O presidente do Sporting de Braga, António Salvador, concedeu este domingo uma entrevista ao jornal Record onde volta a criticar o Conselho de Arbitragem (CA) da FPF, reiterando que há "criminosos infiltrados no futebol".

"Não digo que a minha revolta me vá dar mais força para trabalhar. O que é preciso hoje perceber-se é que os tempos evoluíram. E em função daquilo que, hoje, tanto o futebol português como o europeu fazem mexer, nós percebemos que o sistema nacional não está preparado para que um clube que vai à Liga dos Campeões, ganhando lá 50 milhões de euros só por marcar presença, deixe de lá estar e permita que esse bolo fique para outra equipa qualquer ou para o SC Braga", começou por dizer.

"Repare, o nosso clube não conseguiu entrar na Liga Europa mas conseguiu sobreviver. Talvez FC Porto ou Benfica sintam muito maiores dificuldades se falharem a Champions. Esse é que é o problema do futebol português. Entendemos que há boas pessoas, competentes, pessoas que lideram e que temos a certeza de que são honestas, mas há muito mais por trás de tudo isto que é preciso resolver. O que aconteceu este ano não pode acontecer no futuro", acrescentou.

O presidente do Sporting de Braga falou da arbitragem do campeonato português este ano e disse que o "FC Porto foi beneficiado na 1.ª volta, o Benfica na 2.ª e o Sporting todo o ano".

"O campeonato resume-se a isto: houve uma 1ª volta em que o FC Porto foi claramente beneficiado. Houve uma 2ª volta em que o Benfica foi claramente beneficiado, especialmente nos jogos e momentos decisivos. Não há como esconder. Isto é claro. Viu-se em campo, nas televisões, foi apontado pelos comentadores. Depois há uma 3ª equipa que, pelas razões que todos conheceram e infelizmente aconteceram no início da época, parece que foi o clube do coitadinho e então foi beneficiado todo o ano, está claro. E depois houve um outro, um 4º clube, que assumiu publicamente que à 7ª jornada foi beneficiado num possível penálti, e que teria ganho um possível ponto. O seu presidente assumiu-o num Conselho de Presidentes, em Coimbra. Aquilo que lhe aconteceu, como castigo por esse lance, foi que nos lances decisivos nos jogos com o Sporting e FC Porto nas taças, e no campeonato com o Benfica e o FC Porto, foi aquilo que todo o país viu. Isto é que é a falência do sistema. Isto nem tem nada a ver com as pessoas envolvidas, dado que quem falhou vai continuar a falhar enquanto não for criada uma defesa para a arbitragem e as pessoas que a lideram", acusou.

O dirigente bracarense voltou a repetir as críticas que já tinha feito após o jogo após o jogo com o FC Porto, citando a eurodeputada Ana Gomes, que falou em "criminosos infiltrados no futebol" quando comentou a detenção de Rui Pinto.

"Eu citei o que ela disse. Toda a gente se indignou, o que se veio a verificar é que disse uma verdade", começou por dizer António Salvador.

"Houve denúncias de nomeações do Conselho de Arbitragem e o próprio Conselho de Arbitragem veio logo alterar aquilo que vinha a ser feito. Isso não é uma infiltração? É, tenho que denunciar. Se não há infitrados, porque é que o CA veio a mudar as nomeações e a divulgação com a antecedência que estava a fazer? Porque alguém denunciou publicamente as nomeações dos árbitros", acrescentou.

O dirigente dos bracarense falou ainda da mudança que o CA fez no sistema das nomeações com a época em curso, e considerou que essa situação veio dar-lhe razão na acusação que tinha feito.

"O que eu disse foi uma citação de uma eurodeputada e, dias depois, [o tempo] veio dar-me razão, as minhas declarações tinham razão, de facto há pessoas infiltradas no futebol", reforçou.

António Salvador sublinhou ainda que recusou "vender o Dyego [Sousa] a um concorrente na luta pelo título", referindo-se ao Benfica.