Houve algum sofrimento. Mas o leão não vacilou: o Sporting venceu o Vitória SC e é mesmo bicampeão nacional, algo que não sucedia há mais de 70 anos. Não era fácil fugir a nervosismos e ansiedades, apesar de os verdes e brancos dependerem só de si para fazerem a festa. E esse nervosismo e essa ansiedade foram evidentes no primeiro tempo, sobretudo na primeira meia hora de jogo.

Sucediam-se os passes errados que, em circunstâncias normais sairiam certos e as decisões mal tomadas por jogadores que costumam quase sempre decidem bem. Até o 'iceman' Gyokeres parecia acusar o momento, com duas ou três tentativas de tabelar com colegas que não correram nada bem. Ocasiões de golo, nos primeiros 30 minutos, nem vê-las.

Mas de Braga vieram boas notícias: o Benfica estava a fazer ainda pior e estava em desvantagem no Minho. A meio do primeiro tempo as bancadas de Alvalade gritaram golo, os jogadores leoninos perceberam e no quarto de hora final o Sporting criou as suas duas primeiras jogadas de perigo. Na primeira, no seguimento de um canto e de alguma confusão, a bola bateu no poste da baliza do Vitória, cabeceada por Maxi Araújo. Depois, em cima do intervalo, Gyokeres surgiu isolado mas falhou o que não costuma falhar.

Estava dado o mote para um segundo tempo onde o Sporting apareceu mais sereno. Uma serenidade que aumentou com o primeiro golo, assinado por Pedro Gonçalves. Uma espécie de justiça poética para um jogador que, devido a lesão, perdeu metade da temporada, e que acaba por voltar aos golos com um golo à sua imagem e decisivo para embalar a equipa para o título. Ainda houve mais alguma ansiedade: Catamo viu o poste negar-lhe o 2-0, o Benfica empatou em Braga e o Guimarães cresceu um pouco, ainda que sem criar perigo.

Mas, no jogo que valia o título, faltava aparecer o inevitável homem da máscara: Gyokeres marcou o seu 39.º golo na prova e acabou em definitivo com as dúvidas: o tão ambicionado 'bi' era mesmo do leão.

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O jogo: Leão nervoso acabou por cumprir e ser feliz

Com o Sporting nervoso e o Vitória SC incapaz de ameaçar, os lances de perigo escassearam no primeiro tempo. O primeiro surgiu aos 30, quando na sequência de um canto a bola acabou por embater no poste da baliza à guarda de Bruno Varela, cabeceada por Maxi Araújo.

Os 15 minutos finais de primeira parte foram de maior acutilância ofensiva por parte dos leões: Gyokeres já tinha obrigado Bruno Varela a defesa apertada de foi também incapaz de bater o guardião vitoriano em cima do intervalo, num daqueles lances que não costuma falhar.

A segunda parte trouxe um leão mais sereno, que marcou aos 53 minutos, na melhor jogada que construiu até então: Debast desmarcou Maxi Araújo na esquerda, com o uruguaio a servir Pedro Gonçalves e este, vindo de trás, com um remate daqueles que só ele sabe fazer, mais em jeito do que em força, só parou no fundo das redes, tocando ainda ao de leve no poste antes de entrar na baliza.

Motivado, o Sporting ameaçou o 2-0 quando Geny Catamo, vindo da direita para o centro, rematou em arco, com muita força, em cheio no poste. Tremeu o poste e tremeu também, ainda que ligeiramente, a equipa de Rui Borges nos minutos que se seguiram, até porque em Braga, precisamente na mesma altura, o Benfica fazia o 1-1.

Um golo do Vitória em Alvalade e outro do Benfica em Braga inverteriam por completo o rumo dos acontecimentos e o Sporting encolheu-se um pouco, com os vimaranenses a passarem alguns minutos no meio campo leonino, embora sem nunca ameaçarem Rui Silva. E, depois, aos 82 minutos apareceu Gyokeres. Jogada de entendimento do ataque leonino que começou no recém-entrado Quenda, a bola passou por Maxi e chegou a Gyokeres, que fintou Bruno Varela e atirou para o segundo golo da partida, levando Alvalade à euforia. Uma euforia que não mais parou...

O momento: Pote apareceu no momento certo

Minuto 53: Ausente durante meia época por lesão, Pedro Gonçalves regressou para as derradeiras jornadas, mas ainda a recuperar a forma. Pote ainda não tinha marcado qualquer golo desde o regresso, mas marcou quando foi preciso: Debast colocou em Maxi Araújo na esquerda, este não perdeu tempo e tocou para Pote, que rematou na passada e fez o primeiro da partida. Alvalade respirava melhor e o título ficava mais bem encaminhado.

A figura: Na ausência de Hjulmand, Debast foi patrão

O Sporting alinhou desfalcado de um dos seus jogadores mais influentes: Morten Hjulmand, pelo que joga e pela liderança que tem em campo. Morita jogou no seu lugar, mas o japonês pareceu nervoso e desinspirado. Quem pegou, então na equipa foi Debast. Contratado como central, o internacional belga revelou-se determinante no meio-campo leonino durante quase toda a segunda metade da temporada e no último jogo foi igual: mesmo condicionado por um amarelo madrugador, recuperou bolas, colocou-as jogáveis e foi importantíssimo na jogada do primeiro golo, que desbloqueou o jogo.

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O resumo