Um ponto chegava, mas o FC Porto somou três e festejou a conquista do seu 30.º título de campeão nacional em pleno Estádio da Luz. Ao longo da semana, muito se falou da forma como os 'dragões' tinham logrado tal feito em 2011, com rega e apagão à mistura. Desta feita não houve rega nem houve apagão (até porque o sol ainda brilhava quando o encontro terminou), mas a casa do Benfica voltou mesmo a ser palco de uma festa azul e branca.
Não que o Benfica não tenha mostrado muita vontade de evitar que tal acontecesse. As 'águias' assumiram as despesas do jogo desde o minuto inicial, dominaram o encontro a nível territorial e mandaram no tempo de posse de bola. Mas, se mostrou vontade de evitar festejos alheios, o Benfica não mostrou arte para o conseguir.
Ao longo dos 90 minutos, raramente o Benfica ameaçou a baliza à guarda de Diogo Costa. Os 'encarnados' fizeram apenas dois remates na direção do alvo ao longo de todo o encontro e, quando acharam que até tinham marcado, a abrir a segunda parte, viram o VAR anular o golo a Darwin por um fora de jogo de...2 centímetros.
Dois centímetros que mantiveram o nulo até à entrada para o período de descontos. Aí, e com o Benfica todo balanceado para a frente, num último fôlego para adiar os festejos do adversário, o FC Porto aproveitou para dar a machada final e acabar com todas e quaisquer dúvidas que ainda pudessem subsistir: Zaidu marcou e o FC Porto festejou mesmo o título na Luz...com uma vitória.
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O jogo: Muitas picardias, muitos protestos, muitos cartões, pouco futebol e apenas um golo
O 'Clássico' da Luz teve todos aqueles condimentos menos bons que os 'Classicos' costumam ter: 41 faltas, 14 cartões amarelos (e dois vermelhos exibidos a elementos dos bancos), picardias q.b., muitos protestos, polémica e poucos lances de perigo.
Foi preciso esperar pelo minuto 15 para se assistir à primeira situação de perigo do encontro. E pertenceu ao FC Porto, apesar de ser o Benfica quem mais tempo passava no meio-campo contrário. Taremi surgiu isolado na cara de Vlachodimos, mas permitiu a defesa ao guarda-redes grego.
Pouco depois, em contra-ataque, o Benfica também ameaçou, com Diogo Costa a evitar um autogolo de Zaidu e, depois, Valentino Lazaro (uma das novidades no 'onze' encarnado). E nos primeiros 45 minutos, em termos de lances de perigo, foi tudo.
A segunda parte parecia prometer trazer mais espetáculo em termos de jogo jogado. Evanilson testou Vlachodimos logo na primeira jogada e, aos 52 minutos, o Benfica marcou, no tal lance do golo anulado a Darwin por fora-de-jogo de dois centímetros. Não contou, e o jogo voltou ao mesmo da primeira parte: domínio territorial encarnado, mas poucos lances de perigo.
O discernimento foi-se perdendo, os cartões amarelos foram-se acumulando (ao todo, os jogadores do Benfica viram 10 e os do FC Porto 4), os protestos junto do árbitro subindo de tom e de frequência e a festa do FC Porto parecia cada vez mais uma certeza. Certeza dada em definitivo ao quarto minuto do período de descontos: Pepê embalou rumo à grande área do Benfica, assistiu Zaidu e este não perdoou. Um herói improvável (e tantas vezes mal-amado) a selar a conquista do 30.º título do FC Porto.
A polémica: A Luz ainda festejou um golo...mas foi sol de pouca dura
Minuto 52': Grande bola de Otamendi para Darwin na frente de ataque, o uruguaio ajeitou, tirou Mbemba da frente e de pé direito rematou para o fundo da baliza de Diogo Costa. Mas o lance foi alvo de VAR e acabou por ser anulado por fora de jogo. Darwin estava adiantado 2 centímetros.
O momento: Zaidu acabou com as dúvidas e antecipou a festa
Minuto 90+4': Saída rápida do FC Porto para o contra-ataque no seguimento de um pontapé de canto a favor do Benfica, arrancada supersónica de Pepê rumo à grande área contrária, cruzamento para a entrada de Zaidu, que acompanhou a investida do brasileiro e que, livre de marcação, colocou a bola a entrar junto ao ângulo e bate Odysseas!
O melhor: A vontade do Benfica de impedir a festa, a vontade do FC Porto em festejar
O encontro não foi bem jogado, longe disso. Mas as duas equipas mostraram, pelo menos, vontade de cumprir os objetivos a que se propunham. O Benfica apresentou-se determinado a impedir que o FC Porto fizesse (como acabou por fazer) a festa no Estádio da Luz e apesar de raramente conseguir criar perigo lutou até ao fim para chegar a uma vitória que atenuasse as dores de uma época para esquecer.
Já o FC Porto, a quem um ponto chegava para os seus propósitos, mostrou-se sempre seguro a defender, ciente de que se não sofresse golos acabava com a questão do título. Não sofreu...e até acabou por marcar um.
O pior: Futebol de pouca qualidade e muitos (demasiados) cartões
Houve rasgos de bom futebol por parte de um ou outro jogador, sobretudo em lances individuais, mas que depois raramente tiveram seguimento. O futebol praticado por ambas as partes - talvez afetadas pelos nervos - foi de pouca qualidade e, depois, foram muitas as faltas, muitos os cartões e muitos os protestos de parte a parte, sobretudo com o avançar do relógio, prejudicando ainda mais a qualidade do espetáculo.
As reações
- Sérgio Conceição: "Temos um balneário e um grupo fabuloso"
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