O antigo administrador da SAD do FC Porto, Angelino Ferreira, voltou a criticar a forma como decorreu o ato eleitoral na reeleição de Pinto da Costa e respondeu às acusações do presidente portista sobre a sua ligação à Gaianima.

"Como disse à altura, deveriam ser os sócios a caucionar a direção do clube para esta indicar depois a administração da SAD. De outra forma, o valor estratégico das eleições do clube esvazia-se. Para mim, isto é sobretudo uma questão de princípio. As razões que foram dadas pelo senhor presidente sobre as datas das eleições não são justificativas. Poderão ser aceites por muitos associados do FC Porto, mas, para mim, não colhem e tenho razões que me assistem para assim pensar", afirmou Angelino Ferreira sobre a convocação das eleições dos órgãos sociais do FC Porto para depois das eleições da SAD.

"Como o voto não foi secreto, e muitos já o disseram e criticaram, na prática foi uma votação aberta. E eu, como não me revejo nesse tipo de processos, admito que o presidente Pinto da Costa tenha tomado conhecimento de que eu participei no ato eleitoral, mas não votei. Recolhi os boletins e vim para casa", acrescentou Angelino Ferreira ao jornal Record.

Na passada segunda-feira, Jorge Nuno Pinto da Costa fez algumas críticas ao ex-administrador do FC Porto, chegando a dizer que o mesmo "deve estar perturbado pela Gaianima", numa referência ao processo de saída de Angelino Ferreira da já extinta empresa.

"O senhor presidente fica incomodado, e com razão, quando alguma comunicação social mistura os seus assuntos pessoais com os do FC Porto. Mas teve o desplante de ele próprio introduzir o tema na sua entrevista. Lamento que o tenha feito, mas passando ao lado das inverdades que disse, tenho a esclarecê-lo que nada tenho para resolver com a Gaianima. Estou tão preocupado com o tema como com o FC Porto, ou seja, com total tranquilidade e transparência, tenho toda a disponibilidade para explicar os meus atos de gestão quer na Gaianima quer no FC Porto", respondeu Angelino Ferreira.
Já sobre as declarações de Pinto da Costa sobre os alegados '40 milhões de euros pagos em impostos' pelo clube, o ex-administrador lembrou que "nem todos os impostos são suportados pelo FC Porto".

"Não questiono o valor, mas é certo que, dentro do volume de encargos de natureza fiscal, o grupo FC Porto suporta encargos ‘parafiscais’, como a segurança social, e impostos indiretos, como o imposto de selo e o IMI. Para além disso, há o IVA, que é suportado, mas é deduzido, e o próprio IRS, que é da responsabilidade dos colaboradores e não diretamente do grupo. Isto para dizer que não há grande rigor nos 40 milhões de euros, pois parte deles são encargos que saem da responsabilidade do FC Porto", atirou.