Em semana de Carnaval, o Sporting fez a festa ao vencer o Estoril por 3-1. Uma festa que começou cedo, mas que rapidamente se transformou num desfile de desperdício, tantas foram as oportunidades desperdiçadas pelos leões.

Pela frente a equipa de Alvalade encontrou um Estoril desinibido e a atravessar um dos melhores momentos da época, disposto a estragar as festividades verdes e brancas. Contudo, e apesar da boa postura e ideia de jogo, os canarinhos não chegaram ao intervalo totalmente arredados da discussão do resultado por mera ineficácia do adversário.

Na segunda parte o jogo baixou de ritmo e tudo parecia indicar um corso tranquilo rumo a mais três pontos; mas novamente surgiu aquela inclinação para o perigo e a vertigem para qual o Sporting parece tanto pender e que tantos amargos de boca lhe tem dado nos últimos tempos.

O golo de Gonçalo Costa como que acordou o fantasma de Vila das Aves...só que desta vez Gyokeres não estava para mais um desses 'Carnavais'. O sueco arrancou e ganhou, e converteu uma grande penalidade que fez Alvalade respirar de alívio, e Rui Borges assegurar, pela primeira vez, duas vitórias seguidas desde que chegou ao Sporting.

O jogo: O Gyokeres de outros carnavais

Para este jogo, e a juntar ao vasto rol de indisponíveis, Rui Borges não pode contar com o castigado Maxi Araújo, levando assim Matheus Reis para a esquerda; Ricardo Esgaio (boa exibição) compôs o trio de centrais, enquanto que Eduardo Felicíssimo estreava-se como titular pela equipa principal ao lado de Debast no meio-campo.

Do lado estorilista, e vindo de um ciclo muito positivo, Ian Cathro fez apenas uma mexida no onze, com Vinícius Zanocelo a ser substituído por Xeka no meio-campo.

Os primeiros minutos mostraram um Estoril muito confiante e personalizado, pressionando o Sporting junto á área verde e branca, não permitindo aos leões construírem desde o trio de centrais.

Contudo, os campeões nacionais souberam ser eficazes e inauguraram o marcador na primeira vez que chegaram à baliza de Robles; apenas cinco minutos e um passe tele-comandado de Zeno Debast encontrou Gonçalo Inácio na área e o capitão de equipa cabeceou para o primeiro do jogo.

O golo tranquilizou a equipa leonina, que passou a conseguir ter mais bola, apesar da pressão intensa dos estorilistas. A equipa da linha tinha mais bola, mas fora sempre inofensiva na hora de atacar; para além do mais, cá atrás os erros eram mais que muitos, e o Sporting foi colecionando oportunidades.

Primeiro foi Trincão, aos 18 minutos, a terminar uma boa transição ofensiva com um remate de primeira que saiu perto do poste; quatro minutos depois Robles negou o golo a Gyokeres, e no minuto seguinte novamente Trincão, na cara do guarda-redes canarinho, a atirar por cima.

O segundo do Sporting parecia uma questão de tempo e acabou mesmo por surgir; cinco minutos de pois de ter falhado nova oportunidade, Gyokeres fez o que tanto gosta: ganhou o duelo individual e partiu rumo à baliza onde, após tirar dois do caminho, finalizou como só ele sabe. Com este golo, o sueco fez o pleno, tendo já marcado a todas as equipas da Primeira Liga.

Ao intervalo o 2-0 era lisonjeiro para o Estoril-Praia.

Na segunda parte, o ritmo baixou de sobremaneira. Os leões pareciam ter o jogo controlado, isto perante a incapacidade do adversário em criar lances de perigo.

Grande parte da etapa complementar baseou-se no ataque continuado do Estoril, sempre neutralizado pela organização defensiva leonina, e nas transições ofensivas dos homens de Rui Borges, também elas infrutíferas.

Contudo, jogo do Sporting sem alguma dose de ansiedade desnecessária não é jogo do Sporting e os leões trataram de acelerar as pulsações dos mais de 35 mil que estiveram nas bancadas de Alvalade quando, aos 84 minutos, o recém entrado Gonçalo Costa entrou pela esquerda e rematou à queima-roupa para o 2-1...que comece o sofrimento.

Com o episódio de Vila das Aves ainda bem fresco na memória coletiva dos verdes e brancos, era hora de cerrar fileiras e segurar o resultado. Todavia, o desfecho acabou por não ser o mesmo, muito devido ao suspeito do costume.

Já em compensação, Gyokeres arrancou isolado para a baliza e, após alguma atrapalhação, permitiu a intervenção de João Carvalho. No entanto, o árbitro Hélder Carvalho foi rever as imagens e descobriu que o jogador estorilista jogara a bola com a mão; grande penalidade assinalada e cartão vermelho para o capitão canarinho.

Dos onze metros, Gyokeres não se fez rogado e pôs ponto final da partida com o seu 80º golo pelo Sporting, em 89 jogos...palavras para quê?

O momento: Um respirar fundo coletivo

Contra todas as expetativas, o Estoril relançara o clima de incerteza em relação ao desfecho do jogo com o golo de Gonçalo Costa. Mas antes que os adeptos leoninos revivessem traumas de um passado bem recente, Gyokeres tratou de apaziguar os ânimos.

Já nos descontos, o sueco arrancou rumo à baliza, mas acabou por não marcar devido a intervenção de João Carvalho. Após consulta das imagens, o árbitro Hélder Carvalho assinalou uma grande penalidade que o sueco transformou no 3-1 final, permitindo aos campeões nacionais respirarem fundo e de alívio.

O melhor: O rei da folia

Comparando os jogos do Sporting com e sem Gyokeres, é possível verificar a importância nuclear do sueco no jogo dos leões, e que vai muito para além dos (muitos) golos marcados. O '9' dos leões joga e faz jogar, com a sua capacidade física, essencial, não só nos momentos de transição, como também quando se trata de segurar a bola e esperar por apoio.

Neste jogo Gyokeres marcou dois, mas podia ter feito mais um ou dois. Seja como for, a energia e capacidade que tem para esticar o jogo são fulcrais para um leão fustigado de ausências e que procura 'sobreviver' à tempestade de lesões. É seguro concluir que, com o sueco em campo, o Sporting está sempre muito mais perto de vencer.

O pior: Erros centrais

Durante a primeira parte, apenas o desacerto na hora de finalizar por parte do Sporting impediu que o Estoril fosse para o intervalo com uma desvantagem maior, tal foi o número de oportunidades desperdiçadas pelos campeões nacionais.

Muitas (para não dizer todas) dessas oportunidades surgiram através de erros gritantes do eixo defensivo dos canarinhos, especialmente na hora de sair a jogar. Pedro Álvaro foi um dos destaques neste capítulo, mostrando sempre muitas dificuldades para travar Gyokeres.

Aos 36 minutos, o central português cometeu o erro crasso de tentar jogar em antecipação com o sueco, e o Estoril acabou por sofrer o segundo golo.

O que disseram os treinadores:

Rui Borges, treinador do Sporting

Ian Cathro, treinador do Estoril

O resumo