O ex-presidente do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ), Augusto Baganha, criticou hoje a estratégia do governo, que resultou na perda da acreditação do Laboratório de Análises de Dopagem (LAD), decidida pela Agência Mundial Antidopagem (AMA).

“Eu e a minha colega Lídia Praça manifestamo-nos contra a estratégia de manutenção da coordenadora científica do laboratório (Susana Luz), pois não achávamos que era a melhor solução”, justificou Baganha à Lusa, assumindo que não ficou “muito espantado” com a decisão da AMA.

Na quinta-feira, a AMA anunciou a revogação da acreditação do laboratório de Lisboa devido à sua não conformidade com os procedimentos internacionais: o laboratório, que já tinha sido suspenso provisoriamente em 2016, não poderá proceder à análise das amostras por parte de federações ou organizações desportivas que tenham assinado o código mundial antidopagem.

Augusto Baganha disse que a continuidade da responsável foi “opção política” da secretaria de Estado da Juventude e Desporto, tutelada por João Paulo Rebelo, e que o IPDJ, que na altura presidia, se limitou a “seguir a orientação que foi traçada politicamente”.

“Era um processo que decorria desde 2016 e estava a ser conduzido pelo gabinete do secretário de Estado e pelo atual presidente do IPDJ, Vítor Pataco, na altura ‘vice’ deste organismo, que tinha esse pelouro. As coisas decorriam num âmbito muito restrito (...), quase sigiloso”, criticou.

Augusto Baganha lamentou a informação escassa que lhe chegava, a estratégia e o “acréscimo de despesa” que terá penalizado o orçamento do IPDJ em cerca de um milhão de euros anuais, mas considerou que esta decisão “não vai condicionar o ataque ao doping em Portugal”.

“É evidente que o combate à dopagem vai continuar através da ADoP, mas perdemos uma unidade. Não há muitos laboratórios a funcionar no mundo. A própria AMA estava em processo de certa seleção. Não era fácil manter”, admitiu, assumindo que as amostras irão agora ser enviadas “preferencialmente para Espanha”.

Augusto Baganha disse que agora compete a João Paulo Rebelo e ao poder político “definir a estratégia” futura, recordando que a nomeação da presidência da ADoP e da coordenação científica do LAD está a cargo do secretário de Estado, “que é quem pode responder melhor quanto a essa matéria”.