precisavam para continuarem a sonhar.
Campeonato relançado? Veremos! Certo é que não ficou, desde já, decidido.
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O jogo: FC Porto fez por merecer a vitória
Era pois, do FC Porto a responsabilidade de assumir mais riscos. E foi o que fez desde o apito inicial. Com algumas novidades no onze - Sérgio Conceição apostou em apenas em Taremi como ponta de lança de raiz, apoiado por Galeno e Pepê, com um trio de médios centro - o FC Porto entrou a pressionar alto, mostrando-se muito agressivo no momento da perda de bola, e instalou-se no meio campo do Benfica nos dez minutos iniciais.
Contudo, foi o Benfica que marcou primeiro, aos 11 minutos, na primeira vez que chegou à grande área contrária, num golo a meias entre Gonçalo Ramos e o infeliz regressado Diogo Costa. Poderia ter sido um golpe duro de suportar para o FC Porto e um motivo de ainda maior galvanização para o Benfica. E os adeptos, de facto, galvanizaram-se, mas a equipa nem por isso. Os minutos que se seguiram fora equilibrados e sem grandes motivos de interesse, até que os visitantes voltaram a crescer com o passar dos minutos e o aproximar do intervalo.
Ameaçaram uma vez, num lance em que Manafá ainda colocou a bola no fundo das redes já depois de o jogo estar interrompido, marcaram mesmo por Uribe na sequência de uma bonita jogada coletiva e ainda voltaram a marcar, por Galeno, mas viram esse golo invalidado por fora de jogo de seis centímetros do brasileiro.
O intervalo veio no momento certo para o Benfica, que por essa altura estava encostado às cordas. Mas o FC Porto continuou por cima no arranque da segunda parte e chegou mesmo ao 2-1, por Taremi. Depois, a equipa de Sérgio Conceição soube recuar linhas e defender sem permitir que o Benfica criasse muito perigo. Em contra-ataque, Taremi teve nos pés um lance que podia até ter valido um precioso 3-1 aos azuis e brancos (resultado que lhes conferiria vantagem no confronto direto com as águias), mas decidiu mal no último passe. Do lado encarnado, Roger Schmidt lançou David Neres para o lugar de Florentino quando se viu em desvantagem, mas a sua equipa raramente foi capaz de sufocar a defesa contrária e importunar verdadeiramente Diogo Costa até ao final da partida.
O momento: Passe de peito, golo de Uribe e jogo relançado
Aproximava-se o final da primeira parte e o FC Porto perdia, mas começava a ganhar algum ascendente e a acercar-se da baliza do Benfica. Em cima do minuto 45, Pepê amorteceu com o peito para Matheus Uribe um cruzamento de Manafá e o colombiano, vindo de trás, encheu o pé para, com um remate rasteiro e fulminante, atirar para o fundo da baliza de Vlachodimos, fazendo então o empate.
O melhor: Pepe foi imperial no regresso e Sérgio Conceição apostou na tática certa
Pepe foi uma das novidades no onze do FC Porto e esteve em grande no centro da defesa dos dragões. Imponente pelo ar e forte no desarme, teve alguns cortes decisivos (como um, a dois tempos, quando o Benfica ainda vencia por 1-0, a travar um disparo de Gonçalo Ramos após passe errado de Uribe em zona perigosa) e inúmeras antecipações. Tem 40 anos e estava há um mês sem jogar, lembre-se...
Sérgio Conceição não hesitou em apostar na titularidade de Pepe, mas esse não foi o único mérito do treinador do FC Porto, que soube montar a equipa de forma a superiorizar-se a um Benfica que vinha sendo tão dominador esta época: no meio-campo Grujic foi titular e esteve muito bem até ser substituído e Pepê, desta feita a jogar mais perto do ataque, num sistema tático com apenas um avançado, foi sempre uma dor de cabeça para a defesa contrária.
O pior: Benfica incapaz de se impor
O Benfica esteve irreconhecível, tendo em conta o que já fez esta época. Mesmo com o jogo a querer sorrir-lhe, se pensarmos na forma em como se viu em vantagem, com alguma felicidade, no primeiro lance de perigo que criou.
Várias das pedras que têm sido fulcrais na campanha encarnada em 2022/23 mostraram-se demasiado apagadas. João Mário, por exemplo, esteve bastante desaparecido do jogo, e até o por norma sempre certinho Aursness falhou passes que não costuma falhar. Roger Schmit, por seu lado, também não foi capaz de introduzir mudanças que levassem a equipa a reencontrar-se.
As reações
Roger Schmidt: "Temos de aceitar o resultado. Faz parte do futebol"
João Mário: "Foi um jogo estranho"
O aviso de Sérgio Conceição: "Estamos aqui para dar luta até ao fim"
Uribe: "Continuar a sonhar com o título"
Pinto da Costa: "FC Porto está aborrecido por só ganhar 2-1 ao Benfica"
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