Todos nos devemos recordar da expressão de Rúben Amorim no final do clássico do Dragão em que o Sporting saiu derrotado por 3-0. Na altura, o técnico leonino disse que se a equipa vencesse o Chaves ficava tudo bem... mas a verdade é que não venceram e não está tudo bem.

O Sporting recebeu na noite deste sábado o Chaves em Alvalade e saiu derrotado por 0-2. Steven Vitória (60')  e Juninho (63') apontaram os golos dos visitantes já no segundo tempo, naquela que é a primeira vitória de sempre do Desportivo de Chaves no terreno dos Leões.

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O jogo: Impaciência e quem não marca... sofre

Num encontro que se iniciou às 20h30 sob o apito do árbitro André Narciso, o Sporting entrou claramente por cima e com um índice ofensivo que não fazia prever de todo o desfecho final dos 90 minutos. Rochinha e Nuno Santos traziam dinâmicas diferentes ao ataque e, desde os remates de meia distância aos cruzamentos, o Chaves só gritava para tirar a bola da grande área. Nas bancadas só se ouviam os suspiros por cada golo falhado pelos comandados de Rúben Amorim.

Por outro lado, toda esta movimentação dos Leões carecia de um ponta de lança. Marcus Edwards, Rochinha e Francisco Trincão - por mais que tenham magia nos pés - não têm o espírito letal de um número nove que falta a este Sporting na ausência de Paulinho.

O filme do jogo é assim claro e mostra-nos duas partes totalmente diferentes. No primeiro tempo, a verdade é que a equipa da casa podia perfeitamente ter chegado à vantagem. Nuno Santos deu o primeiro aviso aos quatro minutos e o guardião Flaviense Paulo Vítor começou a mostrar serviço poucos minutos depois: Aos nove e 13 minutos brilhou a negar o golo a Edwards e Pedro Gonçalves.

O Chaves, que tinha apenas uma alteração no onze inicial (entrada de Guima para o lugar do castigado João Teixeira), mostrava algumas dificuldades em sair em transições ofensivas e preocupava-se apenas em evitar males maiores na defesa.

De salientar que este era um papel confortável para os Transmontanos. A pressão estava toda do lado dos verdes e brancos e as bancadas de Alvalade mostravam uma impaciência que se começava a apoderar dos jogadores.

João Vítor já tinha as luvas bem quentes em tempo de intervalo e a verdade é que a pausa serviu para mudar um pouco do paradigma do que se estava a ver.

No regresso, houve espaço para a entrada de novos protagonistas. Enquanto Amorim colocou Matheus Reis para o lugar de Luís Neto, Vítor Campelos trouxe Juninho (essencial no desfecho do encontro) e Obiora para o relvado.

Depois de, mais uma vez, o guardião dos visitantes brilhar entre os postes, foi a vez de Adán deixar de ser um mero espectador. Aliás, foi só apenas o início do pesadelo para o espanhol. Aos 55 minutos, um contra-ataque do Chaves quase foi letal, mas não foi preciso esperar muito para haver mesmo um grito de golo... dos visitantes.

Rúben Amorim já tinha colocado Morita em campo que assistiu ao início do descalabro. Steven Vitória saltou mais que todos num livre cobrado pelos Flavienses e atirou de cabeça para um 'chapéu' a Adán. Estava assim feito o primeiro aos 60 minutos e o silêncio tomava conta das bancadas. Do lado dos corajosos Transmontanos que se deslocaram a Lisboa, vivia-se um clima de euforia.

Se tudo já parecia mau, os espaços concedidos pelos Leões sentenciaram por completo o encontro. Aos 63 minutos, Juninho voltou a aparecer na cara de Adán e fez o 2-0 final. As bancadas de Alvalade começavam a ficar despidas.

O pouco tempo que restava servia apenas para os Flavienses gerirem tranquilamente o resultado com o único amargo de boca a ser a expulsão de Patrick já ao cair do pano.

Este é assim um Leão adormecido com um mês de agosto claramente negativo e que ilustra o mau arranque de campeonato.

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O momento: Steven Vitória voou mais alto que os outros

O defesa Flaviense viveu decerto um dos melhores momentos com a camisola do GD Chaves. Corria o minuto 60 num Estádio de Alvalade empolgante pela chegada do primeiro golo e Steven Vitória concretizou esse mesmo desejo... mas ao contrário.

O luso-canadiano bateu Adán na sequência de um livre em que cabeceou por cima do guardião leonino com a bola a entrar nas redes. Foi um golo que não só desbloqueou o jogo como ainda destabilizou mais o Sporting. O ketchup abriu-se e foi mais fácil depois aparecer o 2-0.

Os melhores: Paulo Vítor e Steven Vitória

Num jogo destes seria sempre mais fácil destacar os jogadores do 'clube grande', mas seria injusto para o Chaves. Para além de no Sporting não ter havido exibições suficientemente convincentes, existiram jogadores do outro lado merecedores da distinção.

Paulo Vítor foi um deles. O guardião Flaviense foi claramente um dos obreiros da vitória em Alvalade ao impedir vários golos certos ao Sporting durante os 90 minutos. Uma exibição que de certeza não vai ser esquecida com as luvas bem 'quentes' a serem guardadas.

Steven Vitória também tem de ser lembrado. Para além de inaugurar o marcador, foi sempre uma voz ativa no setor defensivo e um dos responsáveis pela solidez ao longo de todo o encontro.

Os piores: Patrick e Adán

Apesar de a globalidade da equipa do Sporting ter tido uma noite má, destacaria o nome da Adán. É verdade que o guardião espanhol impediu um possível golo do Chaves, mas apareceu mal posicionado no primeiro golo e ainda poderia ter sofrido o terceiro golo depois de falhar completamente o contacto com a bola.

Do lado dos visitantes, Patrick acabou mesmo por 'borrar a pintura' e não foi por ter falhado o terceiro golo. O avançado cabo-verdiano podia ter comprometido as aspirações Flavienses depois de ser expulso já ao cair do pano por uma cotovelada sobre Matheus Reis. No final de contas, o único amargo de boca da equipa neste encontro.

Reações dos protagonistas:

Amorim comenta hipótese Ronaldo, desvaloriza críticas e lamenta: "Nunca tivemos capacidade nem cabeça fria"

Vítor Campelos dedica triunfo a "Chaves e toda a região de Trás-os-Montes", Steven Vitória realça vitória histórica