Uma ineficácia que já tem custado cargo voltou a tramar o FC Porto, que saiu derrotado da receção ao Famalicão e perdeu pontos na I Liga pela terceira vez consecutiva, aumentando a pior sequência da temporada na prova. Pior do que isso, na perspetiva dos dragões, é que ainda viram o SC Braga igualar os seus 59 pontos e o Vitória de Guimarães está à espreita de um deslize, com 57. Embora a luta pelo título seja matematicamente possível, a disputa pelo terceiro lugar parece ser o maior problema neste momento e está bem viva.
Por outro lado, a pontaria de Cádiz ajudou os minhotos a somar um ponto importante para o objetivo de garantir a permanência o mais cedo possível.
O Jogo Explicado
Sérgio Conceição fugiu ao que tem sido hábito e promoveu várias trocas no onze, umas por necessidade, outras talvez já a pensar no decisivo duelo da Taça de Portugal, contra o V. Guimarães. A dupla Zé Pedro-Otávio assumiu os lugares que foram de Pepe e Fábio Cardoso no último jogo e Grujic deu descanso a Alan Varela. Mais à frente Iván Jaime teve a oportunidade de jogar na posição que tem sido de Galeno e Evanilson regressou ao onze, relegando Namaso para o banco de novo.
Apesar do sangue novo, os dragões entraram em ritmo baixo e não demoraram a ser castigados. Numa das primeiras grandes ocasiões da partida, Puma Rodríguez desmarcou-se pela direita e cruzou para um cabeceamento à ponta de lança por parte de Cádiz, que não deu hipótese a Diogo Costa.
A primeira pedra foi lançada pelos minhotos e o jogo estava vivo. O golo teve o condão de acordar os dragões e a resposta não tardou em chegar: Evanilson mostrou garra e conseguiu manter em campo uma bola que parecia perdida e Francisco Conceição não desperdiçou o esforço do companheiro. Criou um lance do nada e ainda beneficiou de um corte desastrado de Youssouf para sentenciar o empate e acalmar as bancadas que estavam amorfas.
Nesse momento o FC Porto deu um 'reset' no jogo e começou a assumir como mandava a teoria. Ia dominando a posse e estava sempre mais perto da baliza do adversário, mas o Famalicão mostrou sempre muita competência defensiva e ia negando o perigo.
Os dragões estavam com falta de rasgo, também devido ao mérito famalicense, e o intervalo era necessário para limpar as ideias e arranjar alternativas para chegar à baliza. No entanto, surgiu um golpe de teatro: quando já todos no Dragão pensavam no intervalo, Gustavo Sá fez um cruzamento rasteiro de qualidade e Sorriso falhou o desvio, enganando Diogo Costa e permitindo a Cádiz bisar ao segundo poste.
Não sabemos o que Sérgio Conceição disse no balneário durante o descanso, mas o que é certo é que a equipa voltou com outra atitude. Entrou Alan Varela, Galeno e Taremi, saiu Jorgie, Grujic e Iván Jaime, o que melhorou substancialmente a equipa.
Os dragões regressaram para um segundo tempo de domínio avassalador, sendo que em vantagem o Famalicão também percebeu que estava na hora de baixar o bloco e aguentar a carga ofensiva. A insistência foi muita, mas a falta de pontaria e a grande exibição de Luiz Júnior iam impedindo o público de fazer a festa. Perto do fim, reacendeu-se a chama da esperança quando Galeno explodiu pela esquerda e depois serviu Taremi para o regresso aos golos pelo FC Porto, mais de três meses depois (o último foi contra o Leixões, para a Taça da Liga).
O jogo voltou a animar e, até ao último minuto, os dragões fizeram de tudo para sair com os três pontos, mas as redes não voltaram a abanar e os adeptos responderam com fortes assobios após o final do encontro. Quem agradece é o SC Braga e o V. Guimarães, que passam a ver o terceiro lugar mais perto e o campeonato mais animado nas últimas curvas.
O momento: Golo na hora certa
Não há maus momentos para se marcar um golo, mas há uns melhores do que outros. O intervalo era o cenário na mente de (quase) todos mas Cádiz tinha outros planos. Marcou um golo pleno de oportunidade, num momento em que os dragões estavam a reentrar no jogo e começavam a assumir as rédeas. Foi importante para acalmar os ânimos do adversário e dar fôlego à equipa, sendo também um prémio justo por uma exibição de luta e eficácia.
O melhor: Evolução clara
Podia estar aqui Luiz Júnior pela importância das várias defesas difíceis que fez, mas houve um jogador que enquanto esteve em campo acrescentou sempre algo de positivo. Nico González chegou ao Porto tímido, mas tem vindo a desabrochar num fantástico jogador, capaz de assumir a batuta e organizar o jogo do FC Porto. Guerreiro na hora de defender, aparece em espaços ofensivos sem medo e é capaz de desequilibrar o adversário através do passe ou do drible. Faz uma dupla muito interessante com Alan Varela e promete ser um caso sério se continuar a crescer assim.
O pior: Completamente desamparado
Grujic foi surpresa no onze e é justo dizer que não justificou o voto de confiança de Sérgio Conceição. Sem ritmo, com falta de entrosamento e completamente fora da sintonia da equipa, o médio foi um corpo estranho nos primeiros 45 minutos. Nunca conseguiu fazer bom uso do físico e pareceu sempre lento e sem criatividade para organizar o jogo. Esta temporada só tem 708 minutos e seguramente não mudou a opinião do treinador. É mais jogador do que o que mostrou, mas acusou em demasia os muitos jogos que passou sentado no banco.
O que disseram os treinadores
Sérgio Conceição, do FC Porto: "Querem meter esta região norte um bocadinho fora do sucesso desportivo que a equipa tem de ter em Portugal e na Europa".
Armando Evangelista, do Famalicão: "Quando jogamos no Dragão, sabemos que vamos ter de sofrer, que eles vão ter mais bola e mais situações do que nós, portanto acabo por ficar satisfeito com o resultado"
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