"A solução para a Câmara de Leiria não perder dinheiro com o estádio é a extinção da Leirisport. Caso não seja possível, nenhum administrador da empresa municipal pode ter vencimento", adiantou João Bartolomeu à Agência Lusa, depois de o presidente da câmara ter admitido vender o recinto.

O dirigente do principal utilizador do estádio disse que já conversou com Raul Castro, presidente da Câmara de Leiria, sobre algumas soluções para diminuir o prejuízo que a autarquia tem com a gestão do estádio, sugestões que prefere não revelar.

João Bartolomeu anunciou ainda que vai agendar uma reunião com o autarca no início de Janeiro para abordar estes assuntos.

O presidente da SAD discorda da venda do estádio, pois considera que "não haverá nenhum investidor a comprar a infra-estrutura" e reforçou que "se os administradores da Leirisport deixarem de receber ordenado vai deixar de ser uma dor de cabeça para a câmara".

O atletismo é outra das modalidades que utiliza o estádio municipal, que já recebeu duas vezes a Taça da Europa. Aníbal Carvalho, presidente da Associação Distrital de Atletismo de Leiria (ADAL), afasta qualquer possibilidade de a infra-estrutura deixar de existir.

"O estádio é dos leirienses. Não podemos andar para trás. Já se realizaram várias competições nacionais e internacionais. Nem coloco essa questão", salientou em declarações à Agência Lusa, acrescentando que já pediu uma reunião com Raul Castro para falar sobre a modalidade.

Aníbal Carvalho admitiu a sua preocupação em relação ao que tem sido falado sobre o futuro do estádio. "Temos agendados vários campeonatos. A Federação Portuguesa de Atletismo quer que organizemos alguns campeonatos nacionais e temos de acertar as datas".

O presidente da ADAL admitiu que o atletismo "não gera receitas" e "os clubes nem têm património ou patrocinadores que suportem os custos da modalidade". Por isso, diz que a autarquia tem um "papel fundamental no apoio aos clubes".

"Não vejo outra utilização para o atletismo que não a gratuita, como tem sido feito desde 2004, data da reconstrução do estádio", sublinhou o dirigente, lembrando também que as despesas que a Leirisport tem com o atletismo "são inferiores ao futebol", pois "as necessidades também são bem diferentes".

O presidente da Câmara de Leiria admitiu segunda-feira à noite vender o estádio municipal, que considera ser o grande responsável pela situação financeira da autarquia, apontando esta como a solução ideal para o município e para o concelho.

Na sessão da Assembleia Municipal de Leiria e após ser interpelado por um membro do PSD que solicitou explicações sobre esta matéria, Raul Castro, independente eleito pelo PS, explicou que existem três hipóteses para o estádio.

Manter a presente situação, sob a alçada da empresa municipal Leirisport, a venda a um investidor privado e passar a sua gestão para a União Desportiva de Leiria são, neste momento, as possibilidades em estudo.