
O FC Porto apresentou-se no Estádio do Dragão com ideias claras, um plano bem definido e uma execução que, durante largos minutos, beirou a excelência. Frente a um Famalicão algo tímido e com dificuldades em respirar, os dragões assumiram o controlo total do jogo, não só com bola, mas sobretudo pela forma como a recuperavam rapidamente. O resultado (2-1) até pode parecer curto, mas a superioridade portista foi evidente, do primeiro ao último minuto.
O jogo: Dragões mais constantes, minhotos retraídos
A equipa de Martín Anselmi foi dominadora desde o apito inicial, assente num modelo de pressão alta agressiva, ocupação racional dos espaços e constante circulação da bola. O meio-campo funcionou como epicentro da manobra ofensiva. O posicionamento foi quase sempre acertado, permitindo ao FC Porto encostar o Famalicão à sua área e reduzir-lhe drasticamente o raio de ação ofensivo.
Ofensivamente, os portistas mostraram uma identidade cada vez mais vincada: largura garantida pelos laterais, apoios entre linhas bem coordenados e um avançado móvel – neste caso, Rodrigo Mora – a funcionar como referência e desequilibrador. A dinâmica entre linhas, com constantes trocas posicionais entre interiores e extremos, obrigou o Famalicão a recuar e jogar quase sempre em contenção. Quando os azuis e brancos perdiam a posse, a reação imediata impedia qualquer transição com perigo dos minhotos. Foi essa organização e leitura dos momentos do jogo que sustentaram o domínio.
Rodrigo Mora, pela eficácia e pela forma como interpretou o jogo sem bola, merece os aplausos. Mas mais do que individualidades, o que se viu foi um coletivo coeso, com rotinas assimiladas e uma clara intenção de jogar em bloco. Mesmo quando o Famalicão conseguiu subir no terreno, o FC Porto manteve-se compacto, reduzindo os espaços com linhas próximas e mantendo o equilíbrio entre o desejo de atacar e a necessidade de proteger a retaguarda.
Sufoco no final após golo de Bondo
Na reta final, após o golo do adversário, o FC Porto teve de recorrer a outra das suas valências: a capacidade de sofrer e de saber gerir. Fê-lo com maturidade, mantendo a estrutura e retirando profundidade ao Famalicão, que nunca conseguiu criar verdadeiro perigo para empatar.
Momento: um golo à Mora
Rodrigo Mora já tinha deixado a sua marca no jogo, mas ao minuto 57 decidiu elevá-la a outro patamar. Numa jogada que começou por um passe aparentemente desperdiçado, nasceu uma obra-prima. João Mário tentou colocar a bola na área, mas Justin de Haas intercetou. A bola sobrou, caprichosa, nos pés certos: os de Mora.
Com a calma de quem sabe o que vai fazer antes mesmo da bola lhe chegar, o jovem avançado do FC Porto simulou o remate, enganou o defesa com um toque subtil e puxou para o pé esquerdo. Depois, com o tempo a abrandar à sua volta, escolheu o ângulo. Em jeito, com precisão e naturalidade, colocou a bola fora do alcance de Carevic, a subir até beijar o canto superior da baliza famalicense.
Foi um golo de instinto e inteligência, mas também de serenidade e talento puro. Um daqueles momentos em que o futebol se torna arte. O Dragão levantou-se. Rodrigo Mora sorriu. E o jogo, nesse instante, pareceu render-se à classe de um jovem que está cada vez mais pronto para coisas maiores.
Os Melhores: Mora, a promessa que já é certeza no Dragão
Há talentos que se anunciam com estrondo, e Rodrigo Mora é um desses casos. Aos 17 anos, o avançado do FC Porto continua a acumular exibições que não só confirmam o seu potencial como o colocam, desde já, entre as figuras da equipa principal. Frente ao Famalicão, foi ele quem decidiu: dois golos com assinatura própria, cheios de técnica, inteligência e frieza.
Num jogo de domínio azul e branco, Mora destacou-se não só pelos números, mas pela forma como interpreta o jogo. O primeiro golo premiou a insistência e a capacidade de decidir dentro da área. O segundo, um momento sublime: simulação, toque de preparação, remate colocado ao ângulo. Foi o seu primeiro bis com a camisola da equipa principal e um verdadeiro cartão de visita para o futuro.
A estatística reforça o impacto: oito golos e três assistências em 28 jogos na temporada 2024/25. Nos últimos cinco encontros, marcou quatro vezes — sempre com influência direta no resultado. Esteve lá quando era preciso, contra o AVS, Estoril, Casa Pia... e agora voltou a aparecer, decisivo, frente ao Famalicão.
Quando saiu, aos 76 minutos, recebeu a justa homenagem de um Dragão rendido ao talento de um jovem que joga como se já tivesse muitos anos de primeira divisão. Rodrigo Mora não é promessa — é presente. E promete muito mais.
Reações:
Anselmi elogia espírito competitivo do FC Porto e diz sobre Rodrigo Mora: "Desfrutem dele"
Rodrigo Mora no final do encontro com o Famalicão: "Prometo continuar a dar o meu máximo"
Hugo Oliveira: "Demos 30 minutos de avanço, mas estivemos no jogo até final"
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